TVGGN: As cabeças da Fundação Lemann por trás da inutilidade do MEC

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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O jornalista Luís Nassif entrevista o professor Daniel Cara, da USP, sobre a influência da Fundação Lemann no MEC. Confira

Imagem: Reprodução

O coordenador honorário da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e professor da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Cara, comentou a influência da Fundação Lemann no Ministério da Educação (MEC) de Camilo Santana, na TVGGN 20h, exibida na noite desta terça-feira (19), no Youtube

Em entrevista ao jornalista Luís Nassif, Daniel Cara lamentou a inoperância do MEC na defesa da educação, a partir do corporativismo que tomou a pasta, com cabeças ligadas à entidade do empresário suíço-brasileiro Jorge Paulo Lemann, a Fundação Lemann.

Segundo o especialista, o lobby para implementar o neoliberalismo da Educação a todo custo, com manobras envolvendo o Congresso, por exemplo com a reforma do Novo Ensino Médio, se revela por meio da relação da pasta com os setores civis.

Considerando os governos efetivamente democráticos, o governo Lula 3 – sem dúvida nenhuma – tem o pior Ministério da Educação da história em relação ao diálogo com a sociedade civil”, declarou Daniel Cara. 

Hoje, o Ministério da Educação é considerado um ministério inoperante e quando opera alguma coisa é na perspectiva das fundações empresariais, que obedecem a um economista e aquilo que foi formulado nos anos 90 por Eric Hanushek, que são as reformas econômicas da educação nos Estados Unidos, um programa de ajuste neoliberal na educação, que foi exportado para vários país e – sequer – as fundações empresariais brasileiras tem noção, porque além de tudo são medidas provincianas e que os EUA já superaram”, explicou. 

“Para dizer bem a verdade, em 2008 o tema da educação era mais avançado do que em 2023”, lamentou o professor. “Hoje, a política de alfabetização [do MEC] é antiquada, a política de educação inclusiva sequer existe, afinal há somente uma política de Educação Especial”, ou seja, “é um pensamento antiquado em relação àquilo que o Brasil já havia avançado”.

As figurinhas de Lemann

Para entender o lobby da Fundação Lemann no MEC e no Congresso, principalmente por meio da reforma do Novo Ensino Médio, é preciso conhecer algumas figuras centrais, em especial a secretária Executiva da pasta, Maria Izolda Cela de Arruda Coelho, e seu esposo, Veveu Arruda. 

Izolda Cela foi governadora do Ceará, enquanto Veveu Arruda foi prefeito do município cearense de Sobral. A relação de ambos com a fundação é estreita. 

Arruda presta serviços ao Centro Lemann. Em dezembro do ano passado, em um encontro anual de líderes da instituição, que aconteceu no interior de São Paulo, Izolda Cela chegou a ser ovacionada pela plateia aos gritos de “ministra”, já que a expectativa era que ela fosse a chefe do MEC. 

Ela e o esposo, inclusive, lideram uma organização vinculada à Fundação Lemann na cidade de Sobral, ele também tem a liderança do Centro Lemann do Brasil, que também fica na cidade de Sobral. É interessante observar isso, porque o Centro Lemann dominou as Universidades da Ivy League nos Estados Unidos, que são as Universidades mais tradicionais da costa leste dos EUA. Também há Centros Lemann no Reino Unido, em Oxford”, explicou Daniel Cara. 

Foi com essas figuras centrais na pasta que a ONG MegaEdu, financiada por Lemann e com um quadro de funcionários formado por ex-colaboradores da fundação, fechou um acordo com o MEC, que pode render quase R$9 milhões ao empresário suíço-brasileiro. 

O acordo, publicado na edição de 14 de agosto do Diário Oficial da União (DOU), prevê que MegaEdu opine sobre a conexão de escolas públicas à internet. A ONG também passou a integrar um conselho do Ministério das Comunicações que define como será gasto parte dos R$ 6,6 bilhões que devem ser destinados à conectividade de estudantes.

Assista a entrevista com Daniel Cara, a partir dos 5 minutos e 48 segundos:

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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