Ignorar Lula deslegitima eleição, aponta pesquisa, por Luis Felipe Miguel

Ignorar Lula deslegitima eleição, aponta pesquisa

por Luis Felipe Miguel

Pesquisa eleitoral a tanta distância da votação tem pouco poder preditivo, ainda mais em cenário tão conturbado quanto o brasileiro. Mas é possível extrair algumas conclusões dos números:

– Os 17-18% pontuados por Bolsonaro parecem próximos do teto do candidato fascistizante. É um índice alto e se mostra estável, mas ele é bem conhecido e se encontra diante de um dilema insolúvel. Para atrair o eleitorado mais desinteressado da política, teria que tornar seu discurso menos agressivo, só que ai frustaria a base militante que é seu diferencial.

– Boulos deve estar mesmo patinando em torno do meio ponto percentual que a pesquisa aponta. Porém, bem articulado e com um discurso que se destaca da geleia geral de seus competidores, tem boa chance de crescer com a campanha na TV e os debates.

– Lembrando que Ciro Gomes está no melhor momento de sua campanha, que ele é a bola da vez para a esquerda e para a direita, seus índices são decepcionantes.

– A situação é dramática para Alckmin. Nem a memória de quem já foi candidato presidencial, nem a visibilidade de governador quase eterno do estado mais poderoso da federação conseguem retirá-lo do pelotão dos nanicos. Ao que parece, o judiciário e a mídia podem ter sido bem benevolentes com a corrupção tucana, mas o eleitorado, não.

– O grande nome da eleição de 2018 está submetido a confinamento solitário em Curitiba. A liderança folgada do ex-presidente Lula mostra, uma vez mais, que será muito difícil dotar de legitimidade um governo eleito sem que ele esteja entre as opções apresentadas aos votantes. Qualquer análise que ignore este fato, tomando a interdição à candidatura de Lula como um simples “dado” do qual se parte, é inútil para entender o cenário eleitoral.

 

Luis Felipe Miguel

11 Comentários

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  1. Tábua rasa

    Mais um fazendo (conscientemente) tábua rasa da história do país: tal qual a candidatura de Dilma em 2014, a de Lula hoje é (ainda mais) inviável e faz o jogo da direita e dos extremistas. Somente uma revolução do tipo “francesa” levaria Lula novamente ao poder (e isso dificilmente irá acontecer).

  2.  “Boulos … tem boa chance

     “Boulos … tem boa chance de crescer com a campanha na TV e os debates.”

    Nos debates, sim. Já na campanha televisiva, o tempo mínimo do PSOL, deve prejudicá-lo.

    A não ser que Lula o indicasse e, se possível, houvesse uma coligação com o PT. Aí, o bicho poderia pegar.

    Em outubro, ao que tudo indica e os índices mostram, a crise social/econômica/política estará no auge. Pode ser uma posição onírica, mas creio na possibilidade de um 2º turno todo de esquerda.

    Uma candidatura de centro- esquerda, provavelmente Ciro, com uns votinhos a mais vindo dos bolsonaristas que não o conhecem com profundidade. Fiz um comentário no post do Rui Daher em que exponho: quando os podres-palvras e ações- de Bolsonaro cairem na boca do povo, ele derrete.

    Quem sabe a evolução dos acontecimentos nos brindem com essa possilidade. Seria um sonho para a esquerda e a tempestade perfeita para a direita.

     

  3. Ignorar Lula é ignorar a

    Ignorar Lula é ignorar a vontade do povo.

    O golpe se encontra numa encruzilhada. Como fazer uma democracia de fachada que pacifique o país, ao menos para se ter um mínimo de estabilidade para a economia sair do fundo do poço?

     

    1. Lula não é a solução.

      Te garanto que Lula não é a solução dos problemas.

      O PT se apequenou diante de Lula, ao ponto de não ser capaz de indicar um sucessor, pois o ex-presidente monopolizou o partido a sua imagem e semelhança. Não são capazes hoje de seguir adiante sem a sombra dele, muito menos vejo um horizonte ao seu alcance, se seguir nesta toada.

      Há outras opções para o país, mas todos querem se iludir com o “salvador da pátria”, na figura de Lula.

       

        1. Tem gente que gosta de viver de passado e ilusão

          Postar fotos do passado não fará do Lula livre, muito menos garante um futuro melhor.

          Melhor postar foto do ex-presidente perto do povo, do que ver fotos dele com a rainha, já que é para dar  mais legitimidade ao “mito”.

  4. É preciso que tenhamos

    É preciso que tenhamos clareza que não estamos em uma democracia.Faz tempo já.

    Essa gente que participou do golpe não conhece e não está preocupada com legitimidade.

    Essa gente,manipulada pela mão invisível do golpe,sabe somente o que não quer e eles não querem nada que lembre a democracia.Simples assim.

  5. O meu medo em manter até o

    O meu medo em manter até o fim a candidatura do Lula é a de que arranjem um jeito de impugnar toda a chapa, deixando o PT completamente de fora da eleição.

    Eu não pesquisei, mas imagino que a legislação diga que, se o cabeça de chapa for impedido pela lei da ficha limpa, permanece o vice. O problema é que os golpistas não são exatamente grandes seguidores da legislação vigente. Para quem já derrubou uma presidente e prendeu o lider das pesquisas, arranjar uma desculpa para impugnar toda a chapa e dar posse ao segundo colocado, é café pequeno.

  6. Lula, uma ilusão

    Eleição sem lula não tem legitimidade? Desde quando?
    Existe algum artigo na constituição que determina a obrigatoriedade de Lula em concorrer a qualquer cargo majoritário?
    Este é o maior erro do PT.
    Um partido refém de um ex-presidente, que se tornou maior que o grupo partidário que representa, alguém com características quase messiânicas, porque temos um povo que se ilude com o passado e despreza o futuro, além de ser incapaz de pensar em alternativas ao poder.
    O PT se isola e apequena, ao apoiar Lula como candidato, desrespeitando a todos na sigla.
    Triste esquerda, que depende do PT para ser um horizonte a ser guiado.

    1. Qualquer candidato no Brasil é mais do mesmo.

      Não importa quem seja candidato a presidente.

      Nenhum deles será capaz de melhorar o Brasil, pois TODOS representam o atraso político e o velho jogo de culpar os outros pelo próprio fracasso.

      Nem Lula, que é outro símbolo do passado, será capaz de mudar o país neste momento.

      Mas se quer viver da ilusão, vislumbre-a sem pudor.

       

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