TRE-AP pode ter modificado resultados ao Governo e Senado do Amapá

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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João Capiberibe (PSB) e Waldez (PDT) vão ao 2º turno para o governo do Amapá. Mas senadora da coligação ficou de fora, após decisão do TRE – Foto: Reproduções do Facebook
 
 
Jornal GGN – Uma mudança de decisões do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) no dia das eleições pode ter interferido no resultado das urnas para governador e senadores no estado. 
 
É que o candidato ao governo pelo PSB, João Capiberibe, e a então candidata ao Senado, Janete Capiberibe (PSB), sofreram uma decisão do TRE-AP um dia antes das eleições deste domingo, ou seja, no sábado (06), que barrava as candidaturas de ambos e também dos candidatos a senador Jorge Amanajás (PPS) e Ricardo Santos (PSL).
 
Foi uma decisão administrativa tomada pelo Tribunal que considerou que todos os votos que seriam destinados a estes candidatos seriam contabilizados como nulos, porque uma irregularidade na prestação de contas do PT, que forma a coligação com o PSB no estado, impedia a participação nas eleições. 
 
A primeira decisão tomada pelo TRE-AP foi no sentido de solicitar a ruptura da chapa entre o PSB, com a candidatura de João Capiberibe, e o PT, que apresentava o candidato a vice do governo Marcos Roberto. Mas os partidos entraram com um recurso, que o julgamento só foi concluído neste sábado, véspera da eleição.
 
Na decisão do colegiado, o TRE considerou que o registro da coligação estaria, então, “indeferido com recurso”, ou seja, momentaneamente os votos destinados no dia seguintes aos candidatos ao Governo e ao Senado pelos dois partidos seriam computados como nulos, até que todos os recursos fossem julgados.
 
Mas para a coligação, tal decisão na véspera da população ir às urnas pode ter gerado instabilidade no voto dos eleitores, com possível mudança em suas escolhas, uma vez que as candidaturas do PSB e do PT estavam impedidas momentaneamente.
 
“Se estará diante de gravíssima burla ao voto popular, haja vista que serão apontados como vencedores do pleito candidatos que obtiveram quantidade expressivamente menor de votos do que os candidatos da Coligação ora Requerente, cujo Partido cumpriu com todas as exigências da legislação eleitoral, situação com a qual não pode compactuar este Tribunal Superior Eleitoral”, contestou a defesa das chapas, no recurso enviado ao TSE.
 
Com a decisão, de última hora, a coligação decidiu mudar as chapas e substituir os candidatos do PT por candidatos do PSB, o que um dia antes das eleições tampouco havia sido avaliado e autorizado pela Justiça Eleitoral. O que só fez aumentar a insegurança frente aos votos da população.
 
“Nessa campanha, o TRE/AP e o Ministério Público Eleitoral do Amapá expediram nota e concederam exaustivas entrevistas na véspera e no dia da eleição informando que seriam nulos todos os votos aos candidatos majoritários do PSB”, informou a coligação, em nota.
 
“O que se seguiu à decisão administrativa do TRE/AP foi uma intensa campanha nos meios de comunicação ligados ao governo e ao candidato do DEM/REDE, dizendo que o eleitor anularia os votos se votasse em João Capiberibe ao governo e Janete Capiberibe ao Senado. Essa campanha tirou milhares de votos dos dois”, completou.
 
Diante da instabilidade dos resultados e como 30,10% da população votou no candidato ao governo do PSB, o então senador João Capiberibe, o ministro Og Fernandes decidiu na noite deste domingo (07), quando as urnas e as sessões eleitorais já haviam sido fechadas, considerar estes votos e não os contabilizar como nulos.
 
O argumento usado foi o de que os recursos da coligação pelo deferimento das candidaturas ainda estavam tramitando. Entretando, alguns dos eleitores, mesmo sob a desconfiança de que seus votos seriam ou não considerados, insistiram em seu voto por Cabiperibe, levando-o agora ao segundo turno contra o atual governador Waldez Góes (PDT), em resultados similares de 33,55% dos votos válidos.
 
Por outro lado, o questionamento da coligação é de que Cabiberibe pudesse receber ainda mais votos se a mudança de decisões de última hora do TRE não ocorresse. E, nessa mesma linha, a senadora Janete Cabiberibe (PSB) ficou fora do Senado, com 17,94% dos votos válidos.
 
Em contrapartida, o senador Lucas Barreto (PTB), que até dois dias antes das eleições ocupava o terceiro posto de votação pela pesquisa Ibope, conseguiu ultrapassar os votos de Janete, que antes estava em segundo lugar. Por menos de um ponto percentual a mais, Barreto conseguiu ser eleito ao Senado, e Janete Capiberibe ficou de fora.
 
Junto a isso, a Coligação que saiu prejudicada com as decisões do TRE na véspera das eleições sustenta ainda que os votos de Ricardo Santos, outro candidato ao Senado, foram transferidos a Lucas, uma vez que ambos defendiam a bandeira de apoio a Bolsonaro.
 
“Os sinais levam a crer que o Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE/AP) interferiu na decisão do eleitor na hora de votar para o Governo e para o Senado Federal”, concluiu a coligação, em nota.
 
 
Abaixo, o recurso da coligação e o último despacho do ministro, desfazendo a decisão anterior do TRE-AP:
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. A roubalheira bolsonazi é

    A roubalheira bolsonazi é generalizada: anotem, o “novo” modo de “fazer negócios-políticos”.

    Nem mais, nem menos.

    Pobre povo desde sempre ovelhadinhos pelos bulldogs merdiáticos-injurídicos-negociais.

  2. Criminosos ?

    Esse tribunal cassou Capiberibe quando eleito governador em eleição passada por supostamente ter comprado UM VOTO por R$ 20,00.

    Sarney, que todos sabem ser do Maranhão, foi por dois mandatos senador pelo Amapá.

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