Percival Maricato
Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais
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Do pênalti que Neymar não bateu aos grandes jogadores da Copa, por Percival Maricato

Os grandes craques do campeonato europeu procuraram cumprir o que deles se esperava, mas apenas o francês Mbappé e o argentino Messi estiveram à altura

Hannah Mckay – Reuters

COLUNA ESPORTE BRETÃO

por Percival Maricato

POR QUE NEYMAR NÃO BATEU O PRIMEIRO PÊNALTI

Neymar recusou-se a bater o primeiro pênalti na decisão contra a brava Croácia, ao contrário dos craques dos demais times,  que no mesmo dia o fizeram como é comum nessas ocasiões. Os melhores e mais experientes da Croácia, Argentina, Holanda assumiram a responsabilidade e tentaram ajudar seus times.  Neymar preferiu não correr risco e então sair como herói.  Deixou jovens mais inexperientes tentarem e fracassarem. Se ele chutasse e marcasse, significaria pouco, se errasse sua imagem como herói sofreria desgaste.

Neymar poderia chutar o quarto pênalti, também decisivo, mas se omitiu.

E agora todo mundo acusa Tite de ter ordenado estupidamente que um jogador inexperiente, Rodrygo, fosse para o sacrifício.

Mas o que se viu nos últimos dez anos nos jogos da seleção é que Neymar, o principezinho, bate todos pênaltis e faltas que quiser. Basta ele chegar e todos se afastam, fato público, notório. Então, teria mesmo Tite determinado a ordem de batedores?  E por que Neymar desta vez não se impôs? Por que pelo menos no quarto pênalti, aquele que não poderia ser perdido, nem ele e nem Tite alteraram o possível desastre?

Quem sabe logo saberemos o que houve entre ambos na reunião que antecedeu o evento, se foi mesmo ordem de Tite que Neymar batesse por último, contrariando a lógica e a rotina. Qual a culpa de cada qual num erro tão elementar? Ou covardia? Tite aceitará a culpa sozinho, como está acontecendo, vez que Neymar se cala?

GERAÇÃO ATUAL DE CRAQUES E FRACASSO NA COPA

Se for contar pelo destaque dos jogadores brasileiros nos campeonatos de times europeus, nunca tivemos tantos craques de bola para compor uma seleção. No entanto, falta algo para que se consiga formar uma equipe nacional a altura desse destaque obtido, como ficou demonstrado mais uma vez pela desclassificação da seleção brasileira na Copa no Qatar.  Qual o problema?

Um deles me parece a monetização da vida desses jogadores, eles passaram a valer montanhas de dinheiro, a seleção é importante, mas não como dantes.  Quem ganha milhões mensais tem outras preocupações relevantes, como se preocupar em como gastar, comprar iates e aviões, namorar modelos etc.  O envolvimento emocional parece mudar, a dedicação, o amor à camisa, não é o mesmo de vinte anos atrás, jogando na Europa e cercado de mordomias inimagináveis alguns anos antes, os jogadores, apesar do marketing, não se sentem tão ligados ao país de origem.

O fato é que se viu os craques da pequenina Croácia, que tem população mais de vinte vezes menor que o Brasil, infinitamente menor de jovens praticantes de futebol, jogar em igualdade de condições, demonstrar mais entrosamento, mais esforços e principalmente, mais maturidade emocional.

NEYMAR, CRISTIANO, MBAPPÉ E MESSI: AS DIFERENÇAS

Os grandes craques do campeonato europeu procuraram cumprir o que deles se esperava, mas apenas o francês Mbappé e o argentino Messi estiveram à altura das expectativas dos torcedores. Mbappé é o astro em ascensão: velocista, ousado, driblador,  com chutes fortes e precisos, mas Lionel Messi, maduro, humilde e discreto,  ainda se equipara ao novato do Paris Saint Germain, pois além de mestre e regente da orquestra é muito mais equilibrado emocionalmente, é líder, admirado pelo caráter e personalidade e não só pelo futebol.

De outro lado, Neymar e Cristiano Ronaldo demonstraram evidente decadência. Não poucas vezes eram surpreendidos andando pelo campo em vez de pressionar os adversários. Neymar fez gol de craque, e isso ele é inegavelmente, mas foi só. Perdeu duas oportunidades frente ao goleiro croata, que não perderia anos antes, perdeu pelo menos meia dúzia de bolas dominadas no meio de campo, sinal de cansaço, lentidão, falta de concentração, falta de empenho, não deu as assistências que eram comuns anos atrás. Isso não deveria acontecer com que tem 30 anos de idade.

Com 37 anos o português Cristiano, inúmeras vezes o melhor do mundo, com justiça, também deixou claro que não é o mesmo,  não corre, não chuta, não dribla, não rege a orquestra, como na última Copa. Foi bom para Portugal que seu treinador corajoso começasse a afastá-lo da condição de titular absoluto. No último jogo contra o Marrocos, Cristiano entrou no segundo tempo e foi bom jogador, mas esteve longe dos bons tempos e não resolveu.  Todo craque tem se conformar quando a idade vai fazendo efeito sobre o corpo. A experiência e sabedoria podem ser maior, mas futebol exige agilidade física e mental.

SE TÍVESSMOS UM MODRIC NO BRASIL

Modric, capitão da Croácia, como Messi, é modesto, quieto,  mas como joga bola.  Ao contrário de outros grandes jogadores destacados pela mídia e endeusados nos campos europeus, não é craque explosão, exuberante, driblador, namorador de modelos, comprador de iates, falador, comedor de picanhas folheadas a ouro e R$ 9 mil de preço (que alguns consideram normal, mesmo se no país de origem existe briga no descarte de lixo para ver quem fica com ossos e 23 milhões de famintos),  mas a formiguinha trabalhadora e eficiente, produtiva, que lidera pelo exemplo. Quem é mais antigo pode falar do papel de Zito do Santos, o Dudu do Palmeiras (o que fazia dupla com Ademir da Guia). Modric é o jogador que vai buscar e carrega a bola por todos os lados do campo procurando quem deve recebê-la, que volta rápido e se posta na defesa quando necessário, dá o primeiro combate e também o último se precisar. Também já ganhou como melhor do mundo, merecidamente como vimos. Levou seu time à vitória. Faltou um Modric no Brasil, bem que ele poderia estar no lugar de algum medalhão.

Últimos jogos efetuados e finais

Na sexta-feira, dia 9 – Brasil 2 x 2 Croácia  (Croácia classifica nos pênaltis)

No sábado, dia 10 – Marrocos 2 x 2 Portugal (Marrocos classificado nos pênaltis)

                                    França 2 x 1 Inglaterra

Semifinais

Terça feira, dia 13, 16 hs – Argentina x Croácia                                           

Quarta feira dia 14, 16hs – França x Marrocos

Disputas pelo terceiro lugar será no sábado, dia 17,  12 horas

E quem será campeão, no domingo, dia 18, 12 horas

Percival Maricato

Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais

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