Estudo afirma que 4% das pessoas condenadas à morte nos EUA são inocentes

Sugerido por Gão

Da BBC

Mais de 4% dos condenados à morte nos EUA são inocentes

Essa porcentagem é baseada em dados sobre réus que receberam a pena capital entre 1973 e 2004

Um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences estima que pelo menos 4,1% dos condenados à morte nos EUA são inocentes – uma em cada 25 pessoas condenadas.

Segundo o autor principal, Samuel R. Gross, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Michigan, os pesquisadores chegaram ao resultado usando a análise de sobrevivência, uma técnica de estatística que leva em conta variáveis de tempo até a ocorrência de determinados fatos de interesse, como a morte.

A estimativa, definida pelos autores como “conservadora”, é baseada em dados sobre réus sentenciados à morte entre 1973 e 2004.

O percentual é o dobro do de sentenciados à morte que tiveram sua condenação revertida e foram libertados por serem inocentes no mesmo período.

De acordo com o estudo, em 31 de dezembro de 2004, final do período analisado, apenas 1,6% dos 7.482 condenados à morte haviam tido suas sentenças revertidas por serem inocentes.

Casos
Nas últimas décadas houve vários casos de condenados à morte nos EUA que acabaram inocentados e libertados, depois de comprovado que não haviam cometido os crimes dos quais eram acusados.

Um dos casos mais recentes é o de Glenn Ford, libertado em março deste ano depois de passar quase 30 anos no corredor da morte por um crime que não cometeu.

Ford, de 64 anos, havia sido condenado por um assassinato ocorrido em 1983 e desde 1985 estava preso no Estado da Louisiana. No mês passado, ele foi finalmente inocentado e libertado.

No entanto, segundo Gross, apenas uma minoria consegue ter sua inocência provada e reconquista a liberdade. “A maioria dos inocentes sentenciados à morte nunca são identificados ou libertados”, diz o autor do estudo. 

Execuções
Os pesquisadores dizem não ter como estimar o número exato de inocentes executados.

“Nossos dados e a experiência de especialistas na área indicam que o sistema de justiça criminal se esforça muito mais para evitar a execução de inocentes do que para evitar que permaneçam presos indefinidamente”, afirmam.

Uma maneira de fazer isso é a conversão de penas de morte em prisão perpétua quando há dúvidas sobre a condenação do réu.

“No entanto, nenhum processo de retirar réus potencialmente inocentes da fila de execuções é à prova de falhas. Com uma taxa de erros em julgamentos de mais de 4%, é quase certo que muitos dos 1.320 acusados executados desde 1977 eram inocentes”, diz o estudo.

A conversão de penas de morte em prisão perpétua representa outro problema.

Segundo os autores, depois de serem transferidos do corredor da morte para prisão perpétua, é pouco provável que esses prisioneiros sejam libertados, mesmo que sejam inocentes, e são grandes as chaces de que acabem morrendo na prisão.

Sem o risco de execução, dizem os pesquisadores, a tendência é de que advogados, tribunais e o sistema judiciário como um todo dediquem menos tempo e recursos buscando casos de possíveis inocentes condenados injustamente.

“Caso (os que têm a sentença convertida em prisão perpétua) realmente sejam inocentes, têm bem menos chances de serem libertados do que se permanecessem no corredor da morte”, diz o estudo.

Temor
Para o diretor-executivo do Death Penalty Information Center (Centro de Informações sobre a Pena de Morte), Richard Dieter, o estudo confirma o principal temor em relação à pena de morte: o de que inocentes estejam sendo punidos por crimes que não cometeram.

“Essa é a principal preocupação, de que estamos deixando passar alguns desses casos (de inocentes condenados à morte). E o estudo confirma isso”, disse Dieter à BBC Brasil.

Ele observa que o risco de que inocentes sejam mortos é o grande fator a influenciar a mudança de opinião em relação à pena de morte.

Dieter cita casos como o de Illinois, um dos 18 Estados americanos que aboliram a pena capital.

“O governador decidiu parar com todas as execuções depois de comprovado que mais prisioneiros estavam sendo libertados do corredor da morte (por serem inocentes) do que sendo executados”, lembra.

Redação

7 Comentários

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  1. 4%, que barbaridade…

    imagina no Brasil, tendo um STF e um presidente como Joaquim Barbosa? os petistas já estavam extintos, e teríamos 00% de erro, que estaríamos matando gente ruim.

      1.  
        A pena de morte não é

         

        A pena de morte não é imediata. O recurso é automático.

          Péssimos e desinteressados advogados adiam por uns 6/7 anos.Medianos advogados uns 10.Excelentes advogados uns 12 ou mais anos.

                   Tempo suficiente através de recusrsos, que o apenado tem pra provar sua inocência.

                     MESMO ASSIM CONTINUO CONTRA PENA DE MORTE.

                   Além de princípios . há outro fator: O governador do estado pode anistiar o que 12 jurados,várias cortes ,e o ST do país decretou.E o governador nem juiz é. Não pode ter esse poder todo.

                      Isso é mais que medieval_ a pena de morte e uma única pessoa cancela-la.

    1. Inútil porque?

      CONDENADOS SEM PENA DE MORTE, mesmo inocentes, podem provar sua inocência e um dia serem libertados.

      CONDENADOS À PENA DE MORTE… bem, depois de morto, que adianta provar que era inocente?

  2.  
      Há muito tempo que o júri

     

      Há muito tempo que o júri quer o DNA pra condenar .em pena de morte.

           Mas DNA nos anos 70/ 80? Tenha dó.

             Nem sei porque escrevi, sendo COMPLETAMENTE contra a pena de morte;

               MESMO COM TROCENTOS DNA E CONFISSÃO DO CRIMINOSO.

                     Prisão pérpetua serve pra reparar erros no futuro como os do post.

                      Ou sofrer muito mais do que 30 segundos( aproximadamente) que demora uma injeção letal pro cara morrer.

                      ( recentemente falhou uma injeção letal e  o cara demorou 30 minutos pra morrer. O que ele fez? Estrupou e enterrou VIVO sua vítima.) 

  3. E hoje tem-se o teste de DNA

    E hoje tem-se o teste de DNA para provar e comprovar muitas coisas, livrando muitos inocentes do corredor da morte.

    Imagine no passado quando só existia o exame de sangue. Quantos exames não deve ter sido manipulados.

    Muitos negros, latinos e brancos pobres devem ter morridos inocentes.

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