Os problemas da transição nas prefeituras

Por  Assis Ribeiro

Rombo em caixa e serviços públicos suspensos em Minas

Ezequiel Fagundes/Toninho Almada, O Globo – 11/01/2013 

Prefeitos encontram computadores vazios e vestígios de documentos queimados

Lixo. Leite descartado em Santa Luzia (MG)

Belo Horizonte Com uma dívida de R$ 111 milhões e um orçamento anual de R$ 20 milhões, o prefeito Carlos Calixto (PSB), de Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte, adotou uma medida drástica. Em seu terceiro mandato, ele baixou um decreto logo depois da posse determinando a suspensão de serviços públicos. Por causa da falta de médicos, dos 25 postos de saúde, apenas quatro funcionam. E não há previsão para o serviço ser normalizado até que pelo menos 40 profissionais da saúde sejam contratados. O serviço de coleta de lixo, interrompido na véspera do Natal, voltou a funcionar somente em 3 de janeiro. Mas devido ao acúmulo de resíduos, o mau cheiro ainda pode ser sentido em várias ruas da cidade, segundo o líder comunitário Fernando de Castro, do distrito de São Benedito.

Ainda pelo decreto, Calixto demitiu dois mil funcionários comissionados. Segundo ele, o funcionalismo está sem receber salário desde dezembro. O pagamento do 13º nem é cogitado. O prefeito, que não poupa críticas ao antecessor, é alvo de 25 ações na Justiça – 19 delas por improbidade administrativa. Ele também reclama da atuação da Câmara Municipal e do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

– Uma pergunta que gostaria de fazer e deixar no ar é a respeito da prestação de contas do meu antecessor (Dr. Gilberto, do PSD). Como a Câmara e o TCE aprovaram as contas de uma prefeitura que ficou quatro anos sem recolher impostos? – questionou.

exposição de frota sucateada

Em Tabuleiro, na Zona da Mata Mineira, o prefeito Dalro Martins (PP) recebeu a chave da prefeitura da mão de um vereador ligado ao seu antecessor. Quando finalmente conseguiu entrar na sede da prefeitura, já que não houve transição, ele encontrou vestígios de documentos queimados dentro de um latão. O fato foi denunciado à Polícia Federal (PF).

– O meu antecessor não permitiu que a transição ocorresse, sempre adiando as datas das reuniões – alegou Martins.

No Vale do Rio Doce, o prefeito de Senhora do Porto, Geraldo Lúcio Albino (PSB), encontrou armários vazios e computadores sem arquivos no lugar de contratos de licitações, lista de servidores e balanços da administração. O caso foi parar na delegacia da cidade.

No Sul de Minas, o prefeito Augusto Hart Pereira (PT), de São Sebastião da Bela Vista, mandou estacionar a frota da prefeitura na praça da cidade. O objetivo foi mostrar para a população o estado de sucateamento dos veículos. Dos 36 veículos da frota, só 13 estão rodando, mas, mesmo assim, precisam de reparo. Em Mato Verde, no Norte de Minas, o prefeito Generindo Sales (PMDB) chamou a PF para saber onde foram parar 42 computadores doados pelo Ministério das Comunicações.

Luis Nassif

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