A confusa história moderna do Egito

MEMÓRIAS DA POLÍTICA EGÍPCIA – A primeira foto de Youssef Zulficar, então sogro do Rei Farouk conversando com o célebre Ali Maher, general anti-britânico que conspirou com Rommel para deixar os alemães entrarem no Cairo e expulsarem os ingleses. Ali Maher era o grande ídolo de Nasser e Sadat, considerado herói, foi preso pelos ingleses.

A segunda foto da abertura do Parlamento Egípcio já quando os ingleses se preparavam para deixar o Egito, depois de  mandarem “de fato” por 70 anos. É de fato porque o Egito nunca foi oficialmente colônia britânica, o domínio inglês era informal, na teoria o Egito era um país independente depois da desintegração do Império Otomano em 1918. Na realidade os ingleses tinham  grandes quartéis no Egito, além de bases aéreas e navais e oficiais britânicos dirigiam a policia, os correios, as ferrovias, os portos e fiscalizavam as finanças.

Existem poucos países do mundo com uma historia política tão complexa como o Egito, especialmente até 1918. Província turca administrada a partir de Beirute, sob completa influencia da cultura francesa, que era a língua semi-oficial, debaixo de  controle militar e naval britânico, com a imprensa nas mãos de sírio-libaneses, o comercio com judeus, gregos e armênios, a educação e a cultura com franceses, a agricultura e a terra nas mãos da aristocracia turca que permaneceu no Egito mesmo depois da queda do Império Otomano, com as profissões modernas (médicos, advogados, engenheiros) praticadas pela minoria copta (cristã), com um rei albanês que preferia falar italiano (acabou morando e falecendo na Itália com sua amante italiana), o Egito sempre foi um grande quebra cabeça político, desde os tempos anteriores ao Império Romano, o Egito foi palco importante para a carreira política de Julio Cesar, de Otavio Augusto, o primeiro Imperador, de Marco Antonio e mil e oitocentos anos depois, para o jovem General Napoleão Bonaparte que no Egito ganhou sua primeira notoriedade militar.

O Egito foi também um dos principais cenários da Guerra Fria, território disputado pelos soviéticos, que  mandaram muito entre 55 e 73, ao tempo dos soviéticos tudo era russo no Egito, inclusive os aviões comerciais, os pilotos, as aeromoças, o Egito era quase um  satélite da URSS (estive lá duas vezes nessa época), de quem também recebia trigo, queijos, bebidas, carros, etc.   Depois entraram os americanos com uma subvenção pesada que até hoje é vital para a economia Egípcia e passaram a ter grande influencia sobre suas forças armadas.

O Egito não é para principiantes e o que parece simples pode ser o apogeu da complicação.

Comentários superficiais sobre golpes e manobras não se aplicam a esse  intrincado país, tudo tem muitos lados e muitas interpretações, o Egito é  um  pais árabe, mais ocidentalizado do que  as demais, mais instruído, mais sofisticado e mais exposto ao mundo, teve intensa vida política durante toda sua fase moderna, que começa com a expedição francesa no começo do Século XIX.

E tudo indica que voltará a ter grande movimentação política a partir desta Revolução.

Redação

2 Comentários

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  1. Revolução ou Golpe ?

    Não tenho informações fidedignas para avaliar o governo do Presidente do Egito. Porém, o que está ocorrendo no Egito não pode ser chamado de Revolução. Penso que o nome correto é Golpe.

     

  2. el Baradei

    Os fatos são os seguintes:

    Há 1 ano Baradei perdeu democraticamente a eleição para Mursi.

    Baradei conspirou com os militares egípcios.

    Os militares depuseram o presidente Mursi.

    Baradei acabou de ser escolhido para ser o Premiê do Egito.

    Isso tem o nome de Golpe ou Revolução ?

     

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