EUA intimidam países latinos que ofereceram asilo a Snowden

Arte GGNNão era inesperado, mas os EUA estão pressionando os países da América Latina que têm oferecido asilo a Edward Snowden, a não concedê-lo. Segundo um funcionário do Departamento de Estado, deixar Snowden na América Latina teria “consequências duradouras”, e “se alguém pensa que as coisas passarão não vai ser este o caso”. O que seriam essas “consequências duradouras” não foi especificado, mas é claro, as represálias seriam feitas a qualquer governo que desafiou os EUA na concessão.

Bolívia, Venezuela e Nicarágua ofereceram asilo a Snowden, e o Equador indicou que iria conceder asilo se ele entrasse no país.

O ex-analista da NSA, abrigado em uma zona mista do aeroporto de Moscou nas últimas três semanas, pediu asilo à Rússia, temporariamente, até que seja capaz de fazer uma passagem segura para um dos países latino-americanos.

No entanto, para os EUA a pressão está aumentando contra qualquer governo que conceda asilo.

O que há de novo para o gigante hegemônico é ter que exercer essa pressão tão publicamente. Até o caso Snowden, e anteriormente contra Julian Assange e o Wikileaks, a pressão os EUA no pescoço de um país que resistiu ao seu controle foi feita principalmente de forma clandestina, no escuro, no qual a CIA iniciou golpes de Estado e assassinatos para derrubar um presidente popular e instalar algum governo autocrático conciliador que siga a linha dos EUA.

Vamos ser claros, demonizar abertamente um país como os EUA fazem com o Irã e a Coreia do Norte (e antes com Cuba, sob Fidel Castro) não conta como pressão exercida sobre eles, já que condenam os EUA e o veem como inimigo.

Quanto à Rússia e à China, são imunes a qualquer tipo de pressão dos EUA. Com a saga Snowden fornecendo evidências em primeira mão, eles deram abrigo ao ex-analista, e tudo que os EUA poderiam fazer era se irritar, já que sabiam que não poderiam fazer nada. 

Essas ameaças indecorosas nas últimas semanas, que forçaram o pouso do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, em Viena, na Áustria (esperava-se que Snowden estivesse a bordo) revelam que os EUA vão até o limite para extraditá-lo e levá-lo de volta para casa, para que enfrente acusações por vazar a criminalidade da NSA para o mundo.

Mas a resistência à hegemonia dos EUA está crescendo. A maioria dos países latino-americanos se recusa a se encolher de medo ante as intimidações do valentão do norte; apenas Colômbia, Chile e México se mantêm firmes na órbita dos EUA. 

Sim, o gigante exerce pressão econômica sobre Correa no Equador, ameaçando suspender o comércio. No entanto, as massas, na maioria dos países latino-americanos, querem que seus governos desafiem os EUA novamente, mostrando claramente seu apoio esmagador a Snowden.

Os dias em que os EUA falavam “falo suavemente, mas carrego um grande porrete” em que toda a América Latina era presa fácil para invasões, assassinatos e golpes de Estado, acabaram.

Líderes abertamente desafiadores na Venezuela, Bolívia e Equador são arautos do que está acontecendo politicamente na América Latina. Adicionemos o Brasil, que se ofendeu com as revelações da NSA e condenou as práticas imperialistas dos EUA, os latino-americanos estão avançando por onde outrora apenas Castro, de Cuba, e Chávez, na Venezuela, foram os únicos que abertamente desafiaram os EUA. 

No entanto, as pessoas em todo o mundo, não apenas na América Latina, que são contra as práticas imperialistas e hegemônicas dos EUA, e começaram a eleger governos com atitudes de resistência à dominação norte-americana.

Só na Europa as pessoas estão sentadas no sofá, enquanto seus líderes se submetem a Washington

Publicado originalmente no OpedNews

Dave Lefcourt é autor do livro Engano e excesso nos Estados Unidos – Como os interesses dos ricos têm roubado a América e como podemos recuperá-la

Redação

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