A declaração conjunta divulgada após a reunião do G20, finalizada recentemente na Índia, coloca o grupo como o único “com alcance e a legitimidade para oferecer soluções verdadeiramente globais para problemas globais”.
A afirmação é de Jim O’Neill, ex-ministro do Tesouro britânico, em artigo publicado no site Project Syndicate, onde chega a apontar coalizões como o G7 e os BRICS “espetáculos secundários” em comparação com o G20.
O acadêmico afirma que a declaração conjunta dos integrantes do G20 é uma nova confirmação desse ponto de vista, já que o texto revela o consenso obtido em uma série de questões.
“Apesar dos desafios óbvios – tais como as diferenças consideráveis na forma como os Estados-Membros operam – conseguiram reafirmar a relevância do G20 após um longo período em que o seu papel foi posto em causa”, pontua O’Neill.
Na visão do articulista, a carta das 20 economias mais importantes do mundo pode ser um primeiro passo em um esforço mais intenso na abordagem de temas como alterações climáticas, renovação do Banco Mundial, controle de doenças infecciosas, estabilidade econômica e o conflito na Ucrânia.
Ausência de Rússia e China
Enquanto O’Neill elogia o esforço da Índia e dos Estados Unidos na formatação do comunicado final, ele destacou a ausência de China e Rússia, já que seus representantes não teriam assinado nada sem o devido esclarecimento com os governos.
No caso chinês, o economista diz que a ausência de Xi Jinping como forma de desprezar a Índia não só aprofundou a divisão entre China e Índia como afetou de forma mais direta o significado da última reunião dos BRICS, que muitos consideraram uma vitória para os chineses.
Para Jim O’Neill, o encontro do G20 representa uma vitória para o premiê indiano Narenda Modi, que passa a ser visto como “estadista visionário” principalmente ao concordar com a ampliação do G20 para incluir a União Africana.
“Este avanço dá a Modi uma clara vitória diplomática, permitindo-lhe melhorar a sua imagem como campeão do Sul Global. Também sublinha ainda a natureza aparentemente aleatória da própria expansão dos BRICS, que inclui o Egito e a Etiópia, mas não outros países africanos mais importantes, como a Nigéria. A grande questão agora é se um assento permanente à mesa tornará a própria União Africana um órgão mais eficaz”, pontua o economista.
Sobre a Rússia, o ex-ministro britânico afirma que o comunicado do G20 foi direto o suficiente para deixar claro que a invasão de fronteiras internacionalmente reconhecidas não será tolerada, e que Putin não deve esperar apoio nem mesmo dos integrantes dos BRICS.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.