Grávidas em funções administrativas em quartéis, pessoas com síndrome de down nos fronts. A Ucrânia não tem mais reservistas no país para recrutar e, por isso, agora conta com pessoas que deveriam ser protegidas pelo Estado para dar continuidade ao conflito com a Rússia com pouquíssimas possibilidades de vitória.
A constatação é do jornalista e analista geopolítico Lucas Leiroz, convidado do programa TVGGN 20H da última sexta-feira (5). O entrevistado esteve, recentemente, na zona de conflito para conversar com civis e soldados.
Os combatentes afirmam que os frontes estão paralisados, até porque a Rússia detém o controle da situação militar e é quem impõe o ritmo da guerra. Ao longo de 2023, a estratégia russa era a de manter os territórios já conquistados, entre eles o distrito de Marinka.
“Temos um cenário bem consolidado, com pouco avanço territorial, linhas de defesa estão muito bem consolidadas, a Ucrânia não tem nenhum tipo de avanço territorial, a contraofensiva foi um fracasso absoluto, admitido pelos próprios ucranianos”, afirmou o analista geopolítico.
Situação desigual
Além de deter o domínio dos rumos do conflito, até pelo preparo desde 2014, a Rússia foi pouco impactada pelas sanções internacionais que sofreu desde fevereiro de 2022, quando iniciou a guerra.
Na avaliação de Leiroz, países europeus sofrem mais as consequências das sanções do que a própria Rússia. A Alemanha, por exemplo, correu riscos de desabastecimento de gás depois que a Rússia interrompeu o fornecimento.
A Ucrânia, em contrapartida, tem de enfrentar a escassez de recursos, até porque o mundo dividiu a atenção da guerra com o conflito em Gaza. Resta ao país recrutar até jovens a partir dos 16 anos e homens maiores de 65 para o front, além de conviver com uma grande crise de imagem do presidente, Volodymyr Zelensky.
Queda?
“A grande possibilidade de se preservar a imagem do Zelensky era o sucesso dessa contra ofensiva ucraniana. O fracasso da contra ofensiva e a ausência de conquistas territoriais, a nulidade de conquistas em 2023 acabou com a imagem do Zelensky.”
Lucas Leiroz
Sem êxitos no conflito, a imagem do presidente ucraniano começou a ruir, tanto que surgiram vozes críticas à gestão do ex-humorista e, para que o apoio ocidental à Ucrânia seja mantido, provavelmente terão de “mudar a figura pedindo esse apoio”, na avaliação de Leiroz.
“A Ucrânia aceitou cumprir o papel de ser um proxy da Otan, sem condições de ter capacidade de sentar na mesa de negociações”, continua o entrevistado.
Confira a entrevista na íntegra:
LEIA TAMBÉM:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.