Xi Jinping abre o 20º Congresso do Partido Comunista Chinês criticando “mentalidade da Guerra Fria”

Em seu discurso, evitou uma referência direta à Ucrânia e à Rússia

O presidente chinês Xi Jinping na abertura do 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), em 16 de outubro de 2022. © NOEL CELIS / AFP

da RFI

Com o correspondente da RFI em Pequim, Stéphane Lagarde

Com um discurso de 1h45 minutos, metade da duração do que em 2017, o presidente chinês, Xi Jinping, abriu oficialmente, neste domingo (16), o 20° Congresso do Partido Comunista Chinês. Ele pediu “unidade” em torno de sua liderança e elogiou a ascensão da China como potência mundial.

Xi Jinping defendeu sua política severa de combate à Covid-19. Todos os convidados desta cerimônia de abertura, incluindo jornalistas, tiveram de passar dois dias em quarentena no hotel para poder participar. “A política de saúde priorizou vidas chinesas e humanas acima de tudo”, disse o chefe de Estado, reiterando que para ele a saúde vem antes da economia. Portanto, nenhum relaxamento sobre isso é previsto.

O presidente também afirmou que sua campanha anticorrupção eliminou graves perigos no partido comunista e no Exército. “A corrupção é um câncer, pior do que tudo”, martelou Xi Jinping. Ele voltou a apontar “a falta de convicção política firme de certos executivos” quando chegou, ao poder há dez anos.

Xi Jinping se coloca mais uma vez como o salvador do partido, mas sem abordar diretamente a pergunta que todos estão fazendo: a sua continuidade à frente do aparelho de Estado. Exceto por uma mudança dramática, ele deve tomar posse em 23 de outubro, um dia após o encerramento do Congresso. Xi Jinping deverá assumir as rédeas do país por mais cinco anos, o que o torna o líder mais poderoso desde o fundador do regime, Mao Zedong.

Em seu discurso, ele evitou uma referência direta à Ucrânia e à Rússia. Porém, o presidente chinês evocou “um mundo complexo” e disse que devemos nos preparar para enfrentar “testes severos”.

Diante de cerca de 2.300 delegados reunidos no Palácio do Povo, na Praça Tiananmen, Xi, no poder desde 2012, enfatizou que o evento acontece em um ‘momento crítico’.  Ele disse que a China se opõe à ‘mentalidade da Guerra Fria’ na política global e defendeu o fortalecimento do poder militar chinês.

A questão de Taiwan

Xi Jinping também criticou a interferência de “forças externas” em Taiwan, uma ilha que o regime considera parte de seu território e disse que “nunca renunciará ao uso da força” para reunificá-la, recebendo muitos aplausos dos presentes. “Devemos fazer todo o possível para alcançar a reunificação pacífica, mas não podemos garantir que nunca recorreremos à força e mantemos todas as opções em aberto”, declarou.

Xi Jinping também elogiou o estabelecimento de uma administração liderada por patriotas em Hong Kong.

O presidente ainda assegurou que seu país, um dos maiores poluidores do planeta, “participará ativamente” da luta contra o aquecimento global. “Devemos continuar lutando contra o aquecimento global, fortalecendo o uso limpo e eficiente do carvão”, afirmou, deixando claro que a China não quer se ver confrontada com novos cortes de energia.

(com informações da RFI e da AFP)

Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Também entre os países ocorre uma luta de classes, onde os mais desenvolvidos querem dificultar o crescimento e o desenvolvimento daqueles ainda em desenvolvimento. Os países que não procuram ter seus próprios ideais para dar o desenvolvimento necessário com certa independência no que se refere a áreas em que ter maior autonomia é decisivo, vão encontrar mais dificuldades para ultrapassar essa escalada. A mentalidade de “Guerra Fria”, na realidade não está numa posição ideológica oposta, está colocada no grau de desenvolvimento possuído por uma sociedade. O que você tem de conhecimento é o que vai determinar o que você pode ou não pode nessa escalada. Ter o tipo de relação econômica que faz estar numa ou noutra posição nessa divisão. Quanto mais dependência tiver para fazer qualquer coisa, menores as chances reais de subir na escala de desenvolvimento. Essa é a guerra fria travada de fato. A capacidade de produzir soluções ao grande número de problemas existentes e que surgem no planeta. Hoje não há mais o pólo comunista, o que se tem são os que têm e os que não têm.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador