Confirmada denúncia do GGN sobre o ataque ao Porta dos Fundos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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GGN obteve denúncia criptografada, na qual aponta a Associação como a autora do crime. Eduardo Fauzi seria um dos integrantes. ACCALE nega e a polícia ainda apura

Reprodução de vídeos institucionais da organização ACCALE

O GGN recebeu denúncia e publicou o material que apontava o grupo Comando de Insurgência Popular Nacionalista e seu líder Eduardo Fauzi. Matéria foi publicada no dia 28 de dezembro. Releia

As suspeitas sobre a ACCALE no ataque ao Porta dos Fundos

Jornal GGN – A Polícia Civil do Rio de Janeiro está apurando os autores do ataque contra a sede da produtora Porta dos Fundos, na última terça (24). Em vídeo divulgado na noite de ontem, o grupo “Comando de Insurgência Popular Nacionalista”, que se diz da “Família Integralista Brasileira”, reivindicou a autoria do atentado. Horas depois, a Frente Integralista Brasileira negou e repudiou a tentativa de associar o movimento ao crime.

O GGN recebeu informações criptografadas com a denúncia de que a organização que se auto-intitulou “Comando de Insurgência Popular Nacionalista” seria a “ACCALE”, uma associação que se descreve como nacionalista, de direita e que segue o Integralismo como uma de suas linhas de defesa. O grupo não está registrado como Associação e, em suas redes, nega ser autora do atentado.

A mensagem recebida pelo GGN, informa ser Eduardo Fauzi o líder da organização do vídeo compartilhado na noite de ontem (26) pelas redes, no qual aparecem três homens encapuzados, dizendo ser do “Comando de Insurgência Popular Nacionalista da família integralista brasileira”.

O áudio do grupo que reivindica a autoria do ataque contra o Porta dos Fundos pode ser ouvido abaixo:

O áudio de uma aula poilítica de Fauzi por ser ouvido aqui:

Eduardo Fauzi Richard Cerquise tem um total de 13 processos ligados ao seu nome, 10 deles no estado do Rio de Janeiro [acesse aqui]. Em um dos casos, ocorrido em 2013, ele agrediu o ex-secretário de Ordem Pública do Rio de Janeiro, Alex Costa. Á época, Fauzi era presidente da Associação de Guardadores Autônomos de São Miguel e seu estacionamento estava sendo desapropriado pela Prefeitura.

A reação gerou uma denúncia por lesão corporal, ameaça, coação, desacato a funcionário público e exercício ilegal de profissão. Em resposta, ele afirmou que “surtou” após o secretário de Ordem Pública “fazer piadas”. No período, o caso foi noticiado pela imprensa. Em vídeo divulgado nas redes, o então presidente da Associação de Guardadores São Miguel falou sobre o assunto, em tom exaltado:

Em três vídeos enviados pela mensagem ao GGN, Eduardo Fauzi aparece participando das atividades da organização “ACCALE”, ao lado das bandeiras com o Sigma, bandeira do Brasil e a bandeira imperial, além de dizeres como “Deus, Pátria e Família”. Em uma delas, ele conduz uma palestra do grupo. Abaixo, foram separados trechos de dois vídeos institucionais:

Sob o nome “Comando de Insurgência Popular Nacionalista”, a mesma organização assumiu em dezembro de 2018 o ataque na UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), quando os integrantes roubaram e queimaram bandeiras com dizeres antifascistas. Em um dos vídeos obtidos pelo GGN, vestindo preto, eles queimam uma bandeira do Partido Comunista.

Outro lado

Em sua página no Facebook, a ACCALE – Nacionalismo publicou uma nota negando a autoria do ataque a bombas na sede da Porta dos Fundos. “Informamos que não temos, em absoluto, nenhuma relação com o ocorrido”, escreveu.

Entretanto, a organização afirma que “caso o vídeo seja autêntico, não será surpresa o ocorrido, pois o Porta dos Fundos atacou deliberadamente e de forma calculista os maiores e mais cultuados símbolos sagrados nacionais, entre eles a figura de Jesus Cristo” e que “ao fazer isso, o Porta dos Fundos se indispôs com milhões de brasileiros”.

https://www.facebook.com/AccaleBrasil/photos/a.157537551520157/524160358191206/?type=3&theater

O GGN não conseguiu o contato com Eduardo Fauzi e disponibiliza espaço para direito de resposta.

O internauta Jorge Alberto (@jorgebyalberto no twitter) corrigiu o áudio e desmascarou o homem que assumiu o ataque à produtora. Em sua rede social, Jorge escreveu que ‘o fascismo e a burrice andam lado a lado’. E explicou: ‘Peguei o vídeo dos integralistas terroristas e corrigi o pitch do áudio, que deveria estar cruzado com dois tons, agudo e grave, mas só tem a grave. Caminho livre pra ouvir a voz original dos caras. Eu não vou rir sozinho’.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Acho bonitinho gente idealista e inflamada, que defende bandeiras com entusiasmo e agressividade.
    Quem vê pensa que são pessoas íntegras e preocupadas com os fracos e injustiçados, quando na verdade, assim como os torturadores usam a política e o “lado certo” para justificar a tortura, esses idealistas reacionários gostam mesmo é de violência, agressividade e terrorismo.
    A injustiça, o lado certo, ou a fraqueza são somente um pretexto para barbarizar e aterrorizar o próximo.

  2. Engraçado como estes propagadores do ódio ao comunismo, tem mentalidades e usam de termos “comunais”: popular, nacional, integral e outros quetais. Mentes perturbadas e inquietas por frustrações e ressentimentos. Resultados, muitas vezes por má criação através de abusos morais (em certos casos sexuais), choques de egos e outras violências domésticas. Agora crescidos, com suas psicoses e sentindo-se liberados pela atual atmosfera de ódio e rancor, fazem o que fazem – cheios do amor e perdão cristão.

  3. Levantando a “pauta do terrorismo”.
    Agora quase tudo é, ou poderá vir a ser, terrorismo.
    Eu me recordo como era antes de “terrorismo” virar um rótulo universal.
    Agora existe até terrorismo sem organização terrorista e terrorismo sem terror.
    Atacou terreiro: terrorismo.
    Quebrou vitrine de banco: terrorismo.
    Vandalismos em geral: terrorismo.
    Protesto fechou avenida: terrorismo.
    Soltaram cachorrinhos do laboratório: terrorismo.
    Qualquer dia vai ser … Peidou: terrorismo.
    O objetivo dessa presepada é criar, espalhar e amedrontar com algo que, na verdade, nunca existiu aqui: terrorismo.
    Propósito? O mesmo que no resto do ocidente, aumentar o poder e o controle sobre as pessoas, inclusive por meio de arapongagem em massa, com o objetivo de manter dominados os milhões de marginalizados gerados pelo capitalismo moribundo.
    E ainda existem pessoas que não tem escrúpulos em ajudar nesse objetivo.

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