Entidades de magistrados emitem nota criticando Barbosa

Do jornal O Globo

Para entidades de juízes, Barbosa agiu de forma desrespeitosa, agressiva e grosseira

  • Associações de classe afirmam que “como tudo na vida, as pessoas passam e as instituições permanecem”

O GLOBO

Publicado: 9/04/13 – 16h08

BRASÍLIA – A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) criticaram nesta terça-feira a conduta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) na reunião realizada ontem na presidência do Supremo. Em nota, as entidades afirmam que Barbosa agiu “ de forma desrespeitosa, premeditadamente agressiva, grosseira e inadequada para o cargo que ocupa”.

No encontro, Barbosa pediu para um dos representantes das associações de magistrados “abaixar o tom de voz” e só se manifestar quando ele autorizasse. Na avaliação das associações, o modo como o presidente do Supremo tratou as entidades “não encontra precedente na história do Supremo Tribunal Federal, instituição que merece o respeito da Magistratura”.

“Ao discutir com dirigentes associativos, Sua Excelência mostrou sua enorme dificuldade em conviver com quem pensa de modo diferente do seu, pois acredita que somente suas ideias sejam as corretas”, diz o texto.

Para as associações de classe, houve também falta de respeito com o Congresso Nacional e advocacia, atacados injustificadamente. O presidente do STF disse no encontro que a criação de novos Tribunais Regionais Federais (TRFs) foi aprovada no Congresso de forma “sorrateira” com o apoio das associações e apostou que os tribunais serão construídos perto de praias.

O texto encerra dizendo que “como tudo na vida, as pessoas passam e as instituições permanecem”.

“A história do Supremo Tribunal Federal contempla grandes presidentes e o futuro há de corrigir os erros presentes”

Leia a nota na íntegra:

“A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), entidades de classe de âmbito nacional da magistratura, considerando o ocorrido ontem (8) no gabinete do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), vêm a público manifestar-se nos seguintes termos:

1. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, agiu de forma desrespeitosa, premeditadamente agressiva, grosseira e inadequada para o cargo que ocupa.

2. Ao permitir, de forma inédita, que jornalistas acompanhassem a reunião com os dirigentes associativos, demonstrou a intenção de dirigir-se aos jornalistas, e não aos presidentes das associações, com quem pouco dialogou, pois os interrompia sempre que se manifestavam.

3. Ao discutir com dirigentes associativos, Sua Excelência mostrou sua enorme dificuldade em conviver com quem pensa de modo diferente do seu, pois acredita que somente suas ideias sejam as corretas.

4. O modo como tratou as Associações de Classe da Magistratura não encontra precedente na história do Supremo Tribunal Federal, instituição que merece o respeito da Magistratura.

5. Esse respeito foi manifestado pela forma educada e firme com que os dirigentes associativos portaram-se durante a reunião, mas não receberam do ministro reciprocidade.

6. A falta de respeito institucional não se limitou às Associações de Classe, mas também ao Congresso Nacional e à Advocacia, que foram atacados injustificadamente.

7. Dizer que os senadores e deputados teriam sido induzidos a erro por terem aprovado a PEC 544, de 2002, que tramita há mais de dez anos na Câmara dos Deputados ofende não só a inteligência dos parlamentares, mas também a sua liberdade de decidir, segundo as regras democráticas da Constituição da República.

8. É absolutamente lamentável quando aquele que ocupa o mais alto cargo do Poder Judiciário brasileiro manifeste-se com tal desprezo ao Poder Legislativo, aos Advogados e às Associações de Classe da Magistratura, que representam cerca de 20.000 magistrados de todo o país.

9. Os ataques e as palavras desrespeitosas dirigidas às Associações de Classe, especialmente à Ajufe, não se coadunam com a democracia, pois ultrapassam a liberdade de expressão do pensamento.

10. Como tudo na vida, as pessoas passam e as instituições permanecem. A história do Supremo Tribunal Federal contempla grandes presidentes e o futuro há de corrigir os erros presentes.

Brasília, 9 de abril de 2013.”

Luis Nassif

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