Primo de Caiado teria usado órgãos do estado para tramar assassinato de ex-coordenador de campanha

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Ministério Público de Goiás acusou Jorge Caiado formalmente pelo assassinato do empresário Fabio Escobar

Jorge Caiado, primo do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e assessor da Assembleia Legislativa Goiás (Alego) | Foto: Reprodução

O Ministério Público (MP) de Goiás aditou, nesta semana, uma denúncia para incluir Jorge Caiado, primo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), em uma acusação de homicídio cometido contra um ex-coordenador de campanha do líder do Executivo goiano.

Fabio Escobar, foi um dos coordenadores da campanha de Ronaldo Caiado na cidade de Anápolis, em 2018. Em junho de 2021, ele foi assassinado com três tiros no peito, no próprio munícipio, após ter denunciado o ex-presidente do partido Democratas – atual União Brasil – e aliado político do governador, empresário Carlos Toledo, conhecido como Cacai, de desvios de recursos e caixa dois na campanha.

A nova denúncia mostra mensagens da vítima pedindo perdão a Jorge Caiado, primo do governador goiano, assessor da Assembleia Legislativa (Alego) e “reconhecidamente influente na Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO)“, que teria atuado “no planejamento” do homicídio e utilizado a estrutura dos órgãos de estado para articular o crime.

Na denúncia inicial do MP, apresentada em dezembro de 2023, Cacai foi acusado de ser “autor intelectual” do crime, executado por policiais militares, dos quais três foram acusados de ter ligação direta com a morte de Escobar. Nesta primeira denúncia, Jorge Caiado chegou a ser citado, mas não foi incluído como acusado na trama.

Agora, no aditamento, a denúncia acusa formalmente o primo de Ronaldo Caiado de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e emboscada. 

O denunciado JORGE LUIZ RAMOS CAIADO, agindo livre e conscientemente, em comunhão de ações e desígnios com o executor do crime e com os demais denunciados, aderindo previamente à intenção homicida, concorreu de forma eficaz para o crime de homicídio contra a vítima Fábio Alves Escobar Cavalcante, eis que prestou apoio moral ao mentor Carlos César Savastano de Toledo, incentivando e reforçando os seus planos de matar a vítima”, diz o documento do MP.

Súplica pela vida

Nas tais mensagens obtidas pelo MP, Escobar pede justamente ao governador, Ronaldo Caiado, para mostrar suas súplicas ao seu primo.

Apaguei tudo da minha rede social. Sei que não tem volta o que fiz. Mas por favor clamando pela minha vida principalmente por causa dos meus filhos. Estou muito assustado. Por favor. Primeira vez que sinto medo na minha vida. Vou cuidar da minha família. Diz isso pro Jorge Caiado. Por favor. Sei que não vai responder, mas peça (…) para me dizer que posso cuidar da minha família tranquilo. Te suplico isso“, diz o texto.

Escobar deixou dois filhos, è época um deles com 5 anos e autista e outra de 3 anos. Sua mãe teve depressão e faleceu um ano depois.

Crime tramado em órgãos do estado

A denúncia detalha também idas de Jorge Caiado para tratar do crime em órgãos do estado de Goiás e sugere a motivação política do crime.

Em razão da gravidade das notícias veiculadas por Fábio Alves Escobar Cavalcante contra seu aliado Carlos César Savastano de Toledo, vulgo “CACAI” e, sobretudo, em busca de garantir que as informações fossem extirpadas de circulação na imprensa, bem como de forma a assegurar a “lisura” do partido político, JORGE CAIADO aderiu ao sentimento de vingança nutrido por Carlos Toledo, passando a prestar-lhe auxílio moral e material na execução de seu desiderato criminoso. Para tanto, JORGE CAIADO, valendo-se de seu prestígio no seio da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO) e principalmente de sua proximidade com policiais militares, acompanhado de Carlos Toledo, iniciou peregrinação nos órgãos da referida pasta no sentido de atrair aliados para aniquilar seu desafeto Fábio Escobar”, afirma a denúncia.

Em uma dessas vezes, Jorge Caiado foi ao batalhão das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam) para apresentar “um dossiê de Fábio Escobar” e informar que “as ameaças” teriam como pano de fundo “dívida referente ao valor investido por Fábio Escobar na campanha”.

Em outra ocasião, Jorge Caiado foi na “Casa Militar da governadoria”, quando, “na oportunidade, externaram possíveis desavenças havidas entre Carlos Toledo e Fábio Escobar e solicitaram providências para conter o inimigo”. Ali também foi apresentado um dossiê, mas houve orientação do responsável de que “eles nem sequer teriam realizado o registro formal das referidas “ameaças”, de modo que foram orientados a cumprir as formalidades legais”, de que ambos declararam “que, em verdade, buscavam o apoio para exterminar Fábio Escobar”.

Influência de Jorge Caiado

O documento afirma também que a participação de Jorge Caiado no crime teria sido no sentido de auxiliar “no planejamento” e “no aliciamento dos já denunciados”, que são policiais militares, prometendo-lhes “ascensão na carreira militar”.

Segundo o MP, Jorge Caiado “atuou nas eleições estaduais de 2018, pelo então partido DEM e é reconhecidamente influente na Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO), inclusive participa, ainda que indiretamente, das indicações para ocupação de cargos do alto escalão no âmbito da referida pasta e da entrega de títulos e medalhas, principalmente aos integrantes da Polícia Militar para promoção na carreira”.

Fala ainda que “os policiais militares envolvidos direta ou indiretamente com o homicídio de Fábio Escobar foram contemplados com promoções por “ato de bravura”, todas envolvendo confronto policial com resultado morte”.

A denúncia diz que “se não fosse o traquejo de JORGE CAIADO e influência com autoridades policiais, Carlos Toledo, por si só, não teria atingido seu desiderato criminoso”. 

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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  1. Partido União Brasil, uma união indissolúvel de bandidos, chefes de jagunços. A quantidade de assassinatos de membros do partido por outros membros só cresce.

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