Rivaldo Barbosa, o ex-militar que virou delegado com aval dos militares

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Delegado foi nomeado chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro na véspera da morte de Marielle, com a benção de Braga Neto e de Richard Nunes

Delegado Rivaldo Barbosa, preso por envolvimento na morte de Marielle e Anderson. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, preso neste domingo em ação da Polícia Federal, contou com o aval de militares para avançar na carreira.

Barbosa e os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram detidos em operação que investiga a morte da vereadora Marielle Franco, onde Domingos e Chiquinho foram os mandantes e Rivaldo apontado como responsável pelo planejamento.

O delegado Rivaldo Barbosa foi militar da Aeronáutica por 15 anos, em boa parte do tempo atuando na área de previsões meteorológicas. Entrou para a reserva em 2002, quando passou no concurso para delegado da Polícia Civil, segundo o jornal O Globo.

O delegado tomou posse como chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro por indicação dos generais Walter Braga Netto e Richard Nunes, respectivamente interventor da Segurança Pública no Rio de Janeiro durante o governo de Michel Temer e o secretário de Segurança durante o período.

Embora sua indicação tenha sido contraindicada pelo setor de inteligência da Polícia Civil, Barbosa teve o aval de Braga Neto para assumir o cargo na véspera do crime. Até então, ele chefiava a Delegacia de Homicídios.

Segundo o site G1, Barbosa foi o responsável pelo plano de inteligência e segurança dos Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro, e em 2008 foi nomeado subsecretário de inteligência da Secretaria de Segurança durante a gestão Sergio Cabral. Ele ficou no cargo por quase três anos.

Esteve à frente do comando da Divisão de Capturas e Polícia Interestadual a partir de 2009, e assumiu em 2012 a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Entre outros crimes, Barbosa esteve à frente da investigação do assassinato da juíza Patricia Acioli, em 2011, e da investigação e assassinato de Amarildo de Souza, em julho de 2013.

Posteriormente, foi promovido para diretor da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, sendo responsável pelas três delegacias que desvendam assassinatos no estado do Rio de Janeiro. Seu último cargo era o comando da Coordenadoria de Comunicações e Operações Policiais.

Em 2018, Barbosa foi denunciado juntamente com outras sete pessoas pelos promotores Cláudio Calo e André Guilherme Freitas por supostamente serem os responsáveis por fraudar três contratos de mão de obra na área de Tecnologia da Informação em mais de R$ 19 milhões

A investigação inclusive chegou a ser criticada pelo então procurador-geral de Justiça do Estado, Eduardo Gussem, em mensagem enviada para Barbosa.

Em 2019, um relatório elaborado pela Polícia Federal para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apontava a necessidade de investigar Rivaldo Barbosa – o miliciano Orlando Curicica depôs para o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal afirmando que Barbosa e outros agentes recebiam dinheiro da contravenção e de milicianos para que arquivassem inquéritos de homicídios cometidos pelo grupo conhecido como Escritório do Crime.

De acordo com esse documento, Barbosa é suspeito de ter recebido R$ 400 mil em propinas para evitar que os reais culpados pelos assassinatos de Marielle e Anderson fossem descobertos. Uma conversa interceptada pela PF revelou que o miliciano Jorge Alberto Moreth, conhecido como Beto Bomba, disse ao vereador Marcello Sicilliano que o delegado Barbosa havia recebido dois pagamentos de R$ 200 mil cada, por meio de um agente da Delegacia de Homicídios (DH).

Caso Marielle

A prisão de Rivaldo Barbosa neste domingo surpreendeu inclusive os familiares de Marielle, por conta da relação de confiança mantida com a família.

“Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro”, disse Marcelo Freixo, presidente da Embratur, nas redes sociais.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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