O livro A Miséria da Filosofia, de Karl Marx

Enviado por Doney

Lista de Livros: A Miséria da Filosofia – Karl Marx

Editora: Escala

ISBN: 9788575568903

Opinião: bom

Páginas: 160

“No socialismo, o custo de produção determinaria em todas as instâncias o valor do produto; e valores iguais seriam trocados por valores iguais. Se uma pessoa trabalhou uma semana inteira e outra trabalhou apenas meia semana, a primeira receberia o dobro da remuneração da última; mas esse pagamento extra não seria dado a uma pessoa com prejuízo de outra, a perda sofrida pelo último homem não recairia de modo algum sobre o primeiro. (…) Só o trabalho de cada indivíduo é que determinaria seu lucro ou sua perda” (Bray, op. cit.).

“Para os economistas só há duas espécies de instituições, as da arte e as da natureza. As instituições do feudalismo são instituições artificiais, as da burguesia são instituições naturais. Assemelham-se aos teólogos que também estabelecem duas espécies de religiões. Qualquer religião que não é a sua é uma invenção dos homens, ao passo que a própria religião é uma emanação de Deus. Dizendo que as relações naturais, as relações da produção burguesa, são naturais, os economistas querem dizer com isso que se trata de relações nas quais se cria a riqueza e se desenvolvem as forças produtivas de acordo com as leis da natureza. Portanto, essas relações são elas próprias leis naturais independentes da influência do tempo. São leis eternas que devem sempre reger a sociedade. Assim, houve história, mas não haverá mais. Houve história, visto que existiam instituições feudais e nessas instituições do feudalismo se encontram relações de produção totalmente diferentes daquelas da sociedade burguesa, que os economistas querem fazer passar por naturais e, portanto, eternas”.

“Cada relação econômica tem um lado bom e um lado mau: é o único ponto em que Proudhon não se desmente. O lado bom, exposto pelos economistas; o lado mau, denunciado pelos socialistas. Aos economistas a necessidade das relações eternas; aos socialistas a ilusão de não ver na miséria senão a miséria. Está de acordo com uns e com outros, querendo referir-se à autoridade da ciência. A ciência, para ele, se reduz às magras proporções de uma fórmula científica; ele é o homem a procura das fórmulas. Por isso Proudhon se orgulha de ter feito a crítica da economia política e a do comunismo: ele está abaixo de uma e do outro. Abaixo dos economistas, visto que, como filósofo, que tem na manga uma fórmula mágica, acreditou poder dispensar-se de entrar em detalhes puramente econômicos; abaixo dos socialistas, porque não tem nem coragem suficiente, nem luzes suficientes para se elevar, sequer especulativamente, acima do horizonte burguês.

Quer ser a síntese e é um erro composto.

Pretende estar como homem da ciência acima dos burgueses e dos proletários; e não passa de pequeno burguês, sacudido constantemente entre o capital e o trabalho, entre a economia política e o comunismo”.

“As condições econômicas tinham a princípio transformado a massa da população do país em trabalhadores. A dominação do capital criou para essa massa uma situação comum, interesses comuns. Assim essa massa já é uma classe diante do capital, mas não o é ainda para si mesma. Na luta, de que assinalamos apenas algumas fases, essa massa se reúne, se constitui em classe para si mesma. Os interesses que ela defende se tornam interesses de classe. Mas a luta de classe com classe é uma luta política”.

“A condição de libertação da classe trabalhadora é a abolição de qualquer classe”.

Redação

5 Comentários

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  1. Sem background nao da pra

    Sem background nao da pra entender nada.  O livro eh uma resposta a “Sistema de contradicoes economicas, ou a filosofia da pobreza”, e Marx tinha serias objecoes a ele -ja comeca logo com “Monsieur Proudhon tem a infelicidade de ser particularmente mal comprehendido na Europa.  Na Franca ele tem direito a ser um economista ruim pois tem reputacao de ser um bom filosofo alemao.  Na Alemanha ele tem direito a ser considerado um filosofo ruim porque tem reputacao de ser um dos melhores economistas franceses.  Sendo ambos alemaes e economistas ao mesmo tempo, nos desejamos protestar contra esse erro duplo”.

    Em 56 um resenhista chamou a controversia “do ponto de vista moderno” de “cavalo morto” para quem so tinha “interesse muito especializado”.

    http://en.wikipedia.org/wiki/The_Poverty_of_Philosophy

  2. Socialismo do investimento externo.

    ​Vai com o Union:

    “Sem background nao da pra entender nada.”

    O mal mais contrário à sabedoria, escrevia Alain (da lampada maravilhosa(?), é exatamente o disparate. De que adianta estudar economia se o exercício mais objetivo dos economistas – a SELIC – não se transforma em caráter social, mas em infidelidade ao seu país? 

    Qual razão podem nos dar contas?

    A SELIC é a sabedoria necessária da ideia econômica?…

    Seria os juros produtor de uma analogia científica?…

    Então, qual é o nosso ponto de partida?… 

    Seria os investimentos externos do mundo das mercadorias – a medida que transforma os países em dividas de títulos públicos, e que funcionam como adicional virtual para bancos – a temperança aos nossos valores; além do vai-e-vem dos especuladores do câmbio flutuante?

    Isso pressupõe, antes de mais nada, realizar a valorização do que ainda não somos. Temos que aprender ainda a formalizar melhor as causas científicas em que aconteceremos. 

    Porque a sabedoria necessária é a transformação do valor do trabalho em produção, e o valor da produção a correlação satisfatória ao equilíbrio das reservas de valor para (r)emissão da moeda nacional. 

    Por isso devemos começar a recorrer novamente as universidades, e identificar os nossos valores como as causas das atividades de produção. E estabelecer em que lugar as universidade concederão a fundação do valor do trabalho, flutuante, do mundo das mercadorias? Ao Estado ou aos bancos…

    E; é por isso que os economistas precisam aprender a responder a questão ética de quem nos restitui o valor do trabalho (a nossa sabedoria necessária): para que a infidelidade com o mercado (de valor) pare de ameaçar a nossa referência de verdade.

  3. Quem é o tal de Bray…

    … cuja estapafúrdia citação vem no início do post? E de quem são as outras citações? E o texto que vem sem aspas? (de Marx, imagino)

    Eta postagem esotérica.

  4.  “Dizendo que as relações

     “Dizendo que as relações naturais, as relações da produção burguesa, são naturais, os economistas querem dizer com isso que se trata de relações nas quais se cria a riqueza e se desenvolvem as forças produtivas de acordo com as leis da natureza. Portanto, essas relações são elas próprias leis naturais independentes da influência do tempo. São leis eternas que devem sempre reger a sociedade. Assim, houve história, mas não haverá mais.”

    Esses economistas acabaram com a base economômica dizendo que “as  relações da produção burguesa são leis naturais independente do tempo”. Mas com o cuidado de predizer o futuro: “Assim, houve história, mas não haverá mais.”

    Posto que “…se trata de relações nas quais se cria a riqueza e se desenvolvem as forças produtivas de acordo com as leis da natureza”, como se supõe independente do tempo se: “São leis eternas que devem sempre reger a sociedade”. Isto é: As forças produtivas de acordo com as leis da natureza – A história no mundo para além do seu tempo no espaço (o valor das forças de produção se desenvolvendo como produto da sociedade). 

    Hoje a referência empírica do valor, em virtude das projeções da SELIC num futuro do tempo distante, que se cria a riqueza e se desenvolvem as forças produtivas, são os bancos.  

    Bem contempôneo o que predisse “independente da influência do tempo”: “Assim, houve história, mas não haverá mais.”

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