Vietnam, 40 anos da gloriosa “punhalada nas costas”, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Estava sem sono e topei com esta reportagem postada por uma colega no Facebook http://www.telesurtv.net/news/Minuto-a-MinutoVietnam-celebra-40-anos-de-triunfo-sobre-EE.UU.-20150425-0028.html .

Nasci em 1964 e acompanhei a cobertura da dramática Guerra do Vietnam pela televisão. As imagens chocantes daquele conflito, muitas das quais feitas por norte-americanos que não apoiavam o insano esforço do seu país no sudoeste asiático, preencheram minha infância. Ficava grudado na TV durante os noticiários, mas não entendia exatamente o que estava ocorrendo. Só adulto comecei a compreender lentamente como e porque o imperialismo dos EUA teve que ser derrotado em duas frentes, na selva e nas ruas norte-americanas.

A derrota no Vietnam produziu um imenso estrago na auto-estima imperial dos EUA. Foi doloroso e duradouro o drama dos ex-soldados derrotados, detestados pelos conterrâneos que se opuseram àquela guerra e desprezados pelos que apoiaram a mesma. A vitória do Vietnam, país pobre que causou milhares de baixas aos EUA construindo armadilhas de espetos de bambu lambuzados de excrementos, manteve aquele país longe de conflitos armados até a invasão de Granada. Porém, foi somente com a I Guerra do Iraque que os norte-americanos recuperaram seu gosto pelo militarismo.

Entre o fim da Guerra do Vietnam e o início da I Guerra do Iraque o cinema provocou uma mudança profunda no imaginário dos norte-americanos. A geração que fez oposição à guerra envelheceu. As novas gerações de norte-americanos cresceram vendo filmes que glorificavam o esforço de guerra dos EUA no sudoeste asiático. Heróis cinematográficos como Rambo e Braddock venceram nas telas grandes a guerra que os soldados norte-americanos perderam na selva. O cinema teve um papel importante na recuperação da auto-estima imperial dos EUA.

Isto explica, de certa maneira, como e porque a II Guerra do Iraque e a Guerra do Afeganistão receberam intenso apoio dos norte-americanos. Ao contrário da Guerra do Vietnam, estes conflitos recentes foram cobertos por jornalistas engajados nas tropas e controlados por militares. Tudo foi feio sob medida para esconder os equívocos (fogo amigo), as batalhas perdidas e as vitórias inglórias. O advento da internet e a criação do Wikileaks garantiram a liberação dos registros de batalha feitos pelos próprios soldados, algo que deixou as autoridades norte-americanas horrorizadas, acarretou o martírio de Bradley Manning e a perseguição feroz a Julian Assange.     

E já que estamos falando de internet, faço aqui um pequeno parenteses para relatar uma experiência pessoal. Há alguns anos conheci, através do Multiply, um norte-americano que foi soldado no Vietnam. Mantive contato com ele por vários anos, inclusive através do Facebook depois que o Multiply encerrou suas atividades em 2013. Por fim ele acabou me bloqueando por causa do meu anti-americanismo. A tarefa dele no Vietnam, segundo o que ele me disse, era socorrer os soldados feridos e garantir o transporte dos mesmos para hospitais de campanha. Ele sempre me dizia a mesma coisa: “Nunca participei pessoalmente da matança.” Esta distinção que ele faz entre a sua conduta e a dos demais soldados é interessante, pois sem enfermeiros e médicos a matança certamente não poderia continuar ocorrendo.

Outra coisa que me foi dita por aquele veterano dos EUA foi a seguinte: “Nós nunca perdemos uma batalha contra os vietnamitas.” Quando eu citava a Ofensiva do Tet e dizia a ele que os vietnamitas ainda estavam no Vietnam e que os EUA saíram de lá correndo, ele ficava acabrunhado. E então passava a acusar os políticos norte-americanos e os conterrâneos dele de não terem dado o necessário apoio aos soldados. Esta é uma típica versão americanista da “punhalada nas costas” inventada por Adolf Hitler para adocicar os ouvidos dos alemães enquanto tentava chegar ao poder. A cortesia me impediu de dizer ao tal que ele estava usando um discurso de matriz nazista.

Devemos comemorar a vitória do Vietnam? Sim, sem dúvida. Mas não necessariamente por razões ideológicas ou militares. A maior vitória que merece ser comemorada é justamente aquela “punhalada nas costas” detestada pelo meu ex-colega de Multiply e Facebook. O militarismo só é um fenômeno realmente nocivo quando apoiado pela sociedade e estimulado pelo jornalismo. Portanto, é perfeitamente possível dizer que os norte-americanos ganharam uma guerra quando os EUA foi derrotado militarmente no Vietnam. Esta vitória escorreu entre os dedos dos norte-americanos à medida que os EUA recuperaram seu impeto imperial e militarista com apoio da imprensa das novas gerações às guerras no Iraque e no Afeganistão.

Nos últimos anos há uma outra guerra em curso. Ela ocorre no cinema. Há filmes que tem sido feitos para glorificar as campanhas dos EUA no Iraque e no Afeganistão. E há aqueles que procuram desmistificar os dois conflitos, expondo o horror insano da guerra externa e o drama dos soldados que voltam para casa física ou psicologicamente mutilados. Ainda é cedo para dizer qual destas duas tendencias conseguirá se impor às novas gerações de norte-americanos. Uma coisa é certa. Até o presente momento Hollywood não foi capaz de criar nenhum personagem guerreiro do deserto com a mesma força simbólica que um Rambo ou um Braddock.

Fábio de Oliveira Ribeiro

37 Comentários

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  1. De fato, os EUA não perderam

    De fato, os EUA não perderam uma só batalha no Vietnã. A retirada foi motivada pela opinião pública interna dos EUA.

    A ofensiva do TET foi uma fracasso militar do Vietnã do Norte. 35 mil mortos contra 1100 soldados norte-americanos e 2900 sul-vietnamitas. E zero de território conquistado. No final, a ofensiva do TET foi controlada pelos EUA.

    1. A guerra já estava perdida

      A guerra já estava perdida quando o General William C. Westmoreland começou a contar corpos para provar que os soldados dos EUA estavam matando mais inimigos do que morrendo no Vietnam.Westmoreland continuou contando corpos até morrer em 2005 com o honroso título de maior discipulo do George Armstrong Custer (aquele que perdeu uma guerra indígena em Litle Bighorn). Pelo tom do seu comentário (a Ofensiva do Tet foi um fracasso porque os vietnamitas perderam mais soldados) Westmoreland e Custer tem alguns discipulos no Brasil. Ha, ha, ha…

  2.  
    O povo vietnamita se uniu

     

    O povo vietnamita se uniu para expulsar os ianques, para eles não havia meio termo: era ganhar ou ganhar. O número de mortos norte-americanos foi vinte vezes menor que o dos asiáticos, no entanto, o estômago da sociedade estadunidense não suportaria ver toneladas de cadáveres de seus jovens. Cerca de cinquenta mil soldados norte-americanos morreram, se quisessem ganhar a guerra, muitos mais morreriam. Bombardear um território é fácil (considerando que os VC’s sequer possuíam força aérea), o difícil é ocupá-lo.

  3. E hoje o Vietnam abraça o

    E hoje o Vietnam abraça o capitalismo mais fortemente q o Brasil

    Sediando empresas americanas

    Recebendo turistas americanos de braços abertos

    Exportando um café de ótima qualidade pros EUA.

    Enqto isso, a URSS vai de vento em popa. sqn

    Quem ganhou a guerra cara-pálida?

    1. Sinto o cheiro de “mofo

      Sinto o cheiro de “mofo guerra fria” no seu comentário. Coisa de velho gringolizado que parou no tempo ou de jovem doutrinado por uma ideologia ultrapassada. Você ainda acredita que o império norte-americano tem algo mais a oferecer do que vandalismo de rua nos telejornais diários https://www.facebook.com/ABC15/videos/10152931960826359/?pnref=story ?

      Não só isto, o seu comentário também exala um perfumo de “recalque de ex-vitorioso”. Enquanto os EUA afundam na crise financeira capitalista que criaram e os norte-americanos, inclusive brancos dos olhos azuis, são obrigados a morar em túneis e minas abandonadas e a protestar violentamente nas ruas, a  Rússia vai bem obrigada. O Kremlin segue fornecendo músculos para os BRICS e petróleo abundante para a China. Ha, ha, ha… O muro de Wall Street caiu em 2008 e você não notou? 

  4. Foi extraordinário o filme

    Foi extraordinário o filme FRANCO ATIRADOR, lançado no início dos anos 70, porque mostrava como os mocinhos loiros partiram dos Estados Unidos para lutarem contra homens brutos, que mesmo sem armas souberam se defender e deixar os meninos americanos a eles submissos. O lançamento desse filme, como outros, dava a medida do descontentamento do povo americano numa guerra sangrenta e inglória. Provavelmente nunca saberemos quantos americanos morreram em campo de batalha, nem quantos retornaram mutilados, tão pouco como sobreviveram com essas mutilações. e principalmente quantos deles permaneram no Vietman, conforme mostra o filme sobre um que perde a consciência e fica entre os vietnamitas. Imagine o trauma deixdo também à famílias desses moços. 

    Eu penso que após aquele episódio de 11 de setembro, nunca mais os Estados Unidos serão os mesmos. Assistimos a uma derrota americana, com aviões caídos do céu, sem que nenhuma autoridade tivesse previsto. Foi uma grande desmoralização para o País, sem dúvida. Foi, do mesmo modo, um alerta para todos os países do mundo sobre o poder do terrorismo, que pode, muitas vezes, ser mais destruidor do que numa guerra. 

    1. Sim. Mas este filme não foi

      Sim. Mas este filme não foi capaz de “construir o imaginário” da guerra das gerações que cresceram após 1975 e na década de 1980. A imagem do inimigo que derrotou os EUA de maneira vil (promovida em Rambo II e nos filmes Braddock) ou das gloriosas vitórias militares no campo de batalha durante a guerra perdida por causa dos agitadores em casa (como no filme Hamburger Hill e, mais recentemente em Fomos Heróis) foi o que acabou predominando.

      Narrativas da guerra do Vietnam poderosas como Platoon e Apocalipyse Now não conseguiram desfazer a crença popular nas virtudes do militarismo e do imperialismo anti-comunista dos EUA. O que fez  os “corações e mentes” dos norte-americanos mais jovens foi exatamente o oposto. E isto explica a popularidade dos veteranos das vitoriosas campanhas no Iraque e no Afeganistão e o apoio da mídia e da população à aventura que os EUA estão iniciando na Ucrania.

      Quanto ao 11 de setembro, há controvérsias. Segundo vários especialistas o ataque ao WTC foi um “trabalho interno” parecido com o que ocorreu no Golfo de Tonkin para justificar a invasão do Vietnam por tropas norte-americanas. “Em 2005documentos secretos da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana vieram a público, apontando o fato de que a presença das torpedeiras norte-vietnamitas nos ataques de 4 de agosto (de 1964) nunca foi realmente confirmada.”  http://pt.wikipedia.org/wiki/Incidente_do_Golfo_de_Tonkin

       

  5. A derrota dos EUA na dita

    A derrota dos EUA na dita guerra do Vietnam foi política, não militar. Seus opositores foram brilhantes na implementação de uma guerra referenciada em táticas usadas nas guerras anti-colonialistas do século XIX e primeira metade do século XX, incluindo a que travaram contra os franceses logo após a segunda guerra mundial, o movimento Vietminh, sob a liderança de Ho Chi Minh, este já inspirado nas táticas de Mao Tsé-Tung na Revolução chinesa. 

    Na análise histórica o que deve ser ponderado são os fatos em si, e não o que deveriam ter sido, mas e principalmente, sopesando os contextos. Nesse sentido, não há como abstrair nas leituras desse conflito sangrento o embate ideológico entre duas visões opostas de mundo: capitalismo e comunismo(aqui uma mera simplificação para não nos estendermos em demasia): a primeira tendo como baluarte os Estados Unidos da América que surge após II Guerra como a maior potência mundial e líder do dito “mundo livre” e a segunda a então URSS que também emerge daquele conflito super prestigiada dado o empenho e o sacrifício para a derrocada do nazismo. 

    O termo imperialismo para justificar o conflito em foco a meu ver é um apelo à simplificação grosseira de um fenômeno geopolítico bem mais complexo e que mereceria um aprofundamento maior. Em termos pragmáticos, o que se tinha era a geopolítico da guerra fria, cuja epítome foi o dogma da Teoria do Dominó elucubrada no governo Eisenhower que, em resumo, preconizava que os países do sul da Asia eram como pedras de dominó, ou seja, se um deles caísse nas mãos dos comunistas os demais também cairiam. Mais lá na frente, no final da década de 70, quando a URSS invadiu o Afeganistão, se tem pelo outro lado, o da URSS, outro exemplo do “espírito” desse jogo de xadrez. 

    Mas por que a derrota dos EUA foi eminentemente política? Por muitos fatores, a começar pelo econômico. A preços de hoje estima-se na casa dos trilhões de dólares os custos com a guerra. Mesmo para uma super potência como os EUA tal dispêndio era astronômico. Mas o principal, o decisivo, foi a própria rejeição da maioria dos americanos contra uma guerra lá nos cafundós do Judas que n ão justificava tanto sacrifício em vidas. E essa rejeição só foi possível porque havia um conflito que pela primeira vez era coberto em tempo real pela TV. Pela primeira vez, os assépticos americanos assistiam, ao vivo e em cores, a extrema violência e crueldade de uma guerra. Calou-lhes fundo também a imensa assimetria em termos militares entre as partes: uma nação poderosa bombardeando uma país de camponeses miseráveis. O documentário Coração e Mentes(Hearts and Minds), de 1974, dirigido por Peter Davis,  é de assistência obrigatória para quem quer entender com mais percuciência esse contexto.

    A “tese” da “punhalada nas costas” é apreensível se abordada pela psicologia militarista segundo a qual num conflito todos os recursos devem ser impendidos para o que realmente interessa e conta: a vitória; a subjugação total do inimigo. E a Guerra do Vietname, ao contrário dos conflitos anteriores dos EUA, a exemplo da II Guerra e da Guerra da Coreia(esta já em menor escala), era um embate cujo pano de fundo era a ideologia política não uma direta, palpável ameaça  a segurança da nação americana. Não havia, portanto,  nada de “psicologia” nazista nesses queixumes dos militares americanos. 

    E as alegativas de Hitler nesse sentido tomando como base a “derrota” alemã na I Guerra também não são de todas infundadas. Mas aí já é outra história. 

    1. Discordo. O Vietnam nunca

      Discordo. O Vietnam nunca representou um perigo militar para os EUA. Não representava antes da invasão norte-americana daquele país, não representou depois da vitória vietnamita ou na atualidade. O “enquadramento ideológico” daquela guerra foi apenas um “esforço de campanha”. A finalidade do conflito era apenas um: manter as fábricas de armamento “made in USA” funcionando e utilizar o terror da guerra como instrumento de coação política (inclusive na América Latina). 

      Esta leitura é a mais correta, pois no Vietnam ( e contra um inimigo menos armado e que lançava mão de armadilhas de espetos de bambu sujas de merda) os norte-americanos despejaram mais toneladas de bombas do que haviam despejado na Alemanha e no Japão. A cada tonelada de bombas despejada em solo vietnamita, outra tonelada de bombas era fabricada nos EUA. Para cada Huey II  abatido, um novo era manufaturado e vendido às forças imperiais de ocupação.E assim a economia dos EUA seguiu girando acelerada à medida que o país perdia espaço no comércio mundial em razão do acelerado cresdimento econômico e das exportações de Alemanha, França e Japão (países que se recuperavam do estrago produzido pela II Guerra Mundial).

      Enquadrar a Guerra do Vietnam como um fenômeno da Guerra Fria, como uma manifestação do conflito entre “capitalismo e comunismo” não é só anacrônico. É uma demonstração de profundo desprezo pela História (ciência que requer distanciamento e avaliação desapaixonada dos fatos). É também uma forma evidente e nada sutil de fazer a propaganda do  “nós” (capitalistas) contra “eles” (comunistas) como se a guerra não tivesse acabado e como se os EUA pudesse servir de modelo ou paradigma para alguma coisa digna neste momento.  

      1. Discordo em parte da tua

        Discordo em parte da tua discordância, caro Fábio de Oliveira Ribeiro. Por que em parte? Por razões óbvias: a indústria bélica, principalmente nos EUA, se tornou um dos segmentos econômicos mais fortes na economia capitalista após a segunda guerra. Antes, era residual. 

        Entretanto, a partir daí achar que estava por trás de um conflito como o do Vietname estava apenas seus interesses, aí não. É reducionismo demais. 

        O que chamas “enquadramento ideológico” foi central nesse embate. Parece-me que para a formação do teu contraditório tu não lestes nada dos meus argumentos. Outro detalhe: fiz uma análise “fria”, equidistante de qualquer viés ideológico particular. Mesmo porque, como já afirmara no meu comentário, a análise história tem que prescindir dessas “muletas”.

        Quem dá às costas para a história, prezado, não sou eu; quem está incluindo paixão nas ponderações, muito menos. O interessante, Fábio, é que só pelo fato de ter sido contraditado tu vens com essas falácias e inversões. No meu comentário não houve espaço para te impingir qualquer viés ideológico. Ative-me essencialmente na análise dos fatos, das circunstâncias e do momento histórico. 

        Ora, Fábio, anacronismo é analisar o presente baseado com fatos e dados já considerados ultrapassados. Como se deveria analisar o passado se não com base nos valores, princípios e realidade das respectivas épocas? Desculpe, caro, mas nesta simplesmente, talvez por descuido, pisaste na bola. 

        Mesmo sendo brindado com alguns “espantalhos” acho que valeu a troca de impressões. Respeito as tuas opiniões, merce de avaliá-las como equivocadas,  e espero o mesmo da tua parte. 

         

        1. Você continua pensando como

          Você continua pensando como nos anos 1960, meu caro. Não consegue manter distanciamento dos fatos, provavelmente em razão de sua adesão ao “americanismo” (ideologia que já foi descrita como “o nazismo dos norte-americanos”). É preciso observar os fatos e deixar de dar atenção aos seus “enquadramentos ideológicos”, pois estes são apenas “propaganda de guerra”. E na guerra, meu caro, a primeira coisa que morre é a verdade. No Vietnam a verdade foi assassinada desde o Incidente de Tonkin, pretexto para a guerra criado pela CIA para que a ampliação do esforço militar dos EUA no sudoeste asiático pudesse ser “vendida” aos crédulos cidadãos norte-americanos.

          Ao fim da II Guerra Mundial todos os países industrializados da Europa estavam em frangalhos, idem para Japão e China. A recuperação destes países foi lenta no princípio, mas a partir do fim da década de 1970 eles passaram a recuperar o espaço que tinham no mercado mundial. E o único país que poderia perder espaço para que eles pudessem crescer e exportar era os EUA. É óbvio que os norte-americanos não fariam uma guerra contra França, Itália e Alemanha Ocidental naquela época para poder alavancar sua própria economia.

          Os resultados da Guerra da Coréia (década de 1950), outra derrota norte-americana, eram perfeitamente mensuráveis em termos econômicos quando a Guerra do Vietnam começou. A matemática é simples: as indústrias produzem armamentos, os mesmos são utilizados numa guerra externa, o povo norte-americano fica amedrontado e se torna mais nacionalista, a coesão criada pela guerra permite restrições nos gastos sociais em favor da expansão dos gastos militares e o enriquecimento da indústria militar se espalha por toda economia dentro do país. 

          “Se não houvesse mais guerra, o Estado e a organização social tenderiam a desaparecer.” “A guerra é a força principal que estrutura as sociedades.”
          As duas frases acima não são de Hitler, mas do prestigiado economista J.K. GALBRAITH (A paz indesejável? Relatório sobre a utilidade das guerras, citado pelo historiador militar francês André Corvisier em sua obra A guerra, Bibliex).
          É óbvio que a oposição interna à guerra acabou cumprindo um papel importante. Talvez e eu digo somente talvez, esta oposição interna à guerra fosse desejada desde o início. Ela permitiria aos EUA sair da guerra com ou sem vitória depois de algum tempo. E quanto isto ocorresse os benefícios econômicos da guerra externa já teriam sido colhidos.

          1. Havia decidido não treplicar

            Havia decidido não treplicar teus comentários, Fabio, mas me vi obrigado tendo em vista as falácias, em especial a ad hominem, e os desvirtuamentos que dás aos meu argumentos.

            1) Eu não “pensei” como nos anos 60 e 70, prezado. Apenas CONTEXTUALIZEI aquele período. Mostre evidências fora do escopo das tuas fixações de que efetivamente o conflito do Vietname se deu à revelia do embate ideológico intitulado de “guerra fria|” iniciado em 1948, cujo marco foi o isolamento de Berlim por parte dos soviéticos.

            Desculpe, mas a tua autossuficiência retórica jamais terá o condão de remodelar o passado à luz das tuas visões. Fui claro ao afirmar que, por óbvio, certamente havia interesses econômicos por trás daquela guerra; ou de qualquer guerra. Só que não a causa principal. Esta se deu na dimensão da geopolítica da época.

            2) A eventual não confirmação do chamado Incidente do Golfo de Tonkin que deu pretexto para os EUA abrirem guerra contra o Vietname do Norte, em nada mudará o arguido em “1”.

            3) Correto: após a segunda guerra, isso também é patente, os países da Europa e o Japão estão destruídos literalmente. Mas esqueceste de citar que foram os EUA que soergueram seus antigos inimigos através de maciças investimentos e fundos perdidos. Na Europa o Plano Marshall, que injetou(a preços da época) mais de 13 bilhões de dólares; no Japão assistência técnica e creditícia também substancial. Por amor? Por piedade? Não, por razões econômicas e geopolíticas(guerra “fria”).

            4) Tecnicamente, os EUA entraram em guerra em 1965. O que diabo tem isso a ver com a concorrência no mercado internacional “a partir do fim da década de 70”? Aí, devido aos risco de “perda de espaço” o capiroto dos EUA inventam uma guerra lá onde judas perdeu as botas só para assegurar demanda para sua indústria bélica? Aí é uma NON SEQUITUR na veia.

            5) A guerra da Coreia não foi uma derrota dos EUA. E estes não lutaram sozinhos nesse conflito.

            6) Se abandonares o reducionismo talvez volte a debater esse tema. Se não, grato e até outra oportunidade. 

          2. Mano, na boa… todo cara que

            Mano, na boa… todo cara que não quer reconhecer os argumentos alheios e pretende desqualificar seu adversário diz “tendo em vista as falácias”. Eu não fiz isto, e você?

          3. Não te desqualifiquei, Fabio,

            Não te desqualifiquei, Fabio, mas os teu argumentos. Mesmo assim só parcialmente.

            Tenho-o em excelente conta e via de regra aprecio teus posts e comentários. Aprendo muito com eles. O que não implica, claro, em alinhamento incontinenti com eles. 

            Um abraço.

      2. “Manter a economia funcionando” – Em termos

        só um porém 

          A guerra não produziu nada para a sociedade, só destruiu, se fosse por uma guerra simplesmente por recursos haveria ganhos, “manter a economia girando” somente pode mascarar momentaneamente uma economia desfuncional garantindo empregos como na segunda guerra, mas empregos que deveriam ser  de outras áreas realmente produtivas, a indústria bélica não pode crescer demais a não ser talvez com vistas à exportação, a guerra deixou o país mais pobre pois quem estava na indústria não produzia algo de útil mas consome de quem produz.

  6. Pude ver por esse tempos

    Pude ver por esse tempos atuais duas situações dessa guerra. A primeira foi num documentário sobre o início da chegada das tropas americanas na região. Esse documentário já abordava a questão política da discordância no congresso do envio da tropa. Outro ponto interessante  mostrado foi o despreparo da tropa não só fisicamente, mas também o despreparo para o terreno da região.

    Em outro documentário assisti aquele dia final na embaixada em Saigon, quando um helicóptero pousou pra pegar o embaixador e ele se recusou a sair, dizendo que primeiro levassem as pessoas, as milhares de pessoas, famíliares de funcionários, militares, jornalistas e colaboradores vietnamitas que lá estavam. Pra piorar o quadro a população cercou a embaixada e começou a pular os muros já percebendo a chegada das tropas do norte. Quem não conseguiu entrar na embaixada foi para o  porto que estava abarrotado de gente querendo entrar em navios lá ancorados. Passarelas foram improvisadas, muitos cairam no mar e morreram afogados. Nesse momento a fúria e o desespero é de manada e os marines precisam atirar em pessoas  para amenizar a situação.

    Na embaixada helicópteros pousam e decolam levando aquele povo em desespero, dia e noite. O último voo levou o embaixador. Quem ficou na embaixada teve que sair dali correndo e ir para as imediações. Desespero e agora só esperar o pior.  Já se houve os ronco dos tanques do norte. Soldados do sul, numa cena impressionante, se despem de suas fardas deixando pelas ruas coturno, calças, camisas e suas armas. Ficam só de cuecas. São todos jovens com idade de 18 anos, crianças que não sabem  para onde ir. Equando a população está vestida estes jovens estão nus e esperando o momento pior. Não haverá misericórdia. Uma piedade. 

    Os tanques entram na cidade e são recebidos com festa pelo povo. Outra cena que impressiona são a de oficiais do norte,  mulheres inclusive, com pistola 7,65 nas mãos, no meio daquela multidão procurando soldados do sul para o tiro fatal. 

    Da embaixada os helicópteros levaram as famílias que puderam para navios. No final, depois de deixarem as famílias, essas aeronaves foram afundadas. Não tinham mais serventia e não tinha espaço nos navios para elas.

    A cena final é de um navio com bandeira do Vietnã do Sul e com centenas de refugiados indo em direção às Filipinas, cujo governo recusou-se a recebe-lo porque já tinha reconhecido o novo governo recém estabelecido no Vietnã.  A solução foi baixar a bandeira sul vietnamita e hastear a bandeira norte americana.  O momento em que a bandeira sul vietnamita é baixada a emoção toma o navio e as pessoas choram.

    Foi esse o prêmio que os americanos deixaram para aquele povo.

     

     

     

    1. Onde quer que tenham pisado,

      Onde quer que tenham pisado, os soldados gringos fizeram suas vítimas sofrer os horrores da guerra mecanizada para dar lucro aos fabricantes de equipamentos militares “made in USA”. Portanto, o sofrimento deles e dos aliados deles não me comove. A lição que os EUA aprendeu no Vietnam já foi esquecida. O militarismo/imperialismo dos EUA é um fenômeno crescente neste momento e já se desdobra até na Europa (os gringos estão colocando tropas e estocando material bélico na Ucrania para atacar a Rússia). Esta doença ideológica e estatal (militarismo/imperialismo) já se expressa de maneira cruel no orçamento dos EUA: os norte-americanos gastam com educação e saúde uma pequena fração do que gastam com armamentos e tropas. De fato, hoje podemos dizer que as Forças Armadas dos EUA tem um país para sustentá-las e sugam ferozmente a vitalidade econômica daquele país. Não é os EUA que tem Forças Armadas para defendê-lo. Em breve os gringos serão submetidos a um novo choque de horror e terror. E se cometerem o equívoco de enfrentar China e Rússia os gringos receberam em casa um pouco do veneno que espalharam pelo sudoeste asiático. Verei a agonia do império gringo pela TV? Well… isto não depende de mim. Mas se os gringos me proporcionarem este show darei boas gargalhadas. 

      1. ESPOLETA

        É Fábio,

        E no momento as empresas de mídia prostituída não informam sobre a concentração de equipamento militar nas fronteiras da Rússia e, pior, sobre a presença de “conselheiros” e mercenários na fronteira leste da Ucrânia, a poucos quilômetros da linha de frente na Novorússia, para treinar o exército ucro-nazi a usar equipamento ocidental que e e será fornecido.

        Quem conhece história sabe que esse é o ambiente ideal para o estouro da espoleta.

        E tudo isso para reativar a economia norte-americana, em estágio falimentar, às custas da Europa…

         

  7. Caro,
    Vejo, “Rambo,

    Caro,

    Vejo, “Rambo, Programado para Matar” com outro olhar hoje, na verdade já o vi na época como o desenvolvimento de uma idéia interessante: não é um filme falando de patriotadas norte-americanas, na verdade fala sobre o “não-lugar” reservado aos ex-combatentes (lembrem-se nos anos 60 o serviço militar ainda era obrigatório nos EUA). O filme é passado em uma paisagem belissima na costa oeste dos estados unidos (na verdade foi filmado na Columbia Britânica no Canadá), e o personagem tentando encontrar um colega de farda que o convidou para visitá-lo se estivesse desempregado, ele chega e é informado pela esposa/viúva, que o mesmo faleceu em decorrência de um câncer talvez causado pela inalação de “Agente Laranja”.

    Depois disso ele começa a andar pela cidade e é quando literalmente “surta” ao ser espancado pelos policiais locais.

    O momento para mim, crucial, não é o festival de violência (e devo dizer na minha modesta opinião, as sequencias são bem alinhadas no contexto), mas sim quando ele se encontra com seu mentor , o Coronel Trautmann e desabafa:

    – Senhor, quando estava no Vietnam eu operava equipamentos que valiam milhões de dólares, quando voltei para meu país não consigo nem emprego para lavar pratos!!!!

    As sequências deste filme que vieram depois, são imbecis…

    Os comentários acerca dos “brancos de olhos azuis vivendo em túneis” são uma piada e demonstram desconhecimento de que a pobreza sempre existiu nos EUA (basta acompanhar a migração dos brancos pobres em função dos “dust bowl” nos anos 30 tentando chegar na ensolarada California para apanhar laranjas sendo pagos de maneira irrisória – quer cinema sobre isto? assista ou leia as “Vinhas da Ira” de John Ford escrito por Steinbeck, ou assista “Esta Terra é minha Terra”, biografia de Wood Guthrie sendo representado magnificamente por Keith Carradine), e ela não é relegada apenas a população afrodescendente (que é a grande maioria devo deixar claro) ou hispânica. Não se engane pelo que aparece apenas na midia sobre os EUA, entendo que as pessoas são seletivas quando compram a ideia que a midia vende do Brasil (falo da midia Brasileira) e o que a midia americana vende de fato dos EUA, são farinha do mesmo saco. Obama enfrenta resistencias da direita em criar programas de saude para a população, e temos neste momento um candidato descendente de hispanico, cubanos, e que consegue ser mais à direita do que a propria Sarah Palin.

     

    1. Rambo é seu herói, a vida nos

      Rambo é seu herói, a vida nos túneis nos EUA na atualidade não é uma realidade (ou não deve ser considerada um fato importante porque algo semelhante ocorreu nos anos 1930) e eu sou um desinformado porque você diz que eu sou um desinformado. Entendi tudo? Caso contrário faça um ataque pessoal mais direto e menos sinuoso. Demonstre de maneira mais viril o seu “patriotismo azul e vermelho”. Ha, ha, ha… 

      1. Calma, Fabio. O que o Gui diz

        Calma, Fabio. O que o Gui diz é que o primeiro filme de Rambo é na verdade uma crítica aos Estados Unidos que ao mesmo tempo que utilizou os seus recrutas como carne de canhão e depois se esqueceu deles. Desse ponto de vista o filme é honesto, as sequências é que são ruins.

        1. O problema com Rambo é o mesmo de outrosd filmes

             Mostra os EUA como vítimas do conflito quando eram algozes, de muitos dos seus também é verdade mas na maioria dos filmes o vietnamita é coisificado e os americanos são coitados, mas as vítimas vietnamitas eram muito mais numerosas e incluiam crianças.  Em Rambo há uma frase grotesca no desabafo do protagonista reclamando das “besteiras” que falavam como a morte de crianças.

      2. Caro,
        Rambo não é meu herói,

        Caro,

        Rambo não é meu herói, mas sou, admito, um cinéfilo, e leitor compulsivo, voce no fim das contas não entendeu o que eu disse, relativizar a questão somente por um detalhe de serem negros ou brancos de olhos azuis não faz a minima diferença. Não existe “ataque pessoal”, existe divergência de idéias, não estou brigando com voce, é a velha mania do ser humano de interpretar discordância de pontos de vista com ataques pessoais, talvez pela falta de entender a necessidade de que podemos discordar de ideias, mas não precisamos atacar as pessoas que as proferem.

        Saudações democráticas

        1. Piada mesmo é alguem desdenhar de uma delcaração

          e ao mesmo tempo concordar com ela, coisa recorrente entre os americanófilos daqui que tem mania disso quando os EUA ficam mal na fita, então não se surpreenda ao se ver em compahia deles.

           

  8. Viva o comunismo, morte aos

    Viva o comunismo, morte aos Ianques, nõ importa que isso leve a morte milhares de civis..

    Quando os EUA deixaram o conflito, dezenas de milhares de civis vietnamitas foram assassinados pelos comunistas, o que é o padrão da ação comunista matar seu próprio povo.

    O mundo tem uma sorte enorme em não se tornar uma grande ditadura socialista.

     

    Polícia comunista vietnamita destruindo uma pequenina capela de cristãos da etnia Hmong

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=Sl8aKwBB5As%5D

    1. Onanista gringo patriota no

      Onanista gringo patriota no Brasil é foda. Continua acreditando que os EUA venceram a Guerra do Vietnam e considera “comunista vietcong” qualquer um que admita uma verdade trivial aceita até pelo governo norte-americano.

      Na boa, mano… você anda se masturbando tanto que já está parecendo um daqueles caras da Shindo Renmei, um daqueles imigrantes niponicos fanáticos que faziam propaganda da vitória do Japão na II Guerra Mundial e que chamavam de “corações sujos” os imigrantes japoneses que acreditavam na derrota do Japão na II Guerra Mundial (fato que você provavelmente não vai negar, pois a sua pátria gringa foi vitoriosa sobre o Japão usando bombas atômicas contra civis inocentes). A Shindo Renmei matou muita gente no Estado de São Paulo e alguns de seus membros ficaram ricos vendendo passagens falsas para o Japão vitorioso. Mas eles acabaram sendo presos.

      Ha, ha, ha… Agora você pode ir afiar a sua katana Harrori Hanzo para tentar me matar. Contudo, o meu coração está mais limpo do que o seu… Morrerei tranquilo. E você? Ha, ha, ha….

    2. Ô neide tem toda razão!

      Doutor Ô neide tem toda a razão, communisthas maos destruiram vi-o-len-ta-men-te a capela cristã sem cruz da tal minoria desconhecida do filme feito sem identiphicação de local ou autoria.

      Esses ateos demoníacos bolcheviques, filhos de Lúcifer, são mesmo cruéis, corruptos e incompetentes.

      Não são como o demmocráptico e generoso estado capitalista bandeirante neo-liberal tuchano do Doutor Geraaaldo, que sabe tractar a maioria da gentalha ignara trabalhadora, os desocupando e demolindo suas ricas mansões obtidas em negociatas obscuras, em benephício de um bom e perseguido investidor Nahas, conhecido como um grande filho da pátria, um dos responsáves pela destruição da bolsa de valores do RJ, grande amigo e co-réu na mui bem finada, por Dr. Gilmau, operação Satiagraha, aquela do banqueiro algemado es-pe-ta-cu-lo-sa-men-te, o de olhos azues, cheio de opportunities.

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=NBjjtc9BXXY%5D

      Ô neide is a good good fellow!

    3. Quem matava o próprio povo eram os oneides locais

        Que ajudavam a jogar napalm no próprio país, tiveram que encarar a fúria dese tal de “próprio povo”.

  9. bélicas

    As forças armadas estadunidenses, apesar de sua enormidade e poderio, têm um calcanhar de Aquiles: pouca resistência a baixas.

    Quando as sacolonas pretas começam a chegar em quantidade semioticamente notável, começa a choradeira do eleitorado e acende o sinal amarelo para os congressistas e o supremo mandatário da vez. E então, toda tradição filmográfica heróica e belicosa – remontante a SARGENTO YORK – perde audiência no contato com a realidade.

    Parece-me que, ao longo dos anos, essa vulnerabilidade tornou-se mais dramática do que o foi na Guerra do Vietnã.

    Exemplos?

    A retirada no Líbano , em 1982, após o atentado que matou pouco mais de 200 marines.

    A retirada na Somália, em 1993, após o fiasco da Batalha de Mogadíscio – a um custo de menos de 20 baixas fatais(Suponho que todo mundo tenha assistido FALCÃO NEGRO EM PERIGO).

    As retiradas parciais no Afeganistão e no Iraque – onde, em rigor, os poucos milhares de mortos entre os soldados estadunidenses representam, objetivamente, perda militar desprezível em relação ao contingente total mobilizado e , menos ainda, ao mobilizável .

    Observe-se que essa reconhecida vulnerabilidade tem sido parcialmente compensada com a terceirização da guerra – via contratação de empresas de segurança (leitura recomendada: BLACK WATER, de Jeremy M. Scahil) – e tecnologia – drones e bombardeios que apresentem risco desprezível para o atacante.

    No NASCIDO A 4 DE JULHO, de Oliver Stone, o personagem central – vivido por Tom Cruise – culpa John “Boinas Verdes” Wayne pelo tiro que o deixou paraplégico.

    Não obstante uma ou outra produção crítica, sem dúvida, Hollywood tem – e continua tendo – uma enorme culpa no cartório.

    1. Terceirização

        Tem um certo País da América Latina estudando a terceirização de algumas atividades , consideradas meios de apoio ao combate, treinamento, simulação, manutenção geral etc.. 

  10. A “vitória ” no Tet , quem venceu ?

       Taticamente, nas batalhas e combates ocorridos após a 1a fase da ofensiva, a vitória tática foi americana – sul vietnamita, que mesmo sofrendo vultosas baixas de pessoal e material, conseguiram reverter os ganhos alcançados pelos vietcongs e pelo Exército Norte – Vietnamita.

        Mas no campo estratégico e politico ( tanto externo como interno ), a vitória foi do Norte – como está claro em um próprio texto do Depto de Estado dos Estados Unidos, no “Office of Historian” // history.state.gov/milestones/1961-1968/tet , um bom resumo sobre a analise norte-americana atual, sobre esta ofensiva.

        Quanto as incursões das midias de massa e entretenimento, quando tratam destes assuntos, sempre é um monte de asneiras, patriotadas mils, press-releases intencionais ( embebed news ), algumas são até bem atuais, como a bagunça referente ao abate do voo MH-17, que possui versões para todos os gostos.

  11. Ideologia na guerra

     A maioria dos participes deste blog, incluindo o Fabio, não irão gostar da fonte utilizada, a qual colocarei no final do post, ou a maioria não leria, portanto aos fatos :

     Analises sobre derrotas, ou eufemisticamente escrevendo – ” paz honrada”, “retirada estratégica”, “vietnamização da guerra ”  – demandam dos historiadores e analistas militares muito tempo ( “feridas tem que cicatrizar”), sendo continuamente sujeitas a revisões; e sendo determinantes na evolução das doutrinas , vitais na formulação de politicas de defesa, incluindo o ambito da industria de defesa, são pouco ou nada acessiveis, sequer interessantes, ao publico em geral.

      A “derrota” americana no Vietnã ocorreu mesmo, aliás a percepção deste fato teve inicio anterior a Ofensiva do Tet de 1968, pois fatos anteriores, ocorridos entre 1966/1967 durante o Gov. L. Jonhson/Mac Namara ( as “Rolling Thunders” ), já mostraram aos “operadores de inteligência” ( CIA ), e aos S2 militares, que esta “guerra” possuia outro componente alem do militar, mas o ideológico, tanto que a “Ofensiva do Tet / 68 ” e a subsequente em 1972, não devem ser apenas encaradas pelos movimentos militares, pois foram esssencialmente movimentações politico – militares, de ambos os lados, tanto que em ambas, ocorreram modificações das politicas nos contendores.

      Um exemplo: No Ocidente, durante os anos da “guerra fria” ,e mesmo em relação as tropas soviéticas ( II GM ), chinesas/nortecoreanas, vietcong/norte vietnamitas, a influência na guerra e nas operações, pelos “Oficiais – Politicos” e/ou Dirigentes Politico Militares ( Politruks na terminologia soviética ), foi relegada a um segundo plano, Mas estudos mais aprofundados, sérios, sobre estas “guerras de libertação”, mostram hj., outra realidade, como:

       ” Eles diziam a seus homens que seus fracassos eram causados por seus próprios erros e suas debilidades ideológicas, mas que poderiam ser corrigidos, e ainda vencerem, pois se a eles fosse permitido crer que suas derrotas eram o resultado da esmagadora superioridade material e tecnológica americana, eles poderiam então, perder a esperança e renderem-se – Mas, estes soldados e comissários politicos, irmanados em um “exército ideológico”, com sua fé cega e inquestionavel, tanto em sua causa, como em seu povo, terminaram vencendo os orgulhosos e frios profissionais de uma superpotencia moderna ” 

         Texto publicado em 2003, no “The Journal of Military History”  ( o qual assino ), extraido do livro ” The – Ology War: Technology and Ideology in the Vietnamese Defense of Hanoi, 1967 ” de Merle L. Pribbenow II ( historiador de inteligência militar, analista de campo da CIA no Vietnã durante os anos 60 – 70 , que ficou na CIA por 27 anos, de 1969 até 1996 ).

          P.S.: Em português ( não existe tradução deste livro ou do Journal ), este texto foi publicado em 2013 no numero 71 da “Revista Asas”, matéria de Diego Zampini, referente ao ” The Black Wednesday to Hanoi ” ( a maior derrota americana, em batalha aerea durante a guerra do vietnã ). Portanto ocorreram derrotas americanas, o problema é o entendimento, de quem não é do ramo, do que é considerado uma “derrota” ou “vitória”, ou como diria uma pessoa que conheci : Pirro venceu, mas perdeu.

    1. O foco central do meu texto é

      O foco central do meu texto é o movimento politico e jornalística contra a guerra dentro dos EUA, que sem dúvida alguma colaborou para a derrota do imperialismo norte-americano no sudoeste da Ásia. Nas discussões que tive com os outros comentaristas procurei formular uma intepretação histórica da guerra com distanciamento e levando em conta outros fatores (como o crescimento da participação de França, Japão, Alemanha, Itália no mercado mundial às custas das exportações dos EUA nos anos 1950). Eu não tratei da guerra como uma questão militar, pois não estou qualificado para fazer isto. 

      Que parte do meu texto você não entendeu?

       

  12. A derrota foi militar SIM

         Com a alegação de que os americanos venceriam a guerra se simplesmente insistissem indefinidamente não se pode vislumbrar uma vitória militar e sim econômica já que em táticas de combate a derrota americana expunha o país ao ridículo, mas ainda assim haveria um problema, àquela altura o conflito já deixava um estrago e tanto nas contas americanas, ou seja a continuação da guerra traria possivelmente uma derrota também econômica já que a insistência americana se faria com material caríssimo e ineficiente contra as letais embora primárias armas locais, lembrando que o Afeganistão também trouxe bastante prejuízo à URSS. A única forma de ver uma vitória americana, se é que pode se chamar dessa forma é bastante mórbida, seria a contagem de corpos inimigos embora muitos deles fossem simplesmente civis no fogo cruzado, ou seja, ainda assim discutível.

        Os EUA não conseguiram o objetivo traçado que era estabelecer um governo fantoche em todo o território vietnamita e nada sugere que conseguiria algum dia, não faz sentido relativizar o desastre americano mas a guerra de propaganda que os americanos também aviam perdido continuou sendo travada por um lado só.

  13. O militarismo é sempre nocivo

     

    Fábio de Oliveira Ribeiro,

    Belo texto.

    Uma grande lição de humanismo. A verdadeira vitória é a derrota. O povo americano obteve uma vitória mas a viu escorrer pelo dedo. É a sensação de inferioridade diante da derrota que nos faz um pouco mais humanos. Os alemães depois da derrota da segunda grande guerra são um pouco melhores do que os alemães de antes da segunda guerra. O crescimento na derrota é bom, mas é o crescimento na humilhação. Eu gostaria de mais. Penso que o crescimento humano acontecerá de fato quando após uma vitória um povo exclamar constrito: “meu Deus o que eu fiz! Eu ganhei uma guerra!”. A verdadeira vitória só seria alcançada quando um povo percebesse a inferioridade dele por ter ganhado uma guerra. Trata-se, entretanto, de uma quimera que quando for possível ocorrer já não haverá mais guerras.

    E agora a minha crítica. Por perfeccionismo eu tiraria o “só” da frase:

    “O militarismo só é um fenômeno realmente nocivo quando apoiado pela sociedade e estimulado pelo jornalismo”

    O militarismo para mim sempre foi e será um fenômeno nocivo.

    E também acrescentaria uma idéia a frase abaixo:

    “Esta vitória escorreu entre os dedos dos norte-americanos à medida que os EUA recuperaram seu ímpeto imperial e militarista com apoio da imprensa das novas gerações às guerras no Iraque e no Afeganistão”.

    A idéia que eu penso que valeria apresentar junto a esta frase era de que, ao apoiar o ímpeto imperial e militarista, os norte-americanos se igualam a todos os demais povos do planeta que se tornam militaristas patriotas e apoiam qualquer governo que vença uma guerra.

    Foi por saber que o povo americano é igual a qualquer povo do planeta que George Walker Bush, o filho, fez a Guerra do Iraque. Se ele tivesse a informação de que o povo americano, ao contrário dos outros povos do planeta, não era um povo bárbaro e que, portanto, reprovaria imediatamente qualquer presidente de uma nação de um exército poderoso que fizesse uma guerra contra uma nação tão despreparada como a Iraquiana, ele não teria feito a guerra no Iraque. Razões econômicas (temor de o dólar deixar de ser moeda mundial, necessidade de obtenção do petróleo), razões militares (necessidade de utilização de material de guerra com prazo de validade próximo a vencer), razões de interesses das empresas de armamentos podem ter existido, mas não são suficientes nem necessárias. George Walker Bush fez a guerra para ganhar a eleição.

    É claro que George Walker Bush não queria ganhar a eleição apenas para ganhar eleições. Razões econômicas, razões militares, razões de interesses das empresas de armamentos podem ser que o tenha levado a querer ganhar as eleições. Só que se ele soubesse que se fizesse a Guerra do Iraque, mesmo que os Estados Unidos ganhassem a guerra, ele perderia a eleição, ele não teria feito a guerra no Iraque. Mas para que ele perdesse a eleição seria necessário que o povo americano não fosse um povo bárbaro, ou seja, não fosse igual a todos os outros povos do planeta.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 28/04/2015

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