O “caipirês” na linguagem radiofônica paulista

 
Por André Araújo
 
Quando surgiu o rádio no Brasil em 1930 as emissoras selecionavam os locutores e comentaristas pelo nível mais alto de dicção e perfeição de linguagem. Tenho gravações de programas inteiros da época de ouro do rádio e dá gosto ouvir a limpidez, empostação e qualidade da linguagem radiodifundida, um processo que muito servia ao povo mais simples, que refinava sua própria forma de falar.
 
Hoje vemos em São Paulo, especialmente em algumas rádios, a Bandeirantes é campeã, um nivel abastardado de linguagem que atinge píncaros de vulgarização e boçalidade, especialmente nos chamados “programas esportivos”.

 

A Bandeirantes especializou-se no “caipirês”, uma forma de cafonismo caipira com vocabulários pobres e com o horrível sotaque dos cafundós do Estado de São Paulo. O problema não é o só o sotaque de nascença, é a persistência dele após o locutor estar há décadas na Capital, nada que uma fonoaudióloga não corrigisse em duas semanas. MAS NÃO, eles querem falar em caipirês, aos berros e aos gritos, insultando os ouvidos e espalhando a ignorância.
 
Na Bandeirantes, quase todos da área esportiva usam o caipirês com orgulho e altaneiria, devem achar lindo.
 
Mas será que a direção da emissora não acha vozes mais educadas para representar essa rádio tão antiga?
 
O criador do sistema, ex-Governador Adhemar de Barros, era de São Manoel e nunca falou caipira, os locutores  Salomão Esper e Jose Paulo de Andrade falam português correto e civilizado, parece que esse lado da emissora foi vencido pelos “caipiras”, que horror, sinal de nossos tempos de Enem.
Redação

49 Comentários

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  1. Mas isso é do brasileiro,

    Mas isso é do brasileiro, André: nivelar por baixo. Se o povo não aprende a língua portuguesa, então a solução e empobrecê-la, tal como fez a reforma ortográfica. Para atender o nível ao rés do chão do brasileiro comum, em se tratando do uso da língua, talvez o melhor mesmo seria aproximá-la do inglês: eliminar os plurais (ou restringí-los severamente) e tornar oficial o “nóis é”,  “nós vai” e “nós foi”. Infelizmente, cultiva-se a falsa ideia de que falar certo e sem sotaque cheira a arrogância e prepotência, o que seria impopular, podendo levar à perda de audiência. Durma-se com mais esse barulho.

      1. só no radio???

        André, voce citou o rádio, e as televisões???nossa…ver e ouvir o Faustão falando orra meu………….

        ainda bem que não vejo, nem  ouço há mais de uma década!!

  2. Preconceito linguístico
    O autorrr do texto presta um desserrrviço à língua porrrtuguesa no Brasil e aos veículos de comunicação ao reduzirrr a riqueza e a diverrrrsidade do porrrtuguês brasileiro. O orrrgulho do sotaque é uma atitude diante da língua e da linguagem. Quem disse que o sotaque paulistano ou o carioca são mais bonitos e, por isso, representantes nacionais? Quem definiu que o sotaque caipira é vulgarrr e boçal? A elite de sempre que trata uns com prestígio e outros de forma pejorativa.  O padrão de qualidade de “vozes mais educadas” revela todo o preconceito linguístico do autorrr, que arrota os padrões pretensamente de prestígio em contraposição à fala do caipira. Porrr que o popularrr é atacado violentamente desta forrrma?  Sugiro ao autorrr lerrr mais sobre a sociologuística para entenderrr que o preconceito linguístico pode serrr combatido com atitude. Terrr orrrgulho do sotaque caipira não é problema. Problema é acharrr que a fala do outro é ruim porrrque não foi enlatada para serrr vendida porrr um veículo pretensamente nacional.   Reinaldo Césarrr Zanarrrdi, jorrrnalista, professorrr de Jorrrnalismo e doutorando em Estudos da Linguagem. Londrina/PR. 

    1. Falar errado e falar feio não

      Falar errado e falar feio não valoriza nenhum povo.

      As grandes linguas do planeta tem linguagem culta e linguagem coloquial.

      Os veiculos de comunicação usam tradicionalmente a lingua culta.

      Vale para o arabe, para o chinês, para o inglês, para o francês, para o italiano, para o espanhol e para o russo.

        1. Nada a ver. Língua é

          Nada a ver. Língua é patrimônio cultural de um povo e deve ser protegida. O francês, por exemplo, enquanto estrutura sintática, não mudou nada em duzentos anos. O que se atualizam são os substantivos, porque a língua é dinâmica. Se a língua culta é desprezada, a própria cultura se enfraquece, abrindo-se oportunidade de dominação cultural também nesse campo. Falar bem a língua é também tutelá-la e propiciar avanço civilizatório. Falar feio e errado existe sim, enquanto houver padrão de língua culta, o que não se confunde com a linguagem coloquial, cujo uso ninguém está autorizado a esculhambar.

        2. Existe sim, tudo que sai do

          Existe sim, tudo que sai do equivocado sr. Aliança é errado e feio, com exceção (para confirmar a regra) desse comentário em questão. De fato o importante é se comunicar bem, o que não é seu caso. Como o texto escrito não tem sotaque, não sei se é em caipirês, mas seja como for, só dizes sandices e mais sandices

      1. Língua culta

        Os veículos usam tradicionamente a língua culta e pasteurizam o sotaque com os fonoaudiólogos. Esse padrão não revela apenas a tentativa de dar uma unidade a esse imenso país. Revela ainda o preconceito que confere status a uns e discrimina outros. Não é preciso defender a língua culta atacando a forma caipira. Isso é preconceito linguístico. Simples assim.

      2. Errado em nome de quê?

        Toda língua viva tem várias variedades, e nenhuma tem valor intrínseco maior que nenhuma outra. Além do mais, a dita norma culta REAL — a que realmente é usada por pessoas de nível superior de escolaridade — nao se distancia muito da fala popular, com exceçao do percentual de marcas de concordância. O que está completamente distante de QUALQUER VARIEDADE ATUAL DA LÍNGUA é a descriçao das gramáticas normativas, que nao correspondem mais à linguagem de ninguém (se é que já correspondeu, pois desde o início essas gramáticas se basearam apenas em autores literários de lugares e epocas diversas — mas todos anteriores a o Modernismo, que já faz quase 100 anos…).

        Seria melhor vc nao falar do que nao entende, André, ao invés de dar esse show de preconceito linguístico.

        1. Não se trata de preconceito e

          Não se trata de preconceito e sim de CONCEITO. A diferença da linguagem de qualidade e a de baixo nivel não é só a concordancia, é muito mais. Em primeiro lugar o VOCABULARIO muito mais extenso na lingua culta, depois as colocações

          pronominais, a adjetivação só quando necessaria, a aplicação adverbial, o uso das pausas e especialmente a regencia verbal. Ao contrario do vc diz, a lingua coloquial não tem nada a ver com a lingua culta.

          Quando estive em Bgadag no começo dos anos 80 havia na nossa missão comercial senhores libaneses natos que moravam em São Paulo, tentaram falar arabe com iraquianos e a maior parte da fala não era entendida. O arabe coloquial  do Libano é muito, muitissimo diferente do arabe coloquial do Iraque MAS o arabe gramatical do Libano, só acessivel

          para quem cursou universidade é quase identico ao arabe gramatical da elite iraquiana. O mesmo se passa na China com o

          chines dialetal, o que fala em Cantão é muito diferente do que se fala em Prquim mas o mandarim culto é o mesmo.

          Na Italia o dialeto napolitano, calabrês ou barês é lingua estrangeira em Milão mas o italiano de Florença, limpido, bonito, agradavel aos ovidos é entendido por toda a Italia.

          O que preserva a identidade de uma cultura nacional é a lingua culta, a coloquial só serve na padaria.

           

          1. Vc só está repetindo o mesmo preconceito

            Que haja variedades em uma língua que sao mais populares é óbvio, ninguém está negando isso. Do ponto de vista linguístico, valem tanto quanto as outras, a diferença é de estatuto social dos falantes e de certos usos específicos. E o que eu disse sobre a língua popular urbana nao diferir muito da norma culta salvo no percentual de marcas de concordância é resultado de pesquisas sociolinguísticas. Vc acha que o seu “nariz” sabe mais?

            O vocabulário é mais extenso na “língua culta”? Nao, é diferente apenas.

            As “colocaçoes pronominais” sao velharias que fazem sentido na fala dos portugueses, porque lá a reduçao vocálica é tao grande que fica quase impossível para eles usar os pronomes em próclise, como fazemos os brasileiros, cultos ou incultos,  e TODAS AS OUTRAS LÍNGUAS ROMÂNICAS (pelo menos o espanhol, o francês e o italiano).

            Uso maior ou menor de adjetivos é questao de estilo individual, nao de nível de língua. “Aplicação adverbial” nao sei o que vc quer dizer com isso, se é apenas uma forma empolada de falar do uso de advérbios vale o mesmo que eu disse para os adjetivos.

            Regência verbal existe em qualquer variedade da língua, só que pode ser diferente numa variedade e noutra. E as regências obsoletas em que as gramáticas normativas insistem já nao sao mais observadas por ninguém, nem mesmo pelos conservadores que as defendem. Assisti uma conferência da Professora Maria Eugênia Lamoglia Duarte em que ela mostrava como a escrita CULTA no Brasil estava se afastando cada vez mais dessas prescriçoes. Um exemplo era da Veja. Usava o verbo assistir seguido da preposiçao A, como mandam as gramáticas, mas depois, NA MESMA FRASE, o usava na voz passiva (o que deveria ser impossível se ele tivesse essa regência, voz passiva em português é só com verbos transitivos diretos, diferentemente do inglês).

            Enfim, NAO FALE BOBAGENS, André. Nao se meta a tentar ensinar aquilo que vc NAO CONHECE. Nao tem obrigaçao de conhecer, OK, vc nao é linguista. Mas nao enrole!

    2. Londrina, uma bela cidade, mas…

      Galpão Nelore é um lugar de grande referência em Londrina. Estruturalmente, essa churrascaria não perde para nenhuma grife de carne de SP e do RJ. Fosse aqui nos Jardins em SP, seria bem relevado.

      O problerma é quando os “colunáveis” londrinenses “marrrcam presença”. Uma boçalidade só. Vou muito a Londrina e na última vez em que estive naquele restaurante , havia um grupo de 10 ou 12 desses colunáveis lotados perto de minha mesa. À medida que chegavam os convivas, era um arrozal só. Abraços efusivo, bejinhos entre as esposas e namoradas e o mais dissaboroso: CONVERRRSAVAM ALTO DEMAIS, botando aqueles ensejos caipireses como se fossem as grandes referências de elegância e de educação do mundo (para o nível do colunismo social regionais, talvez), sem um mínimo de “sitocômetro” para com os vizinhos. O ponto culminante foi um casal que se deu em literalmente encostar os respectivos traseiros em minha mesa como se fosse apoio de encosto, a ponto de a moça, rindo alto e com uma taça de vinho na mão,  quase esbarrar em minha namorada. Não aguentei. Chamei o metre, pedi a nota, paguei e caímos fora. Mal tínhamos jantado. Decidi ir um carrinho de cachorro quente prensado de que me falavam muito. Pessoas simples que nos atenderam, mas muito mais educado que os colunáveis caipiras de SUV cafonas que encontrei no “restaurante badalado” da cidade. Esses mesmo que desprezam gente simples, mas que “pagam pau” pra ˜Galvões Buenos”e “Luãs Santanas” da cidade.  Que máximo. 

       

       

       

      1. Não sou cliente do Galpão Nelore

        Eden, esse perfil que vc descreveu é o mesmo da elite brasileira cujas características podem mudar conforme a localidade, mas não a sua essência. Talvez, algo atual que os una é bater panelas na varanda goumert. Em tempo não sou cliente do Galpão Nelore. rsrsrsrsrsrs

      2. Esse problema de mesas

        Esse problema de mesas grandes em restaurantes é generalizado em São Paulo. Cada um que chega levanta, abraça, bate nas cotas e fica de pé conversando roçando nas cadeiras de outros clientes, atrapalham todo o serviço do salão,

        é o chamado cafona com dinheiro, muitas vezes tambem é caipira, há cafona urbano e do interior. Isso existe muito em São Paulo nos fins de semana, o negocio e não sentar perto de mesas grandes, 8 já é demais, em Dallas não permitem mesas de mais de 8. Mesa grande é um acinte para os demais clientes pois todos berram para serem ouvidos, muitas vezes sentam os maridos de um lado e as esposas de outro, é um horror. Mas o grande problema dos restaurantes de São Paulo é o FALAR ALTO em dois tons acima do necessario e o asno nem percebe. A defesa é ir aos poucos selecionando os retaurants, alguns raramente tem esses grupos e outros tem sempre.

  3. Caipirês

    Prezado Dr. André Araujo, qual a relação do caipirês com o Enem?

    Por favor, cite mais de 1 dos tais locutores e comentaristas que fizeram o Enem.

    Pelo menos para tentar provar sua teoria.

    Fico no aguardo.

    Atenciosamente.

  4. Caro André, vc não acha que é

    Caro André, vc não acha que é algo preconceituoso dizer que o “caipirés” deveria ser evitado em favor de um sotaque dito mais urbano? Vc sugere, ou melhor, afirma que o caipirés deveria ser substituído por “vozes mais educadas”. Que estultície! Eu particularmente não ouço rádio, mas entendo que quem não gosta de determinados sotaques deve mudar de estação. Simples assim. 

  5. Não sei a que você se refere

    Não sei a que você se refere porque sou do interior e não ouço a Band. mas acho um esnobismo achar que o sotaque  do interior signifique algum tipo de atraso. Falar diferente e com termos diferentes só faz enriquecer a língua de um pais e mostrar sua diversidade. Viva Guimarães do interior de Minas, viva Graciliano do Nordeste e Monteiro Lobato do interior de São Paulo. E o Mario de Andrade paulistano, Manuel de Abreu do pantanal, Mario Quintana do Rio Grande do Sul, Vinicius do Rio de Janeiro, João Cabral de Pernambuco e Leminski do Paraná. 

    No interior já acontece o contrário. Locutores de rádio se metem a falar com esse sotaque empolado com o erre destacado dos paulistanos. Acho um horror. Na comunicação o que importa é o conteúdo, não a forma. E naturalmente o uso correto da língua porque os grandes meios de comunicação permitem o aprendizado de forma indireta.

  6. Os comentarios não atingem o

    Os comentarios não atingem o cerne da questão. Em qualquer pais civilizado há uma lingua culta e uma lingua coloquial.

    Faz parte da evolução cultural de um Pais difundir a LINGUA CULTA o mais que puder, esta eleva os espiritos e melhora o raciocinio. O radio no seu nascedouro se propos a servir a esse objetivo, a BBC de Londres fifundiu o ingles de padrão culto pelo mundo, a RAI italiana difundiu o padrão florentino da lingua culta italiana , a nossa Radio Nacional tinha excelentes locutores que falavam o português limpido, claro e correto, Cesar Ladeira (paulista) era o ícone deles.

    A linguagem coloquial fica nas ruas, não pode ser padrão para difusão em radio, escola, academia ou imprensa.

    A lingua é um patrimonio de um povo e é obrigação do Estado preservar a lingua culta porque a coloquial anda sozinha.

    Radio é uma concessão do Estado, no governo de Getulio o padrão de linguagem da radio era exigencia do Estado através do DIP que impunha regras de qualidade à difusão radiofonica, mesmo os locutores esportivos falavam o português correto, a vulgarização nasceu a partir de 1990. Os locutores antigos, como Salomão Esper, ainda na ativa, tinham orgulho

    da colocação pronominal certa, da adjetivação perfeita, das concordancias verbais, de genero e de plural. Esse é um patrimonio de um povo, não é para ser jogado na lixeira da vulgaridade boçal, emissora de radio não é botequim.

    1. “Boa língua”
      André, entendo e respeito a sua preocupação em defender a língua culta nos veículos de comunicação, mas fazer isso desprezando a língua em uso é preconceito linguístico. Você mistura vários temas na defesa da “boa língua”, desclassificando a linguagem caipira. Concordaria – originalmente – com o seu artigo se vc afirmasse que é preciso melhorar o vocabulário dos nossos comentaristas, melhorar o uso do pronome, das concordâncias verbais, de gênero e de plural, como vc faz agora neste comentário. E para fazer isso, não é preciso tirar o peso do r, nem amenizar o sotaque do interior, muito menos pasteurizar a diversidade cultural para se fazer entender. No entanto, vc defendeu a “boa língua” atacando a linguagem caipira, que é patrimônio nacional. O que seria de Inezita Barroso e tantos ícones da música caipira se eles pensassem desta forma? Para defender algo não é preciso desmerecer o outro. 

      1. Reinaldo, vou te aconselhar uma leitura

        Já que vc está mostrando que nao é preconceituoso, mas que ainda acredita nas bobagens da gramática normativa super ultrapassada, te aconselho a leitura de textos da Professora Maria Eugênia Duarte, da UFRJ. Ela mostra claramente que a linguagem descrita nas gramáticas normativas é uma ficçao, que nao corresponde à linguagem de ninguém, nem mesmo à ESCRITA de cientistas, jornalistas e cronistas. Se esses autores nao dominam a “norma culta”, entao quem domina?

        Infelizmente procurei artigos dela no Google Acadêmico, mas os links nao estao funcionando. Um deles vai sair no próximo número da revista Matraga, e denuncia essa bobagem de identificar gramáticas diferentes com níveis de linguagem diferentes (formal X informal). Chama-se “Gramática(s), ensino de Português e “adequação linguistica”. Outro muito bom foi publicado na Revista Letra de 2013, e se chama “O papel da Sociolinguística no (re)conhecimento do português brasileiro e suas implicações para o ensino”. 

        E lembro o trechinho do M. Gnerre que já pus aqui no Blog várias vezes, que contém uma reflexao importante:

        “Talvez exista uma contradiçao de base entre ideologia democrática e a ideologia que é implícita na existência de uma norma linguística. Segundo os princípios democráticos, nenhuma discriminaçao dos indivíduos tem razao de ser, com base em critérios de raça, religiao, credo político. A única brecha deixada aberta para a discriminaçao é aquela que se baseia nos critérios da linguagem e da educaçao.” (M. Gnerre, Linguagem, Escrita e Poder, ed. Martins Fontes, 1985). 

         

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        1. Anarquista Lúcida, agradeço

          Anarquista Lúcida, agradeço pela indicação. Vou procurá-la. O problema não é a gramática normativa, mas achar que ela é a base de todo o bom falar e que representa a língua como um todo. Devemos sim, na escola aprender a norma culta e usá-la conforme a ocasião. Eu não falo e ninguém fala em uma conferência como se fala em um churrasco. No entanto, aprender a língua culta não nos faculta desprezar a linguagem coloquial e sair distribuindo preconceito linguístico. E este também é papel da escola. Pena que não cumpre.

          1. O que estou te dizendo é mais do que isso

            O que estou dizendo é que a “norma culta” real — a língua das pessoas de nível superior, inclusive dos que usam a escrita profissionalmente — NAO É a que está registrada nas gramáticas normativas, a qual nao corresponde mais nem à linguagem oral nem à escrita de ninguém. Veja os artigos da Eugênia, nao sao “palpites”, sao resultados de pesquisas sociolinguísticas.

      2. Meu caro, tenho toda a

        Meu caro, tenho toda a coloção de long plays da Inezita, que aqui em casa é um ícone. Mas a Inezita cultuava a moda capiria AUTENTICA, não o sertanejo cafona da periferia de São Paulo que não  é nem caipira e nem legitimo.

        Inezita nasceu e foi criada em São Paulo, nunca foi caipira,  era uma estudiosa da musica caipira e não falava caipirês, seu português era culto e de classe alta, ela não é um exemplo a favor de se falar caipirês no rádio, ela nunca falou caipirês.

        1. Prezado André, Inezita

          Prezado André, Inezita Barroso é exemplo de respeito ao dialeto caipira representado pela sua música. Quando ela falava a linguagem culta não desprezava os legítimos caipiras que ela representava. E aí temos vários tipos de caipira, incluindo os cafonas que vc tanto ataca. Preconceito linguístico seu. Repito, não é preciso defender a língua culta atacando todas as outras variações presentes na língua.

    2. O problema não reside no uso do coloquial.

      A crônica tem grandes mestres do coloquial consagrados em nossa literatura. O que existe de pavoroso é o verdadeiro abuso do chulo, uma inundação em extremos de uma linguagem embrutecedora, sempre carregada de preconceitos, com aparência de iconoclastia, mas sempre veladamente conservadora, ou mesmo reacionária. 

    3. “governo de Getulio” tinha

      “governo de Getulio” tinha como objetivo acabar com a federação,por isso  “o padrão de linguagem da radio” era para acabar com a identidade cultural dos estados.

       

      1. Até relógios parados dao a hora certa duas vezes por dia

        Aliança é um troll notório, mas dessa vez merece as 5 estrelas. Falou e disse.

    4. Besteira em cima de besteira

      Norma culta é a linguagem REALMENTE USADA por pessoas de nível superior de escolaridade. Pesquisas têm mostrado que, nos meios urbanos, há pouca diferença entre a língua dessas pessoas e a das classes populares, com exceçao do percentual de marcas de concordância. Aliás, falar em norma “culta” já é hipocrisia: Mattoso Câmara, um dos maiores linguistas brasileiros, falava apenas de norma, e a definia como: “”conjunto de hábitos linguísticos  vigentes no lugar ou na classe social mais prestigiosa do país”. Essa  definiçao deixa bem claro que nao há nenhuma superioridade propriamente linguística entre essa variedade da língua e outras, o que há é a melhor situaçao social dos seus falantes. 

      Atualmente essas coisas que vc cita como “certas” nao sao mais usadas nem por jornalistas, cientistas e cronistas, pessoas que vivem da escrita. Sao apenas coisas obsoletas, produto do fato das descriçoes gramaticais nao serem atualizadas há mais de 100 anos. Nao se trata de uma questao de coloquialidade versus formalismo, e sim de DIFERENÇAS GRAMATICAIS entre o Português do Brasil e o Português Europeu, que hoje já sao até considerados pelos linguistas como língua diferentes.

       

  7. Uma radio com qualidade

    Na grande SP podemos ouvir 30 a 50 FM. Mas como a programação é ruim!!!. Só sobra, em alguns horarios, a Eldorado- radio USP e Cultura. O resto é muito ruim. So queria uma radio que tocasse boa musica 24 hs por dia. Uma radiozinha só. Onde pudesse ouvir sinatra, jobim, ella, armstrong, previn, joão gilberto, etc.

    1. Então no interior estamos

      Então no interior estamos melhor. Na programação da Radio Unesp de Bauru é possível ouvir todos os cantores citados por você, em programas específicos, E tem  programas dedicados a música clássica com o excelente historiador Valdir Lopes de Figueiredo, ao rock pesado dos anos 70, ao samba e musica caipira de raiz  e acredite,  tem um programa dedicado ao choro onde toca até Luis Nassif. E no programa Música Ligeira de João Flávio Lima é possível ouvir raridades musicais como Fela Kuti e a música negra da periferia de São Paulo.

      A locução é excelente e ninguém se mete a falar “paulistanês”.

    2. Ouça na internet. Lá e
      Ouça na internet. Lá e possível ouvir de tudo… Inclusive as boas emissoras. Já que devido a baixa audiência, foram obrigada s migrar para essa plataforma.
      H.L. Mencken dizia que EUA era o único país jeca que deu certo . Talvez pq SP não tenha virado um país.

  8. Puro preconceito.
    O

    Puro preconceito.

    O importante é a mensagem e não amaneira que se fala.

    Aliás, o sotaque é a marca registrada de culturas locais.

    Seria monótono um Brasil imenso sem seus sotaques.

    Aí sim seríamos culturalmente pobres.

    Essa história de “padronização” de sotaques  é pura imposição e segregação de minorias.

    Caso típico é Minas Gerais que ao sul os habitantes falam semelhante aos “caipiras” que habitam São Paulo e norte do Paraná, na região de Juiz de Fora falam semelhante aos cariocas e ao norte falam semelhantes aos baianos.

    E viva o “caipirês”, o “carioquês”, o “gauchês”, o “baianês” e todos os sotaques que compôem este imenso Brasil.

    Não gostou do sotaque dos cronistas esportivos?

    Sem problemas.

    Desligue a TV ou mude de canal…

    1. 1.Pindamonhangaba é no Vale

      1.Pindamonhangaba é no Vale do Paraiba, onde não se fala caipirês.

      2.O Governador Alckmin não  fala  com  sotaque, fala o português culto e com boa dicção.

  9. Resumo do texto.
    Se cada

    Resumo do texto.

    Se cada estado, tem uma identidade cultural, a federação corre o risco de deixar de existir.

    Por isso a unificação cultural é importante para melhor controlar nosso povo.

    Um estado unico centralizado com mesma  cultura, ou seja pensando da mesma forma.

     

     

    1. Conseguiste não dizer

      Conseguiste não dizer besteira dona Aliança! Com cereteza voce está se referindo ao projeto de “aldeia global” eleborado pelos militares em parceria com o Roberto Marinho. Não é sobre o “comunismo bolivariano” do “lulopetismo”, é?  

  10. O caipirismo, a linguagem culta e a evolução cultural

    Gostemos ou não, a evolução pessoal e cultural faz parte de nossa percepções. O Brasil torna-se cada vez mais urbano e  o meio rural não pode presindir de de seu contato com a esfera urbana.

    Se a cultura caipira faz parte de nosso acervo e dela extraímos muito de valores culturais enriquecedores encontrados por exemplo nas artes manuais, na pintura, na música da viola, na deliciosa culinária e nos quitutes, o problema é arraigarmos definitivamente nela, ficar preso, e não estar aberto a novas tendência. Ficar fechado ao mundo, num provincianismo sem noção e, o pior, achar que isso é bom, máxima de muitas percepções interiorianas. 

    A linguagem contribui para fazer evoluir o cidadão. O modo de falar, de se expressar, de saber se comportar em ambientes diversos. Frescura, como muitos dizem muitos araútos? Não. Isso é ter a possibilidade e o domínio em saber usar e aplicar um amplo acervo e leque  cultural para se adaptar em cada ambiente. Nada mais desagradável estamos num ambiente social em que as pessoas não sabem onde estão e se comportam como se fossem o quintal delas. “Ficar a vontade” não significa estar num pique-nique. Quando bebem então, nem se fale: aí que “a vaca vai pro brejo”.

    Assistir a partidas de futebol onde o comentarista fala como se fosse um boquirroto, numa grosseria horrenta,”é BrUIncadêra!’. Se acha o máximo por isso e defenestra quem o critica. Contribui definitivamente para desnivelar o padrão de comportamento, nos últimos tempos.

    O acervo da língua portuguesa, patrimônio brasileiro de primeiro quilate, merece sim ser relevado. A TV e o rádio deveria, retomar a contribuição para elevar o nosso padrão cultural. Do contrário, para que serve aprender a lingua nas escolas?  

  11. Concordo com o artigo.

              Mas, até esse fato é usado politicamente por muitos,de acordo com a conveniência. Com o advento do Lula, sua “aparição” como candidato a Presidente, “todos” passaram a atacá-lo porque é analfabeto, fala errado.

              Professores e Jornalistas que se dedicam a um bom texto e ao falar corretamente passaram a escrever sobre o tema e acompanhar os Jornais nas TVs e imprensa.

              Constata-se que o meio é muito rico em violentar a língua portuguesa.

              Mas aí não é errado, é apenas “riqueza de diversidade, cultura regional”. Burros são somente os inimigos políticos.

  12. idiomas

    Imagino que por se tratar de um outro idioma, os brasileiros não devem perceber que o “espanhol” do Pepe Mujica é sempre o coloquial. Mas por se tratar de uma população em geral mais culta que sabe da diferência entre a língua culta e a coloquial isto não tem sido motivo das críticas que ele tenha recebido; mas com o Lula…

  13. Surpreendente

    André Araujo,

    você é um articulista de gabarito deste blog e até concordo com você em algumas de suas percepções. Mas este post está eivado de uma surpreendente demonstração de preconceito e esnobismo. E os teus comentários também.

    Nem entro nos méritos técnicos, defendidos por especialistas como a Anarquista, pois me falta a expertise necessária. Mas o “tom” ficou pesado.

    E olha que eu prezo o texto bem escrito, a palavra bem colocada. Mas nos termos em que você argumentou existem “castas linguísticas”…  Afinal, o “cafonismo” é uma expressão cultural legítima, você não acha?

    Lamento.

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