Telegram adere às big techs, dispara Fake News sobre PL e confronta STF

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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De forma distorcida e propagando Fake News, o aplicativo fala em "acabar com a liberdade de expressão" e "poderes de censura" ao governo

O Telegram disparou uma mensagem aos usuários do aplicativo, nesta terça-feira (09), contra a PL das Fake News (PL 2.630/2020) no Congresso, confrontando decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF).

De forma distorcida e propagando Fake News, o aplicativo fala que a lei vai “acabar com a liberdade de expressão” e daria ao governo “poderes de censura sem supervisão judicial prévia”.

Também afirma que a “democracia está sob ataque no Brasil” e que “caso seja aprovado, empresas como o Telegram podem ter que deixar de prestar serviços no Brasil”.

As Fake News das grandes big techs

Ao contrário do que informado, a PL das Fake News não coloca a democracia em risco, nem acaba com a liberdade de expressão. O texto traz mecanismos para bloquear e impedir a disseminação de notícias falsas (entenda mais aqui).

Ainda, não há qualquer indicativo de que empresas como Google, Meta (Facebook), Twitter e Telegram deixem de funcionar no Brasil. Caso aprovada, a lei traz uma regulamentação para impedir conteúdos falsos.

Governo reage

Em resposta à mensagem do Telegram, o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, afirmou ser “inacreditável” a mensagem.

“Telegram desrespeita as leis brasileiras e utiliza sua plataforma para fazer publicidade contra o PL2630. As medidas legais serão tomadas. Empresa estrangeria nenhuma é maior que a soberania do nosso país”, escreveu Pimenta.

O relator do projeto no Congresso, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), disse que é um “jogo sujo” e que a internet “não é terra sem lei, a regulação é uma necessidade”.

“O jogo sujo das big techs continua. Recebo denúncias de que o Telegram está disparando FAKE NEWS contra o PL 2630 para milhões de usuários. Essa campanha de mentiras não vai prosperar. A Internet não é terra sem lei, e a regulação é uma necessidade”, disse o deputado.

Telegram confronta STF

No início do mês, em gesto similar, o Google também havia disparado mensagens e conteúdos em diversas plataformas de contrapropaganda contra o Projeto de Lei, também utilizando desinformação para pedir apoio contra a medida.

O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito das Fake News, e o ministro Alexandre de Moraes determinou a retirada do ar dos conteúdos contra a proposta que não tivessem a devida identificação de que se trata de publicidade, com vistas aos interesses comerciais das empresas.

A decisão de Moraes abrangeu o Google, Meta e Twitter pelos comunidados anunciados e divulgados amplamente. A mensagem do Telegram afronta a determinação do Supremo.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. A questão central, Nassif, não é (apenas) o poder da psicometria e dos algoritmos, isso a mídia tradicional já cansou de fazer com IBOPE e com as agências de propaganda… Não vamos esquecer o poder hegemônico exercido pelos canalhas da grôbo na edição do debate presidencial pelo não menos canalha e lacaio armando nogueira (que queime no inferno)…Esse detate sempre esteve em voga quando a tecnologia permite saltos, com foi do jornal para o rádio, do rádio para TV, e etc…A questão central é o controle social das mídias, quaisquer que elas sejam…e isso só se faz com tributos, leis e impedimentos de propriedades e concentração de oligopólios…Hoje, s mídias tradicionais querem um sopro de alívio, e buscam nos governos uma forma de capitalizarem com a cobrança dos seus conteúdos, que são vampirizados pelas empresas de mídia digitais…é só isso…Se alguém neste governo de merda tivesse dois neurônios, já teria estabelecido uma estratégia para usar umas contra as outras, e finalmente, colocar uma cunha, uma estaca no coração do monstro: a mídia!!!! Mas ao que parece, no raciocínio binário do governo (analógico, não digital) essa possibilidade de aproveitar a briga para regular os dois, sequer é aventada….Mentir e espalhar mentira é a razão de ser de qualquer empresa de comunicação, sejam as antigas, sejam as recentes…!!!!!

    Vou repetir o que digo a mim mesmo, desde a hora de acordar até a horade dormir: ….—esse governo é horroroso!!!!!!!!!!!!

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