As cotas raciais

Como o tema está quente e acabou ocupando o espaço de discussão de outro post, vamos centralizar aqui as discussões.

Porque sou contra as cotas raciais:

1. Porque eu acho que o problema do acesso à Universidade é um problema social, não racial.

2. Porque vai criar dois tipos de estigma para os pobres e favelados de outra cor: serão discriminados fora do seu meio por serem favelados; e no seu meio por não serem negros.

3. Porque não existe o conceito de raça no Brasil. Se temos uma miscigenação, o que vai definir o negro? A parte física, externa? Conheço inúmeros casos de famílias mulatas em que um dos filhos tem traços de branco e outro traços de negro. Qual é a régua que vai medir as diferenças.

4. Porque investe contra o sentido da meritocracia no ingresso ao vestibular, além de cometer abusos estatísticos. Na Bahia mais da população universitária é negra, mesmo porque a sociedade baiana tem mais negros. Como estabelecer a mesma cota para ela e para uma sociedade em que a maioria dos alunos é branca, como São Paulo.

Por isso mesmo, a melhor solução que vi foi na Unicamp. Lá se fez um trabalho estatístico entre os egressos da escola pública que passaram no vestibular. Constataram que esses alunos tiveram um desempenho bem superior à média, depois de entrarem. A razão é simples: se, em desigualdade de condições, conseguiram passar no vestibular, em igualdade, seu desempenho fica acima da média.

O que a Unicamp fez foi definir pontos a mais no vestibular para todos os egressos do sistema público. E pouca coisa a mais, sobre esses pontos, para minorias raciais.

A medida permitiu um crescimento substantivo das matrículas dos egressos de escola pública, sem atropelar a meritocracia da Universidade, sem criar conflitos raciais e coisas do gênero.

E, tenho certeza, por terem sido forjados na luta, esses alunos em breve constituirão a elite acadêmica do país.

Luis Nassif

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