Bolsonaro mostra que usará Forças Armadas contra STF ou Congresso, para não ser afastado por “filigranas”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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"Artigo 142, nós queremos cumprir o artigo 142. E havendo necessidade, qualquer dos Poderes, pode, né, pedir às Forças Armadas que intervenham pra restabelecer a ordem no Brasil"

Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Divulgada pelo Supremo Tribunal Federal nesta sexta (22), a famigerada reunião ministerial conduzida por Jair Bolsonaro mostra que o presidente está disposto a usar os militares para garantir a “ordem” quando a crise com os demais Poderes sair do controle.

Na conversa com os ministros, Bolsonaro diz expressamente que não aceitará deixar o governo por qualquer motivo que ele considere frágil. Ele cita como exemplo um pedido de impeachment por crime de responsabilidade apresentado após o presidente romper o isolamento social em plena pandemia de coronavírus para participar e incentivar atos contra o Congresso e o STF. Bolsonaro considerou esses motivos “filigranas”.

“Por exemplo, quando se fala em possível impeachment, ação no Supremo, baseado em filigranas, eu vou em qualquer lugar do território nacional e ponto final! O dia que for proibido de ir qualquer lugar do Brasil, pelo Supremo, acabou o mandato. E, espero que eles não decidam, ou ele, né? Monocraticamente, querer tomar certas medidas porque daí nós vamos ter uma crise política de verdade. E eu não vou meter o rabo no meio das pernas. Isso daí… zero, zero.

Para o presidente, impeachment só se justifica com denúncias de corrupção, algo que ele bate no peito e diz não haver em seu governo. “Porque se eu errar, se achar um dia ligação minha com empreiteiro, dinheiro na conta na Suíça, porrada [em mim], sem problema nenhum. Vai pro impeachment, vai embora. Agora, com frescura, com babaquice, não!”

Como “chefe supremo das Forças Armadas”, Bolsonaro disse que não poderia se ausentar de atos que exaltam os militares. O presidente fez pouco caso de quem pede ou faz polêmica com a reedição do AI-5 – “é uma besteira” – mas aderiu, sem pudor, ao que seus seguidores chamam de “intervenção militar constitucional”.

“Quando um coitado levanta uma placa de Al-5, que eu tô me lixando para aquilo, porque num existe AI-5… não existe. Artigo 142: nós queremos cumprir o
artigo 142, todo mundo quer cumprir o artigo 142. E havendo necessidade, qualquer dos poderes, pode, né? Pedir às Forças Armadas que intervenham pra restabelecer a ordem no Brasil, naquele local, sem problema nenhum.”

Sem citar nomes, o presidente disse que não irá “provocar ninguém. E assim corno a defesa [dele] faz urna nota muito boa dizendo que vai cumprir a Constituição, liberdade, e co… dez! E não aceita golpe, dez! Também não aceita um contragolpe dos caras, porra!”

Ao longo da reunião, Bolsonaro fez apelos aos ministros, para que se posicionem duramente contra medidas que ele considera ditatoriais, como as prisões de civis que furam o isolamento social, contrariando as restrições de mobilidade impostas por governos estaduais e prefeituras.

Bolsonaro disse que os ministros podem se preocupar com questões econômicas, mas precisam “acordar” para a “questão política” e a “guerra pelo poder”.

“(…)  é um apelo que faço a todos, que se preocupem com política, pra não ser surpreendido. Eu não vou esperar o barco começar a afundar pra tirar água”, disse. “Não é apenas é cuidar do seu ministério nessas questões que estamos tratando aqui, é tratar da questão política também. Essa é a preocupação temos que ter, porque a luta pelo poder continua. A todo vapor. E sem neurose da minha parte, tá?”

Na mesma reunião, o presidente disse que quer armar a população para que reajam aos governadores e prefeitos.

Bolsonaro quer “todo mundo armado” para reagir a quem pensa diferente dele

 

Leia a partir da página 22:

reuniao ministerial

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. O STF, ou alguns ministros, realmente parecem que tomaram partido.

    Ao longo do tempo o STF foi ganhando cada vez mais poderes, e quando ficou sobrecarregado começaram a se multiplicar as decisões monocráticas, decisões essas que vão contra o espírito do colegiado como poder moderador.

    Essa decisão de abrir as gravações na íntegra é um exemplo disso. Não era necessário nem era adequado e nem pertinente abrir o sigilo de todo a reunião.

    Mas um juiz singular o fez sem levar ao plenário e jogou o país na borda de uma crise institucionéria.

    Não é de hoje que o STF provoca a insegurança jurídica no país.

    A falta de juízo de 1 ministro não pode resvalar na corte mas é isso que está acontecendo.

    1. Contra Lula, Dilma e o PT vale tudo, omissão, interpretações, agora vem falar kkkkkk quero que o circo pego fogo….o STF deveria ter pensado antes e frear todo absurdo feito pelo bandido Moro…para eleger o bandido Bozo….agora que se fritem!!!!!

    2. Contra Lula, Dilma e o PT vale tudo, omissão, interpretações, agora vem falar kkkkkk quero que o circo pego fogo….o STF deveria ter pensado antes e frear todo absurdo feito pelo bandido Moro…para eleger o bandido Bozo….agora que se fritem!!!!!

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