Jornal GGN – Jair Bolsonaro gosta de divulgar no Facebook ações de seu governo para conter o avanço do coronavírus. Mas além de ser ele próprio o maior obstáculo ao sucesso do enfrentamento à pandemia, com seu discurso contrário ao isolamento, o histórico de decisões do presidente já vem fragilizando o SUS muito antes do vírus chegar no Brasil.
Antes mesmo de tomar posse como presidente, ainda no final de 2018, Bolsonaro, com suas provocações, conseguiu forçar Cuba a se retirar do programa Mais Médicos. Com isso, o Brasil perdeu 11 mil médicos que fariam a diferença no combate ao coronavírus.
Os profissionais cubanos chegaram a representar 88% do corpo de médicos do programa lançado em 2013, levando atendimento a 60 milhões de brasileiros.
Em fevereiro de 2020, com dificuldade de contratar médicos que queiram trabalhar nos rincões do País, Bolsonaro precisou voltar atrás e reincorporar médicos cubanos sem o Revalida.
Foi preparado um edital para readmitir 1,8 mil profissionais que ficaram no Brasil mesmo após o rompimento do contrato por Cuba. O ministro da Saúde ainda era Luiz Henrique Mandetta.
ECONOMIA NA SAÚDE, GASTA EM NAVIOS DE GUERRA
A lei do teto dos gastos – que contou com ajuda de Bolsonaro e Mandetta, para ser aprovada na Câmara, em 2017 – tirou do SUS, somente no ano de 2019, 9,05 bilhões de reais, de acordo com um relatório da Secretaria do Tesouro Nacional.
Em março de 2020, Bolsonaro autorizou o Ministério da Defesa a usar quantia equivalente, 9,1 bilhões de reais, para comprar quatro navios de guerra.
No final do primeiro ano de governo, com Mandetta à frente da Saúde, Bolsonaro assinou um decreto extinguindo 27,5 mil cargos federais, sendo que 81% deles estavam no Ministério.
Só de “agente de saúde pública”, foram 10,6 mil cargos extintos. A pasta alegou que os postos estava desocupados há anos e que nenhum programa de saúde seria afetado pelo decreto, e que cabe às prefeituras cuidar do controle de endemias.
Márcia Castro, professora de Demografia e Chefe do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública de Harvard, avaliou que o Brasil erra ao não usar os agentes de saúde no enfrentamento ao coronavírus.
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Dr. Drauzio Varella na conversa com o Átila Iamarino na noite de ontem, comentou que pela experiência de anos atendendo a população carcerária ele disse que um clínico nas portas dos hospitais (ou atendendo em centros de saúde), resolveriam 90% dos problemas. Países como Inglaterra e Portugal que tem bons sistemas de saúde públicos (com valores baixos de cobrança para quem os usa), os pacientes sempre passam antes por clínicos que estes é quem decide os exames e a quais especialistas enviarem.