Chevron: “o nosso negócio é o risco”

Alguém quer entender porque uma companhia com a capacidade técnica – que ninguém nega – poderia ter assumido  deliberada e  irresponsavelmente riscos técnicos na perfuração do poço que vazou no Campo de Frade?

É só ler o artigo publicado em 2008 pelo Wall Street Journal, que citei no blog Tijolaço para explicar o reaproveitamento –  com um baita desconto – de uma sonda descrita pelo jornal como obsoleta.

Nele, o repórter Russel Gold  dá voz para o sr. Ali Moshiri, dirigente da empresa para a África e América Latina, dizer como pretende fazer a exploração do campo.

Russell conta que a Chevron, sob seu comando, trabalhou com a concepção de um plano de desenvolvimento de baixo custo para o campo.

“A equipe (técnica) de Frade queria perfurar mais poços para entender melhor o reservatório de óleo. Mr. Moshiri travou-a. O plano era muito caro e demorado. Ele apoiou um (outro) plano para perfurar menos, poços mais simples e  mais baratos.” (The Frade team wanted to drill more wells to better understand the oil chamber. Mr. Moshiri put his foot down. The plan was too expensive and time-consuming. He backed a plan to drill fewer, simpler and less-expensive wells.)

E como Moshiri explica isso?

” O plano original da Chevron era  perfurar cerca de metade dos 19 poços planejados, começar a produzir petróleo, então, estudar os dados de produção por 18 meses antes da perfuração dos poços restantes”.(Chevron’s original plan was to drill about half of the planned 19 wells, begin producing oil, then study production data for 18 months before drilling the remaining wells.)

Mas, como os geólogos da Chevron o aconselhavam a ir devagar, Mr. Moshiri decidiu, em meados de 2005  fazer uma aposta grande no Frade. Eles iriam furar os poços, um após o outro sem interrupção. Era o equivalente na  indústria do petróleo a ir “all-in” (sem fichas suficientes) em uma mão de pôquer”.

“Esse é o nosso trabalho, de correr riscos e ousar”, disse ele.”(But as Chevron geologists counseled moving slowly, Mr. Moshiri decided in the middle of 2005 to place a big bet on Frade. They would drill all the wells, one after another without a break. It was the oil industry equivalent of going all in with a poker hand. “That is our job, to take risks and push the envelope,” he says.)

Dá para  entender, depois disso, em que contexto trabalhava a equipe da Chevron quando ocorreu o “erro de cálculo”. E o que significava o risco que  Mr. Moshiri disse ser o seu trabalho.

Por: Fernando Brito

Redação

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