Dallagnol planejava repassar dinheiro à Transparência Internacional desde 2015

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Deltan conversou com colegas sobre escolher as instituições que seriam beneficiadas pelos recursos de acordos de leniência

Deltan Dallagnol
Deltan Dallagnol. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Ao menos desde 2015, o ex-procurador da República Deltan Dallagnol planejava repassar dinheiro à Transparência Internacional Brasil a partir dos recursos bilionários oriundos de acordos de leniência assinados entre o Ministério Público Federal e empresas investigadas na Lava Jato e outras operações do gênero. É o que mostram as mensagens apreendidas no âmbito da Operação Spoofing e que estão em posse do Supremo Tribunal Federal.

Nesta terça (6), o ministro Dias Toffoli, do STF, levantou o sigilo da ação que apura o papel do braço da Transparência Internacional no Brasil nos acordos de leniência. Nos autos da investigação, aos quais o GGN teve acesso , consta diálogo entre Dallagnol e os procuradores de Curitiba, alguns anos antes de empresas como a Petrobras e a J&F serem obrigadas a fechar acordos para encerrar alguns processos.

Na mensagem, Deltan avisou aos colegas que conversou com os americanos sobre a questão dos “asset sharing”, ou seja, a repartição de valores negociados nos acordos com as empresas investigadas. O ex-procurador falou que havia “perspectiva positiva” em reaver parte dos valores e influenciar seu destino. “Precisamos de alguém que se disponha a estudar e bolar um destino desses valores”, disse Deltan Dallagnol.

Deltan, então, sugeriu que os recursos – cujo destino, a priori, deveria ser arbitrado pela Controladoria-Geral da União – poderiam ser injetados em um “fundo” ou entregues a “entidades contra a corrupção, o sistema de saúde público, fundo de direitos difusos, fundo penitenciário, órgãos públicos que combatem a corrupção, a transparência internacional Brasil ou contas abertas, etc.”

As mensagens da Operação Spoofing mostram que Deltan Dallagnol não queria que a União desse destino aos recursos de acordos de leniência ou delação premiada e, por isso, idealizada, nos bastidores, como gastar as verbas bilionárias.

No caso da Petrobras, Deltan Dallagnol tentou criar uma fundação gerida pela própria Lava Jato com mais de R$ 2 bilhões que a petroleira teve de pagar para se livrar de processos nos Estados Unidos. Antes disso, procuradores do Distrito Federal também ensaiaram constituir uma instituição para gerir os R$ 2,3 bilhões que a J&F deveria aplicar em projetos sociais por força do seu acordo de leniência.

Nos dois casos, a Transparência Internacional Brasil seria a responsável por desenhar o sistema de governança e sugerir como investir os recursos, mesmo sem ser a beneficiária direta das verbas bilionárias. O caso está em investigação no Supremo.

Ainda segundo os autos, o Conselho Nacional do Ministério Público e outros órgãos correcionais foram acionados pela Procuradoria-Geral da República para investigar a ação dos procuradores que abriram as portas para a Transparência Internacional Brasil ter influência nos acordos de leniência.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

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  1. Dellagnol, Sujo Moro e todo o bando lavajatista de procuradores e Desembargadores do TRF-4 se empenharam muito para construir uma base privada de poder com dinheiro público. A função da Transparência Internacional nesse esquema, ao que parece, era proporcionar uma aparência de legalidade, legitimidade, moralidade e necessidade do desvio de recursos públicos para fins privados. O mais escandaloso é que esses caras não apenas destruíram empresas brasileiras, eles se colocaram a serviço do Departamento de Justiça e do FBI. Os gringos que recrutaram esses caras sabiam exatamente o que estavam fazendo e o tamanho do prejuízo que causariam ao Brasil. Eles declararam guerra à economia brasileiro. E o bando lavajatista e seus apoiadores na imprensa atuaram como tropas locais do White Ass Apes Empire.

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