Denunciado por Janot na Lava Jato, Collor enfrenta o PGR

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O senador criticou início do histórico profissional de Janot, atuando como advogado, acusou-o de ter abrigado “contraventores”, o aluguel de “mansão de 1.200m²”, e a contratação da empresa Oficina da Palavra e de Raul Pilatti para serviços de comunicação da PGR. Janot rebateu todas as críticas
 
 
Jornal GGN – De porte de 158 páginas de arguições contra o procurador-geral da Republica, Rodrigo Janot, e denunciado por ele nos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) atacou o indicado por Dilma na sabatina para ser reconduzido ao cargo.
 
Collor questionou o início do histórico profissional de Janot como advogado, atuando em favor da empresa Orteng Equipamentos e Sistemas Limitados, em processo contra a empresa Braskem, de capital estatal, “mais especificamente capital da Petrobras”, disse Collor. “O senhor omite em sua biografia o período em que advogou cumulativamente em que atuou como procurador”, emendou.
 
“Já afirmei neste Congresso que a Constituição de 1988 previa membros do Ministério Público daquela época pudessem exercer a advocacia”, disse Janot, rebatendo que a empresa mencionada não era a Braskem, mas a Trikem, que foi adquirida por esta última quando o processo já estava em fase de trânsito em julgado, ou seja, concluído. 
 
“Ilustres senadores, gostaria de dizer que a minha atuação profissional é, foi e sera firme no combate a corrupção. O processo referido à Orteng, era Orteng e mais 6 pessoas físicas que discutiam uma questão de direito de retirada de acionista da Trikem. Essa questão começou nos idos de 1970 pela Singema, que foi adquirida pela Trikem, que ao final do processo quando já julgado foi adquirida pela Braskem”, esclareceu.
 
Collor não mediu cuidados ao mencionar um “parente contraventor” de Rodrigo Janot, que enquanto ocupava o cargo de procurador em 1995, teria recebido esse parente em sua casa, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. “Foi correta a sua atitude?”, questionou Collor, pedindo que o “informasse qual o grau e suas relações com ele”.
 
“Sobre a pessoa que seria contraventor, a pessoa é meu irmão. Essa questão dita por ele [senador], ele teria cometido crimes na Bélgica. Eu, enquanto membro do MPF, tenho impedimento de atuar em casos de parentesco até 3° grau”, lembrou, afirmando que se pudesse atuar, tiraria-o do chamado “aviso vermelho” da Interpol, pelo qual seu irmão teria sido classificado. “Não vou me referir a esse episódio. Tenho por mim essa decisão que tenho em respeito aos mortos, esse meu irmão morreu há mais de 5 anos”, posicionou-se Janot. “Não participarei dessa exumação pública de um homem que nem sequer pode se defender”, criticou Janot, irritado com as conotações de Collor.
 
“A seu mando, o senhor determinou a nomeação da senhora Cíntia sem que ela tivesse nível superior, para justificar o descumprimento da norma interna, o chefe de gabinete, claramente a seu mando, disse ser esse ato de nomeação um ato que prestigia o interesse público. Prestigia o interesse publico? Ou será um outro tipo de interesse? Publico não é”, ainda denotou Collor.
 
Janot explicou que não existia a exigência em lei, até antes de o próprio procurador-geral aplicar essa norma no órgão e que para a função dessa comissionada “não existe curso superior de Cerimonial” e que, por isso, “a maneira de contratar é alguém com experiência na área”, citando o “vasto” currículo da funcionária.
 
O senador reservou longo período de suas arguições para questionar dois temas que já haviam sido explicados pelo procurador-geral da República. Um deles sobre o aluguel do que Collor chamou de “mansão de 1.200m²” que, quando foi solicitar o alvará, “descobriu que a área não era para equipamento que não fosse creches ou escolas”. “Quem vai pagar por isso?”, questionou. “Até a presente data o montante custeado por este órgão totaliza à Procuradoria Geral R$ 133 mil referente aos alugueis, mais o montante R$ 154 mil referentes aos custos operacionais. Então, diferentemente do que ele [Janot] disse que nada foi gasto, isso foi gasto”. 
 
O procurador explicou que a empresa apresentou alvará falso com “plantas arquitetônicas que não tinham aquelas do Largo Sul”, mas que “muito antes de qualquer manifestação do Ministério Público, houve providências para a rescisão de contrato e abertura de processo penal para apurar aquela falsidade ideológica do alvará de licença”.
 
Outro tema insistido por Collor foi referente à contratação “sem licitação” da empresa Oficina da Palavra, por Janot, no final de 2014, para melhorar o diálogo do seu gabinete com a alta administração e os membros e servidores do MPF. “[Contratos] somam mais de R$ 40 mil. Tudo sem licitação! Imagina se fosse um prefeito, ou mesmo um governador, o que estaria fazendo o sr. Janot?”, questionou Collor, afirmando que o “dono da Oficina da Palavra” era Raul Pilatti Rodrigues, pessoa do qual Janot nomeou Secretário e Comunicação da PGR.
 
“A questão dos contratos da Oficina da Palavra, foram contratos regulares. Um deles, eu já li a posição inicial do Tribunal de Contas da União. Não neguei que ele [Pillati] assumiu a Secretaria da Comunicação. A sua empresa não fez a minha campanha em 2013, eu contratei uma pessoa e não empresa para fazer a assessoria publicitária. Ele não foi sócio da Oficina da Palavra, apenas trabalhou para ela, ele foi sócio da Impres. E outra coisa, a Oficina da palavra não é de publicidade, mas de consultoria e treinamento de media training para vários Ministérios Públicos, juízes e magistrados”, disse Janot, garantindo confiança em Pillati e completando que o funcionário apenas saiu do cargo na PGR por vontade própria, que para Janot, ele se manteria.
 
Fernando Collor ainda aproveitou suas arguições para responsabilizar Janot pelos vazamentos seletivos durante as investigações da Operação Lava Jato. “Estamos diante de um catedrático em vazar informações. Violar segredos de justiça é crime penal”, anunciou Collor, completando que  no Congresso, todos sabiam que o PGR vazava informações. “O próprio Teori Zavascki [ministro do STF], em relação a determinado vazamento informou que partiu de dentro da PGR”, disse. 
 
Ao fim das perguntas, o senador queria uma nova possibilidade para questionar Janot, o que não foi concedido, seguindo o regimento da Casa.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Gangster terrorista

    o segundo maior  gangster terrorista do país depois de Cunha tem que agora com a denúncia de Janot ser condenado e definitivamente extirpado da política brasileira

  2. achincalhe

    Nassif,

    Esta é uma postura à altura de um denunciado que sabe não ter como se safar.

    Colocar na discussão uma pessoa já falecida há mais de cinco anos é o cúmulo da baixaria, atitude que denota o desespero do denunciado FCollor de Mello, o típico modelo do político brazuca. Agora, tal como já acontece com o honestu ECunha, resta aguardar pelos apoios que o senador virá a ter entre os seus, pois é como tem funcionado a pior de todas as representações que já passaram por este Congresso Nacional digno de comiseração, estão por lá 513 deputados federais e 81 senadores que achincalham diariamente com os eleitores que os puseram lá.

  3. Collor decidiu assim passar

    Collor decidiu assim passar recibo de que tem alguma culpa no cartório…

    Poderia ter elogiado o trabalho de Janot e da procuradoria, declarando-se inocente e dizendo-se confiante na Justiça. Ainda mais sabendo que Janot provavelmente será reconduzido ao cargo.

    Que senador coronelista, esse Collor! Personalista.

  4. Sabe de quem está falando?

    Janot é uma pessoa íntegra. Foi questionado de forma injusta inúmeras vezes neste blog, por pessoas que não o conhecem. Era amigo pessoal do Genoíno. Questionou energicamente a judicialização da política. É ignorância, se não canalhice, atribuir suas ações a posições políticas.

    1. Não o acho íntegro….

      Não o acho íntegro, em absoluto!!! Não me acho ignorante ou canalha por ter essa opinião.  Um procurador de fato “íntegro”, não teria desprezado indícios tão veementes contra Aécio Neves. 

  5. Collor já era…

    só pelo olhar de Janot já se pode deduzir o quanto Collor terá que se espremer para sair dessa

    para quem já abusou da arte de ter êxito político duas ou três vezes, é chegada a hora de passar por tudo isso mesmo

    e que aprenda e que deixe de ser abusado

     

    1. já é tempo sim, concordo…

      mas não de estudar apenas a utilidade do voto……………………

      mas não é o voto em si, muito mais as intenções de quem o usa como arma e/ou escudo

      1. neste caso, em restando provado…

        abusou dele, voto, da Democracia, e não só uma vez

        o êxito político não deve proteger ninguém nem ser visto como impositor de cautela

        cautela, entre os entendidos, bandidos, criminosos, e até entre militares da guarda, é arma

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