Eike, espetáculo e a nova concepção judicial.

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Um ator, no papel de repórter, com cara de bumbum de bebê, mas sem nenhuma musicalidade, coloca, ao vivo, a sua tentativa de fazer o “ bad cop”, e avança sobre Eike com perguntas duras.

Como você se sente ao ser preso? O que você acha da Lava Jato? Você dorme tranquilo? e assim continua, sem sequer prestar atenção nas respostas. Diante de uma ironia explícita de Eike, não se dá conta, e “interpreta” as palavras literalmente – Eike, afirma que Lava Jato vai fazer bem para o país.

 

Quando Eike ironicamente compara o tratamento dado aos CEOS, que nos USA, através de fraude financeira, causaram a crise econômica mais severa do mundo, o repórter não escuta e continua preocupado com sua próxima pergunta. Eike continua e ironicamente diz: o Brasil vai ser um país suis generis, todos os empresários vão querer investir lá. O repórter e a edição lavam a ironia e reforçam a literalidade.

 

Tudo isto regado e dirigido, imaginem pela rede dos Marinho. Uma rede que sem dúvida , nunca viveu de suas influências e poder sobre governantes e estado ( por favor, isto é uma ironia!!!). Mas é a rede que mais se especializou em arrastar pelas ruas os inimigos do PT, e os ex amigos do empresariado. Marcelo Oderbrecht e Eike são diuturnamente levados ao ar, para legitimar a tal operação moral e de limpeza –Agora vivemos num país onde empresários são presos!!!!!!!!!

 

Neste cenário, atores encenando o papel de jornalistas, recitam seus scripts. A peça em cartaz, é uma nova dramaturgia, sobre uma nova concepção judicial, pois fala de personagens, ( judicialmente pessoas físicas) mas o ataque é dirigido a pessoas jurídicas. Por exemplo, Lula e Dilma , Dirceu, Pallocci, são nomes fantasia da pessoa jurídica ,PT. Lula também se confunde com Instituto Lula. A Petrobrás por exemplo ganhou muitos nomes, até de organização criminosa, e continua sendo como pessoa jurídica o alvo. No caso da Petrobrás várias pessoas físicas, como os delatores, já estão livres enquanto a pessoa jurídica Petrobrás, parece que continua presa. Inclusive no caso as pessoas físicas dos delatores foram liberadas e pagas regiamente. Marcelo Oderbrecht é o nome fantasia do alvo, a Oderbrecht, Othon do alvo Eletronuclear e Eike logo o será das organizações X.

 

Inclusive, segundo um ator e acadêmico, que faz o papel de analista, causa indignação à população ( ele sempre fala isto de boca cheia), se perceber que as pessoas jurídicas, imaginem, querem ganhar vantagens com acordos de leniência. Segundo ele, acordo de leniência é uma espécie de delação premiada.!!??

 

Dizem as más línguas, que as pessoas jurídicas vão ter que usar tornozeleira, como a EMBRAER, que vai estar em liberdade condicional assistida para cumprir a pena, que no caso se chama “compliance”. Vai vir do exterior, veja que chic, um especialista neste tipo de liberdade, que irá dizer o que a EMBRAER pode ou não fazer, para não preocupar as concorrentes.

 

Mas neste novo tipo de dramaturgia e de concepção judicial, para destruir as pessoas jurídicas é necessário que elas sejam confundidas com as pessoas físicas, pois só assim o público vai compreender que culpados vão pagar. Assim, é necessário se condenar um almirante a mais de 40 anos; o construtor a 20 e poucos anos; Eike ainda não se sabe e Dirceu provavelmente com perpétua. Embora alguns tenham achado que a dosimetria da pena é muito alta, estas pessoas não compreendem que, no caso, é justificável pois, só aparentemente é condenação de pessoa física, de fato a condenação é da pessoa jurídica.

 

Observem que por coerência, as pessoa físicas que confessaram o crime receberam penas bem menores, e podem até levar o dinheiro para casa, afinal auxiliaram na condenação da pessoa jurídica. Embora, por contrato, fiquem presas a este único papel. Mas acho que talvez seja para propagar uma fábula moral deste novo tipo de juiz. Acho que neste caso ele quer dizer que estas pessoas não podem servir de exemplo.

 

Voltando ao Eike, o jornalista que ganhou até passagem na classe executiva, foi muito elogiado, mas curiosamente o elogio também foi para a pessoa jurídica, pois uma outra atriz, de um outro programa jornalístico, disse que era mais um furo da rede globo. E pelos comentários, ela também entendeu o Eike literalmente, e usando de ironia, ela disse nas entrelinhas que o Eike estava sendo cínico ao agora falar bem da Lava Jato.

Redação

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