Governistas tentam acelerar CPMI da JBS

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Lula Marques/ AGPT

Jornal GGN – A CPMI da JBS, vista como uma manobra para suspender as delações premiadas e o avanço das investigações da Operação Lava Jato sobre a base parlamentar governista e Michel Temer, está sendo acelerada no Congresso.
 
Nesta quarta-feira (20), o relator da Comissão Mista, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), disse que, para agilizar as atividades que podem levar ao enterro das acusações da JBS, o “plano de trabalho” já foi traçado:
 
“Nós temos que avançar, que começar. Temos um tempo que gostaria até que fosse mais breve. Estamos estabelecendo um plano de trabalho no sentido de que nenhum requerimento seja reprovado”, afirmou Marun.
 
O deputado confirmou ainda que pretende ouvir não apenas delatores executivos do grupo J&F, como também delatados. Deixando claro que a prioridade é que os parlamentares (alguns deles próprios implicados nos depoimentos) apurem possíveis irregularidades cometidas no acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República. “Os delatados podem vir a ser ouvidos”, disse.
 
Entre os convidados a se defender e até mesmo voltar as acusações aos próprios delatores estão o ex-assessor de Michel Temer, ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ambos foram alvos de trechos da colaboração dos irmão Joesley e Wesley Batista.
 
Os parlamentares devem tomar o cuidado de não usar o espaço da Comissão Mista para absolver ou promover defesas a Aécio e Loures, já amplamente atingidos pela opinião pública. Prova disso está no fato de que outro dos alvos, o mandatário Michel Temer, foi definitivamente excluído das possibilidades de ser convidado a falar na CPMI.
 
“A princípio, salvo se aparecer algum tipo de prova inequívoca de ato ilícito, não é minha intenção convidar o presidente”, disse o relator Carlos Marun, ignorando que o peemedebista é tão arrolado nas acusações de executivos da JBS quanto Aécio Neves e Rocha Loures. O risco, contudo, de se convidar o presidente reside na tramitação paralela da denúncia de Temer na Câmara.
 
Entretanto, alguns parlamentares já se manifestaram contra o avanço das atividades da CPMI. Nesta quarta-feira, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) levou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um recurso para suspender a Comissão no Congresso.
 
O parlamentar da oposição ressaltou o caráter de “revanche” das atividades contra membros do Ministério Público, incluindo o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, autor da segunda denúncia contra Michel Temer, e contra o Judiciário.
 
“O suposto propósito desta CPMI seria travar uma disputa política da coalizão governista, fortemente abalada pelo conteúdo das colaborações e das evidências a elas anexadas, com o Sistema de Justiça”, analisou Randolfe.
 
O senador é um dos integrantes da CPMI e lembrou que quase metade dos requerimentos já apresentados buscam convidar e convocar membros do MP, ligados à Operação Lava Jato, e ainda ex-procuradores críticos à gestão de Janot na PGR. 
 
Em mandado de segurança no STF, Randolfe pede que a CPMI seja suspensa e, caso contrário, pelo menos seja impedida de examinar as delações premiadas, uma vez que tal função não compete ao Congresso, mas ao Judiciário. “[Essa] análise cabe apenas ao Poder Judiciário e ao próprio Ministério Público, vetando-se a convocação de procuradores para seu constrangimento ilegal nesta CPMI”, ressaltou.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. governistas….

    A surrealidade na Cleptocracia Tupiniquim é inacreditável !! Bandidos continuam soltos e no Poder ameaçando e chantageando seus Delatores, que estão presos. O extorquido preso no lugar do pária que o extorquiu. Enquanto estes canalhas detroem a Economia Nacional e milhões de Empregos Nacioanais na ânsia de vingança e se livrar de condenações.  Somos uma Terrade Lunáticos !!

  2. No Congresso tá assim.
    É só

    No Congresso tá assim.

    É só falar de comissão que tem gente perguntando “quanto, quanto?”

    (essa não é minha, é do LFVeríssimo, meio de orelha da minha parte…)

  3. uma comissão é uma forma de vida que possui várias cabeças,

    e nenhum cérebro. 

    ninguém dá um centavo pelo resultado de qualquer comissão parlamentar. se não usam pra acusar os inimigos políticos, é para defender os amigos. mais uma forma de amealhar ‘recursos não contabilizados’. 

    mas essa leva que temos aí, não vale nem a metade da média. 

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