José Murilo: um governo perdido e uma oposição sem grandeza

Um dos principais historiadores brasileiros, autor de clássicos sobre a Monarquia e a República, de um veio conservador, José Murilo de Carvalho concedeu uma entrevista elucidativa ao Estadão, desmontando mitos criados acerca dos movimentos de rua (http://migre.me/prwQf).

O entrevistado pergunta se existe outro caso de movimento de rua puxado pela classe média.

José Murilo explica que vão para as ruas pessoas que têm condições de perceber seus interesses e lutar por eles, o que exige certo grau de educação e de organização. E que têm essa condição são justamente os grupos intermediários: a classe média. As formas de manifestação do “povão” – por aí entendidos grupos não organizados – é a quebradeira, os saques.

O repórter indaga se é justo comparar o movimento atual com as marchas da família que precederam o golpe de 1964.

José Murilo explica que em 1964 havia o fenômeno da Guerra fria e da “histeria anticomunista”.  Hoje o golpe é residual nas marchas.

Mas teria futuro um movimento sem líderes de massa, indaga o repórter. E Murilo explica que “o drama é que não há oposição que consiga dialogar com ele”.  “O grosso da oposição adotou tática oportunista de ver o governo e o PT sangrarem, sem preparar uma nova agenda que atenda às demandas atuais”.

O entrevistador indaga se não é estranho ver jovens e “tanta gente”  pedindo intervenção militar. Ao que o velho sábio responde que “não vi pesquisas que indiquem que essa tendência tenha peso significativo. “Será mesmo tanta gente?”.

E qual a razão de governo petistas gerarem passeatas que pedem sua saída? José Murilo responde: por seus méritos e deméritos. A política social bem sucedida aumentou as expectativas e capacidade crítica da população. E “a incompetência e arrogância e a corrupção quebraram o encanto”.

Sobre a oposição, é lapidar: “Falta-lhe imaginação, grandeza política e cívica. Aliás, a falta geral de estadistas hoje é dramática. Que saudades de Ulisses e Tancredo, Petrônio Portella ou mesmo Leonel Brizola”.

Luis Nassif

27 Comentários

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  1. Não fosse o viés preconceituoso contra o povão…

    José Murilo de Carvalho não estaria muito longe de haver acertado; compartilho algumas das suas outras opiniões.

    Finalizou quase sem retoques: “A falta geral de estadistas hoje é dramática.”

    Tanto no governo, quanto na oposição.

    1. bolsas troll

      M.C. Mayo, Oneides, Free Walker, Zanchetta (bastante ausente), etc..

      Perguntas comunitárias:

      O defensor dos galináceos gordos emplumados tucanos não pode gozar de folga. Peça os direitos trabalhistas garantidos, por enquanto, pelo PT.

      Tá na lista do hsbc? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

      Tá na lista da operação “zelote”? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

      Tá na lista da privataria? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

  2. A alternativa a ver o PT

    A alternativa a ver o PT sangrar é um golpe. 

    A agenda só fará sentido se e quando a posição assumir o poder, a agenda sempre é a do governo!

    O que querem da oposição, que aliás, em tese, é minoria?

    O PT que se acerte com a coalizão…

     

  3. Menos ele…

     “Falta-lhe imaginação, grandeza política e cívica. Aliás, a falta geral de estadistas hoje é dramática. Que saudades de Ulisses e Tancredo, Petrônio Portella ou mesmo Leonel Brizola”.

    Brizola ninguem merece…

    Quem aguentaria novamente aqueles discursos interminaveis, quilometricos…

    Tatica de ditador.

    1. O sr. Conde deve preferir

      O sr. Conde deve preferir spots publicitários curtos e massificantes, do tipo “beba isso” ou “coma aquilo”; emburrecedores e alienantes. O discurso politico é uma ferramenta essencial da discussão política, desmerece-lo é jogar contra a politica.

  4. Em quarto lugar ele não é

    Em quarto lugar ele não é autêntico para desenvolver disccursos e usá-los injustamente para refutar a analogia de nossa maior liderança.

    1 – Se fosse uma criança de 10 anos seria menos visível a sua incapacidade de saber o quanto o poder do mercado manda na grandeza do país.

    2 – Portanto, a sua analogia retórica, por meio de grandeza estendida ao governo, é inapropriada para o ensino, não apenas tendencial.

    3 – A estrutura de poder do país demonstra uma coisa reprovável, isto é, perder causas justas da sociedade para uma inferioridade imprópria da economia.

     

  5. Não comprendi

    “E qual a razão de governo petistas gerarem passeatas que pedem sua saída? José Murilo responde: por seus méritos e deméritos. A política social bem sucedida aumentou as expectativas e capacidade crítica da população. E “a incompetência e arrogância e a corrupção quebraram o encanto”.”

    A primeira parte é lógica. é concreta e poderosa. A segunda eu não entendi? Incompetência e arrogancia? Não deve estar falando da Dilma e so seu governo. Apanhando como apanham do pig bandido? Apanhando dos historiadores deste tipo.

    São raros os historiadores que prestam. é uma das profissões mais antigas e mais baixas exitentes. A prostituição é nobre perante eles.

    1. Por falar nisso.

      O “stf” do egito que ontem tinha condenado o ex ditador do egito, hoje condena a morte o lider da irmandade islamica. E nós aqui reclamando do joaquim.

      Eles sabem o que fazem. Justiça.

    2. Se posso ser corporativista

      Se posso ser corporativista por um momento, historiadores têm, de Heródoto a Perry Anderson, uma longa tradição de independência de pensamento.

      Talvez percamos para as prostitutas, não duvido, mas estamos, como elas, certamente na ponta oposta à dos economistas e advogados, no que toca à nossa integridade moral.

  6. É assustadora a incapacidade

    É assustadora a incapacidade dos nossos pensadores de matiz conservadora insistirem em ignorar o Lula. Daqui a alguns séculos todos esses nomes  que ele comentou terão desaparecido: Lula e Getulio, acredito,  permancerao como marcos da história brasileira, mesmo com todos os erros, mas principalmente com os acertos e a visão de construção de uma sociedade melhor.

  7. Pode ser um dos principais

    Pode ser um dos principais historiadores brasileiros. E daí? Não autoriza a falar bobagens. Tem saudades do “estadista” Petroneo Portella, do Tancredo? Vai ter saudades lá longe.

    Mas a pérola do cara revela muito: a classe média se manifesta (com educação e organização, segundo o sábio). O “povão”? bom, aí ele só lembra dos “grupos não organizados”. Esses são quebradores e saqueadores. Ora, vá fazer análise desse tipo no chá da academia, com o “estadista” Sarney.

  8. Não li a entrevista original.

    Não li a entrevista original. Mas do José Murilo (que escreveu tanta coisa boa) eu esperva uma capacidade analítica muito mais profunda e poder de explicação muito maior. Neste sentido ele está a anos-luz daquele que considero o maior historiador brasileiro vivo: Luiz Alberto Moniz Bandeira.

  9. Quer dizer que o povão não é

    Quer dizer que o povão não é organizado? Só a tal “crasse media”? E a corrupção se tem no governo irgãos federais? E so os do PT? Pufffff……………………….

  10. O problema não é o discurso

    O problema não é o discurso político. Ele é fundamental. Agora eu sou favorável a discursos sintéticos, que não se alongam. Um exemplo disso são os de Lincoln.

  11. Terceirização: pimenta no fiofó dos outros é refresco

    Mulher de Cunha ganhou processo contra terceirização, na Globo

    12 de abril de 2015 | 12:10 Autor: Miguel do Rosário

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    É muita hipocrisia.

    A mulher de Eduardo Cunha, a jornalista Claudia Cruz, entrou, anos atrás, com um processo na justiça contra a Globo contra a tentativa da emissora de tratá-la como “terceirizada”.

    Ganhou, com apoio de seu marido, o mesmo homem que, hoje, tenta acabar com os direitos trabalhistas, a CLT, os sindicatos, através da PL 4330, a lei da terceirização.

  12. bestializados

    Pensamento conservador de acordo com a obra deste autor. Na minha opinião está equivocado como na maior parte de seus escritos, embora tenha uma prosa agradável. Quer dizer que os coxinhas que pedem golpe com faixas na avenida Paulista São organizados ? Menos cidadão José Murilo.

  13. ”Que saudades de Ulisses e

    ”Que saudades de Ulisses e Tancredo, Petrônio Portella ou mesmo Leonel Brizola”

    Ah, o tempo, o passar do tempo, e a pátina de respeitabilidade que concede às figuras históricas.

    Diz o povo que “de perto ninguém é normal”; do ponto-de-vista histórico, de perto ninguém é estadista. Passa-se meio século, e mediocridades como Ulysses, Brizola e Tancredo, e até mesmo nulidades absolutas como Petrônio Portela se tornam “estadistas”.

    Dado o necessário tempo, até figuras como Pedro II, Artur Bernardes ou Floriano Peixoto têm necessariamente de sair das páginas policiais ou das caricaturas dos jornais para os livros de História.

  14. Todos têm o direito de dizer besteira

    Já dizia um velho ditado: cão danado, todos a ele.  Apenas mais um a apedrejar sem fundamento.

  15.  
    RATOS E HOMENS NA

     

    RATOS E HOMENS NA HISTÓRIA

    PML: SAMPAIO USOU TRUQUE AUTORITÁRIO NA CPI

    Em novo artigo o colunista Paulo Moreira Leite afirma que o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) se inspirou no apresentador Flávio Cavalcanti na tentativa de humilhar João Vaccari, tesoureiro do PT, na sessão em que ratos foram soltos no plenário da Câmara; “Tirando e colocando seus óculos, em gestos mecânicos, repetitivos, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) reproduziu um gestual clássico da TV brasileira em sua época mais deprimente, o autoritarismo da fase Médici, do Brasil ‘Ame-o ou Deixe-o'”, lembra PML; “O ‘Programa Flávio Cavalcanti’ tinha uma mensagem social desprezível. Sua finalidade era humilhar quem não podia se defender”; as agressões prosperam, diz ele, num ambiente de escalada autoritária; “O país não está sob uma ditadura mas não faltam seus nostálgicos, cada vez mais ativos, descarados. Gritam, bufam. Planejam”

    12 DE ABRIL DE 2015 ÀS 12:36

    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://paulomoreiraleite.com/2015/04/12/ratos-e-homens-na-historia/

     

  16. Não é bem assim..

    a galera boazinha do PCC e do CV  não partem para  a quebradeira não:  usam  os mesmos métodos  da classe mérdia…

  17. “Ao que o velho sábio

    “Ao que o velho sábio responde que ‘não vi pesquisas que indiquem que essa tendência tenha peso significativo. ‘Será mesmo tanta gente?’”

    Mais gente do que seria prudente.

    Em Curitiba, nas manifestações do dia 15 de maro de 2015:

    “Um aspecto chama a atenção no levantamento feito pelo Paraná Pesquisas com os manifestantes que participaram do ato em Curitiba contra o governo de Dilma Rousseff no domingo (15): embora 84,76% dos manifestantes sejam contrários, uma fatia não desprezível deles (15,24%) se mostrou favorável à volta da ditadura. Número que salta para 45,71% quando se fala em uma “intervenção militar provisória””

    http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/manifestante-e-de-centro-direita-e-tem-ensino-superior-completo-mostra-pesquisa-aw1f3d67fjft25b4ub0qjtyi4?hc_location=ufi

    ——

    []s,

    Roberto Takata

  18. Quando se começa a exaltar os

    Quando se começa a exaltar os pardais, é porque os sabiás já desapareceram há muito tempo. Quando se promove José Murilo é porque não há mais nenhum rastro de um Helio Silva.

  19. Seria bom que os devotos de

    Seria bom que os devotos de uma democracia mais pujante não vissem como coisa menor os interesses dos que desejam a volta dos militares. 

    Tenho uma amiga em Brasília que foi a favor da ditadura. Como conhece minhas ideias, totalmente contrárias, sempre nega suas ideias, mas deixa escapar coisa como esta pérola: “Eu não sou a favor da ditadura, mas bem que o Congresso poderia ser presidido por um general”. 

    Por debaixo dos panos tem muita gente desejosa de quebrar a democracia. O perigo existe.

  20. Monarquista, ele é conservador, mas há outros como ele

     

    Luis Nassif,

    Não há dúvida que José Murilo de Carvalho tem um veio conservador. Não é por outra que ele é um monarquista.

    Na entrevista, entretanto, eu não reparei pelo menos em boa parte da entrevista manifestação que pudesse o caracterizar de conservador.

    Recentemente a distinção entre a sociedade organizada e a sociedade não organizada foi feita por Luiz Carlos Bresser Pereira em artigo que foi publicado aqui no blog e causou certa resistência mas é verdadeira e a forma de manifestação de cada um desses grupos é diferente como o José Murilo de Carvalho considerou. O texto de Luiz Carlos Bresser Pereira é “Em 2018, não agora” e foi publicado no jornal O Globo tendo sido reproduzido aqui no blog no post “Em 2018, não agora, por Luiz Carlos Bresser-Pereira” de quinta-feira, 12/03/2015 às 08:06.

    O que há de mais relevante na distinção exposta por José Murilo de Carvalho é a possibilidade de o leitor da entrevista vir a apreender de um trecho como o seguinte:

    “De modo geral, desde os anos 50 vão para a rua pessoas que têm condição de perceber seus interesses e de lutar por eles. Isto exige certo grau de educação e de organização: associações, sindicatos, internet. Grupos intermediários têm essas condições. O povão povão, quando se manifesta, em geral é sob formas menos pacíficas: invasões, saques, quebra-quebras”.

    E o que o leitor da entrevista poderia concluir de um trecho como este transcrito acima? A impressão que se tira da afirmação de José Murilo de Carvalho é que os manifestantes de classe média pelo maior grau de instrução são esclarecidos. É o ponto falho da entrevista não fazer uma restrição ao maior grau de instrução como elemento para capacitar as pessoas a mais bem compreenderem a realidade. Um texto que serve para esclarecer é o de Wilson Ferreira que ontem, 12/04/2015 às 07:19, saiu como o post “O Homem-Aranha e a auto derrota do PT, por Wilson Ferreira” aqui no seu blog ao se referir ao “funcionamento imaginário da sociedade”.

    Há uma cultura que se fundamenta no “funcionamento imaginário da sociedade”. Eu trato essa fundamentação como idealização equivocada das pessoas que não permite que elas possam entender a sociedade real. É dentro do mesmo equívoco cometido por José Murilo de Carvalho que se pode chamar atenção para o erro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao afirmar logo após as eleições que o PT vem colhendo votos entre a população mal informada que, “coincidentemente, é mais pobre” e acrescentar “[n]ão é porque são mais pobres que votam no PT, mas porque são menos informados”.

    Tudo isso pode ser visto no post “PT cresce nos grotões e ganha entre pobres e mail informados, diz FHC” de segunda-feira, 06/10/2014 às 16:10. Não foi como sociólogo que Fernando Henrique Cardoso fez tal afirmação. Ele a fez como político. E talvez se possa dizer que trata de afirmação de mau político uma vez que ela provavelmente vai gerar poucos votos. Se fosse como sociólogo ele teria sido também um mau sociólogo, pois, como sociólogo ele deve saber o tanto de mal entendido que existe na concepção fundada no funcionamento imaginário da sociedade e que essa concepção não é restrita as pessoas com menos instrução.

    Bem, há a bem da verdade um veio conservador no teor da entrevista de José Murilo de Carvalho. Trata-se do encerramento quando ele acusa a inexistência de estadistas entre os políticos atuais. Outro conservador que também reclama desta carência é o Andre Motta Araujo. Aliás, você também revela um veio conservador quando acusa os políticos atuais de não serem estadistas, ou melhor, de serem medíocres.

    Vejo a ansiedade com o advento de um estadista como um viés conservador que é basicamente elitista. Não causa mal, mas se trata de um mito. Recentemente eu atribuir o uso do termo estadista aos historiadores como se pode ver no seguinte trecho de um comentário meu enviado domingo, 22/02/2015 às 17:12, para junto do comentário de Mucio Linhares da Rocha, de domingo, 22/02/2015 às 12:05:

    “Estadista é um termo que os historiadores costumam aplicar aquele governante que na opinião dos historiadores tomaram em determinado momento as medidas que de novo na opinião dos historiadores eram as medidas certas. Como se vê é um termo que só faz sentido sendo aplicado por historiadores”.

    Fiz o comentário de onde tirei o trecho transcrito acima junto ao post “Falta uma perna no Plano de Levy, por Andre Araujo” de domingo, 22/02/2015 às 18:09, aqui no seu blog e com texto de autoria de Andre Araujo.

    É claro que José Murilo de Carvalho é um historiador, mas nominar estadista algum contemporâneo não é propriamente papel de historiador. Em minha avaliação a manifestação de José Murilo de Carvalho no fim da entrevista ao Estadão revela apenas o veio conservador e elitista dele e não passa de mera opinião.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 13/04/2015

  21. bestializada estou eu

    Com  essa “entrevista” de Zé Murilo. Que raio de entrevista é essa? E as respostas? Monossilábicas, rasteiras, vazias.  Só a classe media tem “educação e organização”  para  protestar? Eu li direito? Então a longa tradição de organização e revoltas populares não existem? Ele esqueceu que escreveu um livro sobre uma revolta popular  em 1904? Ignora as mensagens  retrogradas e viciadas dos protestos da classe media “educada”? O que tá acontecendo? por que essa obsessão pelo Zé Murilo aqui no blog? Já é o segundo ou terceiro post com ele, e o homem não faz uma avalição  consistente. Não diz coisa com coisa. Parece mais bestializado do que eu …

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