Lava Jato faz operação “estranhíssima” e “pirotécnica” contra advogados de Lula

Operação da PF foi deflagrada junto com a apresentação de denúncia pelo MPF: "se há o que se investigar, não há elementos para denúncia", destaca Migalhas

Jornal GGN – O juiz da Lava Jato no Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, autorizou nesta quarta (9) uma operação “estranhíssima” e com cheiro de “pirotecnia” contra escritórios de advocacia. Entre eles, o de Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, que lidera a defesa do ex-presidente Lula.

Respaldada pela delação premiada do ex-presidente da Fecomercio Orlando Diniz, preso em 2018, a operação “E$quema S” é realizada em conjunto pelo Ministério Público Federal, Receita Federal e Polícia Federal, que cumpre mais de 50 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

O escritório de Zanin, segundo as delações, teria sido contratado para defender Diniz numa disputa jurídica pessoal para manter-se no comando da Fecomercio e, depois, intermediado a contratação de outros escritórios. Entre eles, a banca do advogado Eduardo Martins, filho do presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Martins.

Diniz afirmou que pagava Eduardo Martins para ter “influência” sobre o STJ. Outro ministro, Napoleão Nunes Maia, chegou a conceder liminar para que Diniz voltasse ao comando da instituição, mas “posteriormente, Orlando foi afastado de novo do comando da Fecomercio”, narrou O Globo.

Tanto a Procuradoria-Geral da República sob Raquel Dodge quanto o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, já arquivaram outras duas denúncias referentes a este suposto tráfico de influência no STJ.

O site Migalhas observou que agora a Lava Jato no Rio “fala em ‘tráfico de influência’ e ‘exploração de prestígio’, mas subtrai a informação de quem seriam as autoridades exploradas e influenciadas, de modo a que o caso não seja levado para outra instância.”

O portal especializado em notícias do universo jurídico ainda avaliou a operação autorizada por Bretas como “estranhíssima” e pirotécnica.

“De maneira absolutamente estranha ao regular processo penal, não só houve pedido busca e apreensão como concomitante apresentação da denúncia por parte do MPF. Diz-se estranha, porque se há o que se investigar, não há elementos para denúncia. Por outro lado, se há materialidade para denúncia, não há mais o que se investigar.  De modo que, ou um, ou outro. Neste último caso, a busca seria apenas pirotecnia.”

LAWFARE CONTRA ADVOGADOS DE LULA?

A Fecomercio é uma instituição privada mas tem convênio com a rede Sesc/Senac, que é abastecida com dinheiro do Sistema S – bancado por meio de contribuição compulsória de empresas, com recolhimento via Receita Federal.

A Lava Jato aproveita dessa relação para dizer que os contratos dos escritórios de advocacia com a Fecomercio “desviou” milhões do Sistema S, a título de honorários advocatícios.

A força-tarefa acredita que os serviços de advocacia não foram prestados. Para provar sua tese, segundo a Folha de S. Paulo, os procuradores fizeram perguntas a alguns escritórios investigados e como as respostas foram “vagas”, entenderam que não houve prestação regular de serviço.

O CASO DINIZ

Diniz teria começado a ter problemas jurídicos quando, em 2011, o Conselho Fiscal do Sesc Nacional detectou “uma série de irregularidades na sua gestão no Sesc fluminense”.

Em 2012, o escritório de Zanin e Teixeira foi procurado por meio do advogado Fernando Hargreaves para fazer a defesa do empresário. Diniz declarou que o objetivo da contratação era “comprar uma solução política”.

O escritório teria cobrado, no primeiro momento, R$ 10 milhões para atuar no caso, “sendo R$ 1 milhão em espécie, pagos por meio do operador financeiro Álvaro Novis.” A Folha não diz se a Lava Jato possui provas dessa delação.

Diniz também disse que após a contratação de Zanin e Teixeira, “a batalha jurídica” se desdobrou em novas contratações de advogados indicados pela dupla.

“A promessa era influenciar decisões no Judiciário em favor de Diniz, que enfrentava à época uma batalha jurídica para permanecer no comando das três entidades.”

Para a Lava Jato, “Zanin e Teixeira montaram, junto com Diniz, uma estrutura jurídica para que todos os recursos do Sesc/Senac Rio fossem repassados aos escritórios por meio da Fecomercio. (…) Embora os contratos sempre fossem assinados pela Fecomercio, o interesse discutido sempre foi particular de Diniz na batalha jurídica pelo controle do Sesc/Senac Rio.”

O MPF afirmou ainda que a Fecomercio foi a principal cliente, entre 2012 e 2016, do escritório Teixeira e Martins Advogados – hoje Teixeira, Zanin e Martins Advogados.

Ainda de acordo com Folha, a suposta “atuação criminosa de Zanin” foi corroborada por e-mails, anotações apreendidas com dirigentes da Fecomercio e documentos de uma auditoria interna sobre a prestação de serviços dos escritórios. O jornal afirma que a denúncia já foi recebida e que Zanin é réu.

Diniz foi preso em 2018 na Operação Jabuti, que investigou o pagamento de propina ao ex-governador Sérgio Cabral por meio da contratação de funcionários fantasmas na Fecomercio.

O advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, também é alvo de busca e apreensão autorizada por Bretas nesta quarta (9).

A Lava Jato alega que, ao todo, R$ 355 milhões podem ter sido “desviados” do Sistema S entre 2012 e 2018.

 

Redação

10 Comentários

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  1. Ao colocar todos os advogados no mesmo saco de gatos,o togado busca mais a defesa de alguns implicados de estranha amizade com milicianos do que propriamente atingir a defesa do presidente Lula,que,neste caso,vem a ser um bônus,se colar.
    De qualquer forma,essa gente vem conseguindo seu intento,depois de conseguir desmoralizar completamente a política e a mídia,sempre golpista,agora,de forma veloz,também retira qualquer credibilidade que ainda restava da justiça,criando um terreno mais do que fértil para a manutenção da ditadura.

  2. A ditadura Militar,Jurídica e Midiática tenta desconstruir a defesa de Lula.
    Me apontem outro caminho fora da rebelião e o seguirei mas nem me falem de eleição posto que eleição nessa merda nada vale,se não gostam cassam nossos votos ,foi sempre assim.

  3. A Lava-Jato sendo o que sempre foi, um instrumento de poder da casta do Ministério Público contra a grande maioria da população e a serviço do grande capital.

    O PT precisa ocupar as redes sociais e disputar a NARRATIVA com os fasci-miliciano-evangélicos, sem isso continuará perdendo por WO.

  4. É assim que agem as ditaduras e é um Estado Ditatorial que foi idealizado pelos golpistas de 2016 e está sendo executado e agora radicalizado pelas repetidas derrotas da quadrilha da Farsa a Jato e pelo corajoso pronunciamento do Presidente Lula dia 07 último. O “çupremo” nada fará contra este abuso da PF pois participou ativamente do golpe de 2016, dando-lhe todo o apoio que foi necessário:

    https://jornalggn.com.br/analise/as-faculdades-de-direito-nunca-formaram-tantos-fascistas-como-nos-ultimos-anos-afirma-lenio-streck/

  5. Nassif: o plano foi elucubrado no pico das Agulhas. Um chegado soube de outro chegado, que é chegado meu, e eu vou bater o papo pra tu, qué meu chegado. Sabem que o SapoBarbudo tá em ascensão, frente ao TenenteJair e seus palacianos fardados. Nem a CloroquinaUngida tá fazendo efeito. Tudo bem tem morrido pobre e aposentado do INSS pra dedéu. Mas não nos números que o Mercado de GuéGué sonhava. Então pipocou a idéia genial de estimular os Sabujos do PríncipeParisiense a buscarem nas delações “expontâneas e requentadas” algo que ajudasse a grande mídia vender espaço comercial e distrair a galera. Pintou esse dos Divogadis. Pra não dar na cara a intensão marcaram a operação com outros Divogadis, inclusive o do MessiasDoBras. Lógico, prós outros a coisa vai só fazer número. No do MelianteOperárioNordestino, nesse vão achar dois sanduiches que ele comprou na porta do Çupremo e o contador esqueceu de lançar. Vão fazer maior bafafa, Caixa2 e os cambau de bico. Aí, assim que passarem as eleições, descobrirão houve excessos e o caso vai pro sextoarquivo. Os caras faturam os cargos majoritários nas metrópoles e nos Estados de “maior audiência”. TogaSuja sai ileso. O GogoboyMor vai cuidar daquela terrinha no MT (50.000 alqueires), com madeira e ouro a dar com pau. NoveDedos retorna à cadeia e na QuerênciaDeCruzAlta a costelinha de vitelo, regada a tintos do “Vallée de la Loire” (mandado por um admirador que mora na Av. Foch), dará tônica da festança…

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