Envolvido em mais uma suspeita de crime, conforme revelou um relatório da Polícia Federal nesta segunda-feira (15), por orientar assessores a custear as despesas de Michelle Bolsonaro com dinheiro vivo, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, não deve ser o único responsabilizado por eventuais crimes cometidos na gestão passada.
A conclusão é de Rodrigo Lentz, advogado, professor de ciência política (UnB) e pesquisador do Instituto Tricontinental, que participou do programa TVGGN 20 Horas desta segunda-feira (15), com o jornalista Luis Nassif.
A troca do advogado do Cid para um advogado especialista em delação, que tem 10 anos de produção a respeito disso, foi um bom do recado de que ‘não vamos aceitar essa história de boi de piranha’. Tem aí um componente político envolvido, avalia Lentz.
Confiança na impunidade
Apenas a certeza da impunidade justifica, na visão de Lentz, o tamanho do material probatório encontrado no celular de Mauro Cid.
O relatório da Polícia Federal, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), mostra que além de incentivar que os pagamentos das despesas da ex-primeira-dama e seus parentes fossem pagas com dinheiro vivo, eles deveriam ser feitos ainda de maneira fracionada, a fim de dificultar a identificação da origem – prática comum em esquemas de rachadinha.
Para o entrevistado do TVGGN 20 Horas, esta postura não se trata de um descuido, mas revela indícios de práticas que configuram grandes suspeitas de ilícitos.
Na minha avaliação, os indícios representam um pouco desse substrato miliciano que faz parte da cultura militar do Brasil, pontua o cientista político.
Enfrentamento aos resquícios da ditadura
Enquanto convivemos com grandes entusiastas do militarismo, incapazes de perceber que militares também erram e que não são inocentes a ponto de não entender os riscos em que se colocam, faltou aos progressistas o devido enfrentamento em relação à ode que restou no pós-Ditadura.
“Democratas não enfrentaram o tema como deveria ser enfrentado e os militares confundiram o público e o privado. Parece-me que esse tipo de prática foi exportado para a Presidência da República”, afirma Lentz, completando ainda que os militares têm “práticas que beiram o milicianismo no serviço público”.
Para entender mais sobre o militarismo no Brasil, assista o programa na íntegra:
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Com toda essa certeza de impunidade desses Ratos, o que seria de nós se eles tivessem dado um golpe ou ganho a eleição? Iam comer com os pés dentro e tratorar todo mundo que não aplaudisse a farra deles.