Netanyahu segue o mesmo roteiro de Bolsonaro para se safar, diz Rondó ao GGN

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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Para se manter no poder, Netanyahu utiliza de conflitos externos como uma forma de distrair a opinião pública e prolongar a guerra

O diplomata Milton Rondó. Foto: Reprodução/TV GGN

A estratégia do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, é a mesma de Jair Bolsonaro para se manter no poder. Ele utiliza conflitos externos como uma forma de distrair a opinião pública e tenta prolongar a guerra para evitar possíveis consequências legais. Essa é a visão do diplomata aposentado Milton Rondó, entrevistado no programa TVGGN 20 Horas, ocasião em que falou sobre a crise com Israel em meio à fala do presidente Lula [assista abaixo].

“Digamos que ele [Netanyahu] é o Bolsonaro que deu certo, precisa se safar. [Bolsonaro] Dá um golpe em cima do Judiciário – que, na verdade, é revertido – mas o roteiro é o mesmo: queria reverter as decisões do Judiciário e dar um golpe, com grandes manifestações pelo país todo. Mas ele [Netanyahu] consegue com esse fator externo que o Bolsonaro não tinha, se manter no poder, mas ele tem mais de 80% de reprovação no país. Ou seja, está se mantendo por conta dessa guerra, precisa intensificar. Além de genocida, ele é corrupto, ele vai preso”, exemplifica.

Humilhação de embaixador

A humilhação a que o embaixador brasileiro foi submetido por causa da declaração do presidente Lula comparando a ação de Israel em Gaza ao nazismo, segundo Rondó, foi um erro que deve ser interpretado pela Convenção de Viena, e que “a gente não pode aceitar”, até porque ele não teria de estar em Israel.

“Eu acho que a gente já deveria ter retirado esse embaixador de lá há algum tempo. Depois que os brasileiros saíram, porque ele estava lá? Não havia necessidade. Porque aí você cria também um precedente, que eu acho que é importante dizer, em regimes de extrema-direita, você não mantém o embaixador. Eles estão fora do arco democrático, que era o nosso caso com o Bolsonaro aqui. A gente nem tinha política externa”.

O diplomata faz alusão ao ex-chanceler Ernesto Araújo, que tinha o costume de consultar a embaixada do Brasil com frequência para assumir uma posição.

“Ele ligava três, quatro vezes por dia para o embaixador do Brasil em Washington para saber qual era a posição dos Estados Unidos, para depois assumir uma posição. Enfim, é importante revisar essas coisas e ter como padrão em um governo de extrema-direita, como é o caso do governo de Israel, você não mantém embaixador, você mantém as relações no nível mais baixo de encarregar os negócios”.

Genocídio, por experiência própria

Rondó compartilhou com o jornalista Luís Nassif, algumas experiências de quando coordenava a cooperação humanitária no Itamarati, e comparou o cenário na Faixa de Gaza a de um campo de concentração, “é claramente um genocídio”.

“[Quando visitei] havia dois senhores sentados ali fora [Cruz Vermelha de Jerusalém] eu achei tudo normal. Entrei cumprimentei com a cabeça. Entrei, e a diretora da Cruz Vermelha me perguntou ‘você viu? São deputados eleitos do Hamas, foram eleitos e Israel ia prendê-los, por isso se refugiaram aqui’, só que a Cruz Vermelha não tem status diplomático, não tem imunidade. ‘Eles passam a noite aqui e as famílias vêm visitá-los durante o dia’. Quer dizer, há democracia desde que ganhe quem a gente quer”.

“Como é que você vai ter dois estados agora com 600.000 invasores? Há colonos judeus lá dentro matando palestinos todos os dias”.

Assista a entrevista completa pelo link abaixo:

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