Bolsonaro já usou todo arsenal de votos que tinha à disposição, diz Felipe Nunes da Quaest

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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"Faz pouca diferença para onde vão Ciro ou Tebet. O eleitorado deles tende a ir para Lula", aponta o cientista político

Começa o segundo turno entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) nas eleições gerais de 2022. Nesta terça-feira (4), há expectativa de que os terceiro e quarto colocados na corrida presidencial, Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), respectivamente, manifestem-se publicamente sobre o duelo que será prolongado até 30 de outubro. A pergunta que os eleitores se fazem no momento é: para onde irão os votos decisivos de Ciro e Tebet: Lula ou Bolsonaro?

Na visão do cientista político e CEO do instituto Quaest Pesquisas, Felipe Nunes, do ponto de vista eleitoral, pouco importa a quem Ciro e Tebet manifestem apoio, pois os eleitores tomarão a decisão sozinhos. E os dados apurados pela Quaest indicam que Lula será favorecido com os votos que restaram na terceira via.

“Os dados que temos hoje mostram que o que sobrou de eleitores, neste momento, dá a Lula muito mais condições de receber esses votos da Tebet e do Ciro. É como se todo o arsenal de votos que Bolsonaro tinha à disposição, se juntou para evitar a derrota para Lula [no primeiro turno].”

Isso não significa que a disputa será fácil para o campo progressista. Lula saiu do primeiro turno com 48% dos votos válidos contra 43% de Bolsonaro – cujo partido, o PL, elegeu uma grande bancada no Congresso, emplacou aliados nos governos estaduais e ainda irá disputar o segundo turno em estados importantes, como São Paulo. Além disso, segue com a máquina pública sob seu controle.

“Vamos ver quanto Bolsonaro consegue superar [no segundo turno] esse número que ele teve. Nos dados que temos hoje, o eleitorado de Tebet e Ciro tendem a ir para Lula”, reafirmou Nunes.

As pesquisas eleitorais erraram?

A maioria das pesquisas eleitorais não antecipou o ganho de musculatura de Bolsonaro às vésperas da votação. Mas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – maiores colégios eleitorais do País – a pesquisa Genial/Quaest, destoando das demais, colocou no radar essa mudança de ventos a favor de Bolsonaro.

O candidato à reeleição acabou angariando já no primeiro turno uma fatia dos votos de Ciro e Tebet e ainda cresceu na contramão da queda de votos nulos e brancos, que em 2022 chegou à menor taxa desde a eleição 1994, cerca de 4,4%.

Para Nunes, o movimento do “voto útil” pró-Lula feito por artistas, intelectuais e personalidades da República, na reta final da campanha de primeiro turno, acabou levando o eleitor antipetista a se posicionar e turbinar Bolsonaro.

Na visão de Nunes, o aprendizado que se tira, para quem acompanha as pesquisas, é que não basta lançar olhares superficiais sobre os dados. “A gente tem que parar de olhar pesquisas como descritivo de corrida de cavalo.” Isso significa ir além do percentual de intenções de votos e dos votos válidos.

Na última Genial/Quaest antes do primeiro turno, 44% dos eleitores afirmaram que Bolsonaro merecia uma segunda chance como presidente. Índice bem perto da votação que ele tirou em 2 de outubro. “O sentimento estava ali guardado”, disse o cientista político e CEO da Quaest.

A próxima pesquisa Genial/Quaest será publicada na quinta-feira, 6 de outubro.

Frustração entre petistas

Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, Felipe Nunes também colocou o resultado do primeiro turno para Lula em perspectiva.

“Me estranha a frustração do eleitorado petista com relação à votação de Lula. Lula nunca ganhou uma eleição no primeiro turno, mesmo nos tempos áureos. Ele não conseguiu eleger a Dilma em primeiro turno. Acreditar que Lula iria ganhar no primeiro turno era ingenuidade.”

Assista:

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. Cuidado com essas previsões idiotas. Depois da morte da Rainha Isabel parece que Nostradamus está na moda novamente. Não passo nem perto de ser bolsonarista (apesar do Youtube insistir para que eu veja JP) mas o antipetismo é muito, mais muito maior do que uma pesquisa pode captar. Faz um teste, vai na janela e grita Lula lá. Mesmo que Lula ganhe com essa bancada que se formou não passa nem um projeto no congresso. Uma frase eu deixo para os amigos, PT NUNCA MAIS!

  2. É tão ingênua e pueril essa análise que chega ser deprimente. As pessoas que fazem essas pesquisas parece que vivem no mundo da lua. Desconsiderar a capacidade de estúpido do brasileiro e altíssimo grau de preconceito, racismo, ódio contra LGBTQI+ e não apenas da classe alta e dominante mas também dos dominados e alienados religiosos é querer vender ilusão e uma imagem de que o povo brasileiro tem humanidade que está escancarado que não tem. Posso está sendo pessimista demais, mas tenho esse direito dado os últimos anos, só o maior milagre que esse país já viu para o nosso Lula ganhar, infelizmente. E caso ocorra não terá a minha governabilidade com esse congresso pior que atual que foi eleito.

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