PGR ainda não iniciou investigação de propina da Odebrecht para Alckmin

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Rodrigo Gomes
 
Da RBA
 
A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda não abriu inquérito sobre as delações dos ex-executivos da empreiteira Odebrecht Carlos Armando Paschoal, Arnaldo Cumplido de Souza e Benedicto Júnior, que citaram repasses de aproximadamente R$ 10,3 milhões ao governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014, nas quais ele saiu vencedor.
 
As delações foram tornadas públicas em abril deste ano, mas, passados sete meses, nenhum citado foi ouvido e nenhum procedimento investigativo foi realizado. Segundo os delatores, o dinheiro da propina vinha de contratos de obras com a Sabesp e com a Linha 6-Laranja do Metrô paulista.
 
“Justamente num tempo em que a Justiça brasileira diz querer acabar com a corrupção, por que alguns têm a vida revirada e outros são esquecidos?”, questionou o deputado estadual Alencar Santana Braga (PT), que se reuniu ontem (21) em Brasília com o vice-procurador-geral, Luciano Mariz Maia. Além de Braga, participaram do encontro os deputados federais Paulo Teixeira, Valmir Prascidelli e Nilto Tatto, todos do PT.
 
“Mariz Maia informou apenas ter havido a abertura de um procedimento conhecido como ‘Notícia de Fato’, que segue em sigilo, mas na prática não tem valor legal relevante, sendo apenas de caráter interno. A PGR informou não ter recebido do Supremo Tribunal Federal (STF) os anexos das delações que continham as informações envolvendo Alckmin e, dessa forma, não conseguiriam investigar. Ou seja: nada foi feito e Alckmin segue imune e ileso”, criticou o parlamentar paulista.
 
Segundo os delatores, Alckmin recebeu R$ 2 milhões em caixa dois na campanha ao governo paulista em 2010. E R$ 8,3 milhões na campanha de 2014. De acordo com o delator Carlos Armando Paschoal, em 2010 o acerto foi feito com Aluízio Araujo, então membro do conselho de administração da Odebrecht, morto em 2014. A propina teria sido negociada pelo próprio Alckmin, em seu escritório na Avenida 9 de Julho. Ele indicou o cunhado, Ademar Ribeiro, para coordenar as entregas em parcelas de R$ 100 mil ou R$ 200 mil.
 
Já Benedicto Júnior disse que um dos pagamentos de propina, de R$ 1,5 milhão, estava relacionado a uma obra da Sabesp. A maior parte dos valores restantes estaria vinculada aos contratos de construção da Linha 6-Laranja (São Joaquim-Brasilândia) do Metrô, cuja licitação foi vencida pela Odebrecht. Em 2014, os pagamentos teriam sido feitos ao secretário de Estado do Planejamento, Marcos Monteiro, tesoureiro da campanha do governador em 2014. Ele era identificado como “MM-Partido” nas planilhas de propina da Odebrecht, entregues pelos delatores.
 
O ex-prefeito de Santos e ex-diretor da Sabesp João Paulo Papa (PSDB), atualmente em mandato como deputado federal, teria recebido R$ 300 mil em sua campanha. Todos os citados negam irregularidades.
 
Para o deputado paulista, a situação evidencia a seletividade do Ministério Público e da justiça no combate à corrupção. “A PGR não ter feito nada em relação à delação contra Alckmin demonstra o quanto age com seletividade, contra quem quer e da forma como quer. Não há sentido ter passado meses após a delação e sequer ter aberto inquérito. Nem o básico foi feito. Cunhado, secretário e outras pessoas não foram chamadas a deporem, como então descobrir se a delação é verdadeira ou falsa?”, questionou.
 
Procurada, a PGR não se manifestou sobre o caso.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. Podres poderes.

    Alcimin formou-se médico em Taubaté enquanto exercia os mandatos de vereador e depois prefeito de Pindamonangaba, uns 30km uma da outra. Naquela época, a Via Dutra só possuía uma faixa de rolamento em cada sentido, Nosso glorioso CRM-SP nunca investigou como tal façanha foi possível. E nem havia internet na época…

    Bem, primeiro seu cunhado foi tachado de ladrão de merenda escolar. Na primeira vez, tudo bem, Alckmin não escolheu o cunhado. Mas na segunda, terceira, quarta vezes não tomou providências, Então era e são cúmplices. Eu vi na TV um pequeno lote de maçãs entregues em uma escola. Eram 400 maçãs pequenas, do tamanho de uma goiaba média.

    A repórter mostrou a nota fiscal, cada maçã custava um real. Na nota, as maçãs eram classificadas como “tipo 1”. A repórter informou que eram tipo três. Maçãs tipo 1 são aquelas grandes, argentinas. Só naquela escola,  eram R$ 280,00 que alguém embolsava por dia. Continuando com a repórter, ela informou que eram dois milhões de maças no estado, diariamente. Uns sete milhões de reais por semana, um bom dinheirinho.

    O janota janot investigou? Não!. Algum promotor estadual investigou? Não! O TJ-SP tomou alguma providência? Não! Alguma repercussão daquela reportagem? Não! A Globo investigou? Não! Os coxinhas ficaram indignados? Não!. Eram as maçãs do Amor ou da Corrupção? Você decide.

  2. PGR…..

    Seletividade? Vocês não quiseram dizer cumplicidade? Desde que o Tucanistão armou um excelente esquema para calar a Justiça, quanto aos seus desmandos, dando Poder Político ao Ministério Público  filiando ao seu partido, todo este braço do Estado Brasileiro, que deveria ser independente, se tornou um Partido Político blindado. Não à toa Agentes do Ministério Público, como Promotores e Procuradores, tem tanta influência política em SP. E tantos são Secretários. Engavetador Geral da República fez escola. É este país a combater a corrupção? Seletividade? 

  3. Páginas da delação de tucanos em pasta errada.

    Devem ter sido arquivadas em pasta errada. Daqui a uns 20 anos acham onde guardaram, se não houver um incêndio antes.

  4. Cabral governou só 8 anos. Alckmin está há mais de 20 anos.
    Cabral ficou só 8 anos no governo, e ao abrir a caixa preta encontra-se tudo isso. Alckmin (os tucanos) estão no governo desde 1995 (desde 1982 se fizer um exame de DNA). Imagine o que encontrão se abrir a caixa preta. Por que não abrem? O judiciário em terras bandeirantes está do lado de fora ou de dentro da caixa?

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