Prisões de Israel para palestinos são semelhantes às de Guantánamo, revela libertado 

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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BBC e Al Jazeera ouviram prisioneiros palestinos libertados que sofreram espancamentos, humilhações e assédio sexual de israelenses

Prisão de Ofer, na Cisjordânia, controlada por Israel e onde estão mantidos prisioneiros palestinos. Foto: Reprodução/Vídeo Agência RT

Durante o cessar-fogo estabelecido entre o Estado de Israel e o Hamas, encerrado na última sexta-feira (1) com a retomada dos ataques à Faixa de Gaza, na Palestina, foram libertados 105 reféns e 240 presos palestinos no acordo de trocas estabelecido com intermediação dos governos do Qatar e do Egito.

A soltura dos prisioneiros e as prisioneiras da Palestina revelou, conforme denúncias feitas por homens, jovens e mulheres, que as condições nas prisões israelenses são “semelhantes às de Guantánamo”, o centro de detenção dos Estados Unidos localizado em Cuba, e comparam o tempo que passaram no cativeiro a “um filme de terror”.

Os relatos foram feitos para a Al Jazeera. Em conversa com o canal, Ramzi Abbasi, prisioneiro da prisão israelense de Nafha, libertado na troca de reféns, revelou que os detidos sofrem frequentemente abusos físicos e sexuais. 

Abbasi disse que “ainda está tentando entender como sobreviveu àqueles dias sombrios” no cativeiro que “era como estar em um filme de terror”.

“Eles trancaram 12 pessoas de cada vez no banheiro, como em Guantánamo. Levaram os prisioneiros de cueca”, disse ele. “Eles filmaram o assédio sexual. O comandante nos bateu nos órgãos genitais na frente dos soldados. Eles gostaram”, acrescentou.

De acordo com a Addameer, uma organização que trabalha para apoiar prisioneiros palestinos, com sede em Ramallah, mais de 7 mil pessoas do país estão atualmente detidas em prisões israelenses, enquanto pelo menos seis prisioneiros morreram sob custódia desde a escalada das hostilidades em 7 de outubro.

BBC também traz relatos 

Israel diz que todos os seus prisioneiros são detidos de acordo com a lei. No entanto, à BBC Mohammed Nazzal, de 18 anos, um dos libertados por Israel durante o cessar-fogo, estava sob custódia na prisão de Nafha sem receber nenhuma acusação desde agosto e diz não saber por que foi preso.

As duas mãos de Mohammed foram quebradas após espancamentos na prisão de Nafha, pouco antes de ser libertado, fato constatado pela reportagem da BBC que esteve na casa do jovem palestino. 

Prisioneiros palestinos libertados de prisões israelenses também afirmaram à BBC que sofreram abusos e punições coletivas nas semanas após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro.

Eles descreveram terem sido espancados com paus, terem tido cães com focinheiras colocados sobre eles e suas roupas, além de serem privados de comida e cobertores.

Uma prisioneira disse que foi ameaçada de estupro e que, por duas vezes, os guardas jogaram gás lacrimogêneo dentro das celas.

A BBC conversou com seis pessoas que afirmaram terem sido espancadas antes de deixarem a prisão.

Com informações da Al Jazeera, BBC e RT

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Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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