Nova Economia: “O Brasil precisa de um programa nuclear”, afirma servidor

As pesquisas nucleares têm como objetivo suprir a "debilidade" do Brasil, especialmente na área médica, que depende de importações da Rússia.  

Crédito: A.P.Santiago/CNEN

O Brasil precisa de um programa nuclear brasileiro capaz de estruturar o setor e oferecer desenvolvimento tecnológico e carreiras profissionais aos pesquisadores da área. Esta é a conclusão de Francisco Rondinelli, engenheiro, servidor de carreira e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), convidado do programa Nova Economia desta quinta-feira (30). 

O entrevistado comentou que a agenda nuclear foi uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento tecnológico e econômico da Coreia do Sul, colocando o país asiático entre as maiores potências do mundo. 

“Tenho colocado no Ministério [do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços] que está na hora de, efetivamente, fazer um programa chamado agenda nuclear brasileira 25-35, programa de 10 anos que promova investimento industriais, em combustíveis e usinas nucleares. Isso vai demandar uma série de profissionais. Os empreendimentos nucleares são de médio a longo prazo, mais de cinco anos, período em que formaremos profissionais”, comenta o entrevistado.

Confira a entrevista completa:

Aplicações

Criada em 1956, a partir da necessidade de ter uma instituição no país que participasse da discussão mundial sobre energia nuclear, novas fontes de energia e suas aplicações, a CNEN é dividida atualmente em duas diretorias técnicas. 

Uma delas é voltada para a pesquisa, transferência de tecnologia, estímulo à inovação, formação de recursos humanos e fornecimento de materiais para a medicina nuclear. A segunda é a diretoria de radioproteção e segurança nuclear.

As pesquisas nucleares no Brasil têm como objetivo suprir o que Rondinelli descreve como “debilidade” do País, especialmente na área médica, que depende de importações da Rússia.  

“A gente tem de ter uma produção local e um reator multipropósito vai fazer isso vai tirar a nossa dependência externa da matéria-prima para radiofármacos, além de fazer teste de materiais para combustíveis nucleares e componentes de usina nuclear e pesquisa com materiais”, continua o entrevistado. 

Projetos

Em agosto, o Nova Economia mostrou que ao tornar o Brasil autossuficiente na produção de radiofármacos, a redução de custos chegaria a R$ 88,5 milhões (US$ 18 milhões) por ano.

Os pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo ainda um submarino de propulsão nuclear, ideal para a proteção da costa brasileira devido ao alto desempenho. 

Para estes e outros projetos, mais que estímulo do poder público,  Francisco Rondinelli quer retomar o programa de bolsa de estudos da CNEN para a formação de profissionais para atuar com pesquisas nucleares. Físicos, químicos, engenheiros e até administradores poderiam se beneficiar com a iniciativa.

ASSISTA TAMBÉM:

Camila Bezerra

Jornalista

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador