Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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As esquecidas e as abundantemente lembradas, por Francisco Celso Calmon

Diga-se de passagem, que é bem comum esquecer os movimentos da sociedade civil, quando deles não precisam mais. 

As esquecidas e as abundantemente lembradas

por Francisco Celso Calmon

Louvo a coragem do Nassif de abordar questões sensíveis, mas necessárias, pois, se não formos nós, quem será, senão os adversários para se locupletarem.

As vezes parecem questões menores, porém, o fundo delas pode ser revelador, e nos cabe alertar antes que essas revelações sejam causas de danos.

Refiro-me aos seus artigos, “Na posse de Silvio Almeida, a grande esquecida”; no qual contextualiza e enaltece Eugênia Gonzaga, ex-coordenadora da Comissão de Mortos e Desparecidos políticos da ditadura, olvidada na posse do ministro de Direitos Humanos; e também ao seu artigo comparativo entre Janja e Michelle.

Não foi somente a coordenadora dessa Comissão a esquecida.

A Rosa Cardoso, ex-advogada da Dilma durante a ditadura, que foi coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, também ficou fora. Bem como a coordenação da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça, cuja rede de comitês, formados por ex-combatentes da ditadura e de familiares de mortos e desaparecidos, sendo a que mais interagiu e colaborou criticamente com a CNV, foi absolutamente esquecida e nem citada.

Diga-se de passagem, que é bem comum esquecer os movimentos da sociedade civil, quando deles não precisam mais. 

Os jovens quadros políticos devem lembrar o óbvio: a história não começou quando iniciaram as suas militâncias.

Alguns não entenderam o texto referente à primeira-dama Janja, no qual, em resumo, Nassif está enaltecendo as qualidades dela e alertando que está ficando muito exposta e pode ser que com a mesma velocidade que a mídia golpista a enaltece e a coloca na roda, pode vir a desidratá-la, quando for conveniente.

 E isto ocorrendo, atingirá o governo, principalmente por ter como um único lastro o de ser a esposa do presidente, ou seja: não tem respaldo e nem história eleitoral ou mesmo de liderança social. 

“Janja tem pique e conhecimento para deixar uma obra de peso. Mas tem que ser mais esperta. E ser mais esperta significa, acima de tudo, mais discreta” (Janja e Michelle Bolsonaro, a sabida e a esperta, por Luís Nassif).

Eu não simpatizo com esse cargo ou encargo de primeira(o) dama(o).

Criado nos Estados Unidos, à semelhança das consortes nas monarquias, desempenha o papel de anfitriã no palácio do governante. 

O casamento com o mandatário, não significa uma parceria na gestão do governo, seja estadual, seja federal.

Uma primeira-dama é uma posição de status simbólico. Dependendo da personalidade ocupa mais ou memos espaço e influência no governo.   

Existe a segunda-dama, reservada a esposa do vice-presidente.

Considero um elo politicamente frágil e sem razão política ou eleitoral para ser uma cogestão, muito menos uma sombra.

Tendo competência e sendo apropriado politicamente, que seja nomeada para uma função pública específica.

No Brasil tivemos primeiras-damas emblemáticas: Maria Thereza, pela sua beleza e carisma, Ruth Cardoso, por sua intelectualidade, e na ditadura uma que foi considerada a mais corrupta. Apenas uma, posteriormente, se candidatou, Rosane Color, e perdeu.

Não encontro paralelo em países com regimes parlamentaristas e em regimes como o da China, Cuba e outros, e muito menos com a história de Isabelita Peron na Argentina, que não acolho como exemplo a ser seguido.

Contudo, o talento e a capacidade da Janja não devem ser desperdiçados e nem mitigados, devem, sim, ser inteligentemente canalizados em benefício do sucesso do governo Lula, cuja conjuntura requer cálculos cuidadosos para não fazer marola no mar revolto da transição.  

Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça

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Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

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