Cariani: Entre o Fisiculturismo e as Tensões na Justiça, por Saulo Barbosa

Cariani é suspeito de integrar um grupo responsável pela fabricação e distribuição de substâncias ilícitas, incluindo cocaína e crack.

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Cariani: Entre o Prestígio no Fisiculturismo e as Tensões na Justiça Brasileira

Saulo Barbosa Santiago dos Santos    

          Renato Cariani, reconhecido fisiculturista e profissional premiado, apresenta uma trajetória notável não apenas em sua carreira atlética, mas também em sua formação acadêmica, detendo conhecimentos em química e administração de empresas. No entanto, recentes alegações de seu envolvimento em atividades criminosas lançam uma sombra sobre sua reputação.

          Conforme revelado por investigações da Polícia Federal, Cariani é suspeito de integrar um grupo responsável pela fabricação e distribuição de substâncias ilícitas, incluindo cocaína e crack. A fábrica associada a ele estima-se ter produzido entre 14 e 19 toneladas dessas drogas, abastecendo redes vinculadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e ao Comando Vermelho. O caráter alarmante do crime é acentuado pela aparente falta de medidas coercitivas, uma vez que Cariani não foi detido ou mesmo conduzido para prestar esclarecimentos.

          Essa situação evidencia lacunas e questionamentos quanto à bússola moral de parte da sociedade, bem como das instituições de justiça. É oportuno recordar eventos recentes, como a incursão policial na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, que resultou em trinta mortes e diversos feridos, em uma operação para apreender cinco fuzis. A mesma polícia, contudo, conseguiu apreender dezenas de fuzis em um condomínio de luxo sem recorrer à violência. Este é o mesmo condomínio associado aos assassinos da vereadora Marielle Franco e também serviu como residência do Presidente Jair Bolsonaro.

          Analogamente, o ex-político Roberto Jefferson se envolveu em um confronto armado com a Polícia Federal, causando ferimentos a três policiais. Notavelmente, a resolução desse incidente ocorreu sem a utilização de força extrema, diferentemente das abordagens frequentemente aplicadas em outras situações.

          Um exemplo recente, na cidade de Salgado, Sergipe, destaca a disparidade no tratamento legal. Hellen Tamires foi vítima de um ataque brutal por seu ex-namorado, resultando em danos sérios ao seu rosto e ameaça à sua visão. O agressor, ao contrário das práticas legais convencionais, permanece foragido, aguardando uma eventual normalização da situação para enfrentar as acusações.

          Este cenário reforça a percepção de que, no Brasil, existe uma dualidade de critérios com base em raça, condição social e vulnerabilidade. Enquanto indivíduos brancos e considerados “cidadãos de bem” frequentemente enfrentam repercussões mínimas para ações criminosas, aqueles pertencentes a grupos historicamente marginalizados enfrentam uma aplicação mais rigorosa da lei.

          Este quadro revela a urgência de uma reflexão sobre a necessidade de uma revolução nas estruturas sociais e políticas. O Brasil precisa reavaliar suas prioridades, garantindo que as camadas mais vulneráveis da sociedade sejam protegidas pela lei, e que o poder político seja exercido de maneira justa e equitativa.

Saulo Barbosa Santiago dos Santos – Guarda Civil, Professor de filosofia e Autista

Redação

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