Petrobras: o governo comete crime de lesa pátria, por Roberto Bitencourt da Silva

O nosso petróleo é, simples e desavergonhadamente, entregue à volúpia de acumulação dos capitalistas nacionais e gringos.

Petrobras: o governo comete crime de lesa pátria

por Roberto Bitencourt da Silva

É um crime imperdoável e de lesa pátria o que se está fazendo com a Petrobras, especialmente desde o governo golpista de Michel Temer. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de petróleo, possui autossuficiência produtiva, grande capacidade e expertise técnica no setor.

Contudo, por meio de um trágico governo como o atual, o país abdica deliberadamente de agir em prol da conversão da Petrobras em fonte de impulsionamento da capitalização e formação de excedente econômico nacional. O governo tem poder para decidir, a favor do Brasil, parcialmente que seja, já que possui maioria das ações da estatal e define o corpo dirigente. Na contramão, Bolsonaro norteia as suas decisões sempre contra os interesses nacionais.

O governo federal há tempos transfere as atividades de refino do petróleo para o exterior, sobretudo o mercado estadunidense, e faz com que a economia brasileira assuma a condição de mera exportadora de óleo bruto. Observe-se a pauta do comércio exterior do Brasil e se verá que a exportação de óleo cru alcança a liderança das vendas e a importação de combustíveis está no topo das compras internacionais. Uma troca econômica de teor colonial, que desfavorece as contas brasileiras.

Em um período histórico de transição da matriz energética mundial, em um horizonte marcado pelo esgotamento incontornável das fontes não renováveis de energia, em vez de utilizarmos a renda petroleira para financiar serviços e direitos sociais, assim como novas e autóctones indústrias e tecnologias sob o controle nacional, o nosso petróleo é, simples e desavergonhadamente, entregue à volúpia de acumulação dos capitalistas nacionais e gringos.

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Ademais, o consumidor brasileiro paga muitíssimo caro nos combustíveis, incrementando os lucros dos acionistas privados estrangeiros e domésticos da Petrobras. Isso eleva a inflação e a carestia, devido a mera subserviência de um governo antinacional e antipopular aos interesses imperialistas e burgueses. O malfadado preço de paridade internacional (PPI), introduzido por Temer e mantido religiosamente por Bolsonaro, seguidamente aumentando os preços internos dos combustíveis é um verdadeiro escárnio!  

A racionalidade liberal que enfatiza sempre a rentabilidade dos negócios – de sorte que beneficia, sobretudo, os portadores de direitos de dividendos e demais títulos de propriedade – nada tem que ver com a finalidade de criação da Petrobras ou de qualquer empresa estatal. A racionalidade de uma estatal deve ser guiada pelo interesse público, pelo incentivo ao desenvolvimento econômico e social etc. Ela não pode ser movida prioritariamente pela geração de lucros. Ainda assim, a Petrobras (como a Eletrobras… deixo para outra oportunidade esse escândalo que foi a sua doação privatista e desnacionalizadora) era provedora de lucros sem o tal PPI.

A última novidade imposta por Bolsonaro: para financiar os enormes dividendos dos acionistas particulares da Petrobras, sustentados por altíssimos e recorrentes aumentos de preços nas bombas dos postos de gasolina, o governo federal ainda quer que os Estados arquem com esses custos socialmente extorsivos reduzindo a arrecadação estadual de ICMS, com efeitos nefastos ao atendimento dos serviços públicos para a população.

Além de um governo de matiz nacionalista e socializante, bem como de iniciativas políticas e sociais dotadas de convicção, mobilização e organização popular que lhe deem apoio, para que o país possa esquivar-se de interesses incompatíveis com os propósitos intrínsecos e originários da Petrobras é necessário que ela adquira uma configuração jurídica radicalmente nova: requer-se que a empresa seja 100% estatal! O petróleo é do povo brasileiro, o monopólio da exploração dessa matéria-prima demanda ser restaurado, e a Petrobras é potencialmente um dos mais privilegiados instrumentos de produção de riquezas nacionais e prosperidade social para o país!

Roberto Bitencourt da Silva – cientista político e historiador.

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Redação

2 Comentários

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  1. Companheiro, lesar a pátria é o objetivo geral, não atribuível a um só evento. Foi para isso que ele foi apiado pela mídia em 2018. Só estafazendo o pelo que foi contratado.

  2. “Conheceis a Verdade. E a Verdade Vos Libertará”. CRIME DE LESA PÁTRIA. Perfeito. O Governo Militar entrega a PETROBRÁS sendo 100% Brasileira aos Criminosos que ocupam a Presidência da República e irão dilapidar tamanho Patrimônio do Povo Brasileiro a partir das PRIVATARIAS dos anos de 1990 de FHC, Lula, Dilma e Michel Temer (PSDB/PT/PMDB). Nada mais verdadeiro.

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