A reeleição de Eduardo Paes

Do O Globo

Eduardo Paes é reeleito prefeito do Rio com 64,6% dos votos válidos

Candidato do PMDB só perdeu para Marcelo Freixo em uma zona eleitoral

RIO — Com uma votação histórica, a maior já registrada no Rio, 2,09 milhões de cariocas (64,6% do total de votos válidos) deram ontem ao prefeito Eduardo Paes (PMDB) mais quatro anos de governo. Este é o tempo que Paes terá para fazer os Jogos Olímpicos e, ao mesmo tempo, sanar os problemas crônicos da cidade, entre os quais a saúde, ponto fraco de sua primeira gestão. Embora tenha dito que nenhum dos atuais secretários está garantido, Hans Dohmann, da pasta de Saúde, é um dos quatro cuja permanência está praticamente assegurada. 

O candidato Marcelo Freixo (PSOL) ficou em segundo lugar, com 28,15% dos votos. Rodrigo Maia recebeu 2,94% dos votos, Otavio Leite teve 2,47% e Aspásia Camargo, 1,27%. O resultado mostra uma grande abstenção dos cariocas. Nas urnas apuradas, a ausência chegou a 20,45%. Votos brancos e nulos somaram 13,51%. O candidato do PMDB só perdeu para o do PSOL em uma zona eleitoral, a que engloba os bairros de Cosme Velho e Laranjeiras, na qual Paes ficou com 43,71% dos votos e Freixo, com 48,26%.

Logo que as primeiras urnas começaram a ser abertas, o clima na residência oficial prefeito era de euforia. Dos jardins da Gávea Pequena, era possível ouvir gritos de comemoração de convidados a cada parcial divulgada.

Em 2008, o resultado também havia sido histórico. Mas no lugar dos gritos de agora, a tensão da disputa voto a voto. Paes vencera o então candidato do PV, Fernando Gabeira, com 50,8% contra 49,1% — uma diferença mínima de 55 mil votos. Passados quatros anos, as urnas anunciaram, logo nas primeiras parciais, a vitória sobre o principal adversário, Marcelo Freixo (PSOL), que teve 28,1% dos votos. Os gritos não estavam mais engasgados.

De todos os secretários que, com o governador Sérgio Cabral (PMDB), participaram da festa da Gávea Pequena, outros três são considerados nomes certos para os próximo mandato. Claudia Costin (Educação), Maria Silvia Bastos Pedro Paulo, que deve voltar à Casa Civil.

O último prefeito reeleito do Rio foi Cesar Maia (DEM), que passou raspando no primeiro turno de 2004 com 50,1% dos votos. Agora, Paes terá uma imensa aprovação popular para tentar chegar ao rol dos prefeitos que mudaram a história da cidade. Os Jogos serão o seu caminho.

Terminada a apuração, o prefeito reeleito decidiu sair da Zona Sul, onde fica a residência oficial, para comemorar a vitória no Parque Madureira, considerado símbolo maior dos investimentos no subúrbio da cidade. A escolha do local ganhou destaque em seu discurso de posse:

— Se o Rio de Janeiro fosse um corpo humano, o coração estaria pulsando ali.

Esse mesmo coração pulsará mais forte em 2014. Na disputa com Gabeira, Paes precisou do apoio de Cabral. Neste ano, o governador foi um coadjuvante durante a campanha. Nas eleições de 2014, porém, pode ser Paes o político a socorrer Cabral, que tentará eleger seu sucessor do PMDB — provavelmente o vice-governador Luiz Fernando Pezão —, além de segurar os ânimos do senador Lindbergh Farias (PT). Em dois anos, o grupo político liderado pelo governador terá de escolher a candidatura, e Paes, do alto de seus dois milhões de votos, é um aliado imprescindível na corrida estadual.

— Ao longo desses seis anos, ele (Cabral) mudou a história do Rio. A gente passou muito tempo sem acreditar no futuro, mas ele devolveu a paz e a crença no futuro — afirmou Paes, também em seu discurso de vitória.

Apesar da grande abstenção (20,45%), Paes ganhou de Freixo em todas as zonas eleitorais, à exceção das urnas de Laranjeiras e Cosme Velho. Mesmo assim, a diferença foi pequena na região: 48,2% para Freixo contra 43,7% do prefeito. A maior vitória de Paes foi registrada na zona eleitoral que reúne os bairros de Acari, Barros Filho, Costa Barros e Pavuna. Os eleitores dessa área lhe conferiram 77,7% dos votos.

Tamanha confiança transmitida pelas urnas incentivou a promessa básica de político eleito. No discurso da posse, Paes sinalizou que estará aberto a críticas, mesmo se doerem.

— Vou trabalhar muito. Dar a cara a tapa, sem receio de voltar atrás caso tome atitude errada — prometeu.

Em 2008, Paes ainda vivia o momento de reaproximação com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decidira apoiar o peemedebista. Três anos antes, Paes havia sido uma das principais vozes do Congresso contra o governo, que sangrava publicamente no auge do escândalo do mensalão. Um mandato depois, com o julgamento do mensalão em sua fase mais delicada no Supremo Tribunal Federal (STF), Lula e a presidente Dilma Rousseff, ganharam espaço destacado no discurso feito logo após o anúncio do resultado:

— Eu queria agradecer a esses dois presidentes pelo carinho com o Rio. Ele acreditou na gente, nos apoiou, foi fundamental para nossa vitória em 2008. O presidente Lula me ensinou uma grande lição: era muito importante olhar para as pessoas da cidade que mais precisam de atenção do poder público. A presidente Dilma Rousseff, ao longo desses quatro anos de convívio, foi uma grande parceira.

Luis Nassif

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