Até quando Temer será o senhor absoluto do PMDB?, por Tales Faria

Jornal GGN – Para o jornalista Tales Faria, o presidente interino Michel Temer se tornou o senhor absoluto do PMDB, partido que antes era de vários senhores. Porém, com o afastamento da presidente Dilma Rousseff e as ações da Operação Lava Jato, figuras importantes da legenda perderam força e Temer acabou concentrando o poder do PMDB.

Faria aponta que Renan Calheiros, um dos caciques do partido e uma das grandes pontes com o governo Dilma e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pretendia tomar a presidência do partido de Temer e até fazer de José Serra, seu principal aliado no PSDB,  candidato peemedebista à Presidência da República. Porém, com Temer assumindo interinamente, aliados como Romero Jucá (PMDB-RR) e Eunício Oliveira (PMDB-CE) foram atrás do interino, assim como Serra, que agora depende de Temer para uma eventual candidatura.

Outro pólo de poder, o PMDB do Rio de Janeiro, também ficou enfraquecido após a deterioração financeira do governo estadual e da situação cada vez mais complicada de Eduardo Cunha. Porém, Tales ressalta que a Lava Jato continua atingindo os ministros interinos, e também envolvido o próprio presidente em exércicio, afirmando que não é possível saber até quando Temer continuará como “principal foco de poder no país e senhor absoluto do futuro de seu partido”. 

Leia o artigo abaixo:

Do Os Divergentes

Michel Temer tornou-se o senhor absoluto do PMDB. Até quando?
 
Tales Faria
 
Até meados do ano passado, o PMDB, era um partido de vários senhores, embora formalmente presido pelo então apenas vice-presidente da República, Michel Temer.
 
Mas o destino, o naufrágio do governo da petista Dilma Rousseff, os próprios rachas do PMDB, a crise econômica e, sobretudo, a Operação Lava Jato jogaram o partido nas mãos do agora presidente da República em exercício.
 
Vamos por partes.
 
Um dos senhores do PMDB era o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que tinha sob seu guarda-chuva caciques como os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Eunício Oliveira (PMDB-CE) e ainda fazia dobradinha com um dos maiores caciques regionais da legenda, o senador Jader Barbalho, do Pará.
 
Renan era a grande ponte do PMDB com o governo, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, ainda, mantinha a tiracolo o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS).
 
Almejava tomar de Temer a presidência do partido e ainda fazer do então seu principal aliado no PSDB, o senador José Serra (SP), o candidato peemedebista à Presidência da República.
 
Tudo isto foi por terra. Com a posse de Temer na Presidência da República, Romero e Eunício voltaram a se aliar a quem trazia mais expectativa de poder e com quem estiveram bem próximos no passado. Jader Barbalho fez o filho ministro e mudou sua parceria para o Palácio do Planalto.
 
José Serra tornou-se ministro e passou a depender de Temer para uma candidatura presidencial pelo PMDB, se o PSDB lhe faltar, como é previsto.
 
O governo ao qual Renan servia de ponte naufragou, e o ex-presidente Lula está cada vez mais ferido pelo juiz Sérgio Moro. Delcidio, como se sabe, acabou preso e delatando todo mundo, inclusive Renan. Assim como o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que entrou na história para piorar tudo.
 
Resta a Renan se encastelar na presidência do Senado e aproveitar o poder que lhe resta para ele próprio se acertar com Michel Temer.
 
O outro grande pólo de poder no partido era o Rio de Janeiro, com o prefeito Eduardo Paes como possível candidato a estrela das Olimpíadas e à Presidência da República. E com o então poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como dono do maior cofre do partido.
 
Mas o Rio faliu, as Olimpíadas estão ameaçadas e Eduardo Cunha caiu de vez nas garras da Operação Lava, foi afastado do comando da Câmara e tudo indica que perderá até o mandato.
 
Resultado: sobrou apenas Temer no PMDB.
 
O problema é que a Lava Jato continua atingindo seus ministros. Já se foram três e há expectativa de que vários outros também irão, com tendência a enfraquecer o governo.
 
E não se sabe até onde as citações ao próprio presidente em exercício, que já ocorreram durante as investigações, acabarão por atingi-lo. Nem se sabe se Eduardo Cunha também fechará acordo de delação premiada. E o que ele dirá?
 
Mas, por enquanto, Michel Temer mantém-se como principal foco de poder no país e senhor absoluto do futuro de seu partido, o PMDB.
Redação

2 Comentários

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  1. Nassif: que pergunta boba.

    Nassif: que pergunta boba. Ela é um misto de ironia com ingenuidade. Enquanto naquela agremiação política houver um corrupto e ladrão ele será  “Rei”. E se deposto, sempre ali tem um príncipe aguardando para assumir. E anote mais —quando o PSDB separou-se não foi porque não concordava com os ladrões. Apenas, queria fatia maior nos roubos e assaltos ao erário público. E o DEM, o PPS, o PSB, o PSD, o SOL, o PP e alguns nanicos, por semelhantes motivos proclamaram independência. Essa de legislar é lorota. O negócio é “roubar sempre, mais e muito mais” (tal dístico em Latim soa bonito, principalmente o magis et magis), que é hoje o lema da maioria no Congresso brasileiro.

  2. Temer teve seus direitos

    Temer teve seus direitos cassados por 08 anos, mas, segundo a lei, enquanto Presidente, interino ou oficial, a lei não o alcançará.

    Pior que isso é saber que como ele sabe que não pode se candidatar a nada daqui a 08 anos, mas tem a liberdade de conduzir os destinos do Brasil, já mostrou que não tem que agradar as massas, e nada a perder. Fará o que lhe vier à cabeça, contando que o pricnipal já lhe basta, que é um congresso todo preparado para votar até a pena de morte, se ele achar que deve.

    Se qualquer presidente pode conseguir emendas constitucionais, Temer também pode. E o que dizer se ele, justo por esse problema com a justiça, decidir emendar a pobre carta, conseguindo aumentar seu mandato? Não seria fácil porque o PSDB tem pressa para que cheguemos logo a 2018. Por outro lado, como nos bastidores dos bandidos tudo pode acontecer, o tempo dirá.

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