Cid vai confessar participação em crimes a mando de Bolsonaro, diz revista

O tenente-coronel deve admitir envolvimento na venda ilegal de joias, mas que não poderia recusar as ordens do ex-presidente.

José Dias/PR

O tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, vai admitir o envolvimento em crimes praticados pelo ex-presidente, informou a defesa à revista Veja.

Preso em maio pela Polícia Federal sob a suspeita de adulterar cartões de vacinação, Cid sofreu uma série de revezes desde então.

Mesmo com a decisão de não responder aos questionamentos de parlamentares durante a CPMI dos Atos Golpistas, uma série de evidências contra o militar foram encontradas no celular do ajudante de ordens, como o roteiro de um golpe para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em janeiro deste ano, além da tentativa de venda de joias recebidas por Bolsonaro durante a gestão, crime de peculato, tendo em vista que os presentes pertencem à União.

Segundo o advogado criminalista Cezar Bitencurt, Cid apenas cumpriu ordens do ex-presidente. A relação de subordinação na iniciativa privada é uma coisa. O funcionário pode cumprir ou não. No funcionalismo público, é diferente. Em se tratando de um militar, essa subordinação é muito maior.”

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Camila Bezerra

Jornalista

1 Comentário

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  1. No funcionalismo público, é diferente. Em se tratando de um militar, essa subordinação é muito maior.”

    Discordo desta afirmação. Todos são iguais perante a lei. Quando se trata de uma autoridade pública e principalmente militar, a responsabilidade deve ser muito maior. Se observarmos as vantagens e regalias que são disponibilizadas aos militares do alto escalão, nós veremos que estão no mesmo patamar das autoridades do alto escalão, nos poderes judiciário, legislativo e executivo. Portanto, seja qual a função e poder de um agente público ou privado, a opção de dizer “sim” ou “eu faço” ou “eu obedeço” é exatamente a mesma. A única diferença entre ambos está na coragem da resposta e a consequência que ela pode trazer, como por exemplo: uma resposta positiva normalmente mantém no quadro, no jogo e no cargo aquele que aceitou o risco da situação que sabe não ser legal, honesta ou traidora, e assim o coloca como participante ativo daquilo que errado, proibido e condenado.
    Uma resposta negativa, o coloca em oposição a ordem, ainda que ela seja ilegal, desonesta ou traidora e o faz correr riscos e sofrer os dissabores da intolerância, da possível perseguição e toda sorte de exclusão.
    Contudo, todos sabemos que hoje existe um inversão acelerada no trato com o poder privado e público.
    Com o poder constituído e com o poder não constituído.
    Em ambos o honesto, o ético e o honrado perde muito mais a vez, a voz e a inclusão no progresso profissional, diante dos seus superiores, do que em relação ao que resolveu participar e executar o indevido e proibido.
    Infelizmente, na atualidade, a quantidade de reconhecimento e progressão profissional pelo comportamento e obrigação moral, honesta e ética continua em decadência e o combate rigoroso e urgente para por fim a esta aberração se torna uma das maiores prioridades dos governantes e autoridades públicas.
    Uma confissão ou delação já é um bom caminho para o infrator se ressocializar, mas nunca poderá interferir na integralidade da sua justa punição que a lei determina e exige, para qualquer cidadão civil ou militar.

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