Em novo crime político, bolsonarista assassina eleitor de Lula a golpes de faca e machado no Mato Grosso

Victor Farinelli
Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN
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Vítima declarou voto em Lula e foi assassinado com 15 golpes de faca no rosto, olho e testa. Suspeito está preso

Sede da Polícia Civil en Confresa (MT). Foto Reprodução

Se repetiu nesta quinta-feira (8/9) a mesma tragédia que enlutou Foz do Iguaçu no dia 9 de julho, quando o policial federal carcerário Jorge Guaranho, fanático pelo presidente Jair Bolsonaro, assassinou o guarda municipal e militante petista Marcelo Arruda, contrariado por sua festa de aniversário ter decoração em homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Desta vez, o crime aconteceu na cidade de Confresa, no interior do Mato Grosso, mas as circunstâncias foram as mesmas: um lenhador de 42 anos, chamado Benedito Cardoso dos Santos, se envolveu em uma discussão sobre política em seu local de trabalho, na qual defendeu seu voto em Lula, candidato presidencial do PT, opinião que foi contestada por outro lenhador, Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos. A discussão teria terminado em briga, na qual Rafael terminou matando Benedito usando duas armas brancas.

15 facadas no rosto, olhos e testa

O assassino foi preso pela polícia local. Segundo a versão contada por ele à polícia, a briga começou por ação de Benedito, que lhe deu um soco no queixo, o que Rafael respondeu atacando o colega com uma faca – primeiro, teria derrubado Benedito no chão, para depois, com o oponente caído, desferir ao menos 15 punhaladas em seu rosto, acertando os olhos e a testa.

Em seguida, Rafael teria ido até o barracão do local, onde encontrou um machado, o qual utilizou para dar um golpe no pescoço de Benedito, que causou a morte do colega de trabalho.

Assassino confessa motivação política

O delegado que investiga o caso, Victor Oliveira, afirmou que “o que levou ao crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula e o autor, defendendo o Bolsonaro”.

O próprio assassino teria confessado essa motivação em seu depoimento, porém alegando que a faca utilizada em seu primeiro ataque teria sido tirada das mãos da vítima – situação que ainda estaria sendo checada, em depoimentos de outras testemunhas.

Juiz repudia crime político

O juiz Carlos Eduardo Pinho Bezerra de Menezes, 3ª Vara de Porto Alegre do Norte, decretou a prisão preventiva de Rafael Silva de Oliveira, pelo crime cometido por ódio político. “Em um estado democrático de direito, no qual o pluralismo político é um dos seus princípios fundamentais torna-se ainda mais reprovável a conduta do custodiado”, justificou o magistrado.

“A intolerância não deve e não será admitida, sob pena de regredirmos aos tempos de barbárie. A liberdade de manifestação do pensamento, seja ela político-partidária, religiosa, ou outra, é uma garantia fundamental irrenunciável”, acrescentou Bezerra de Menezes.

O magistrado também informou que o assassino tem histórico de problemas com a Justiça: Rafael Silva de Oliveira responde por latrocínio na 3ª Vara Criminal de Cuiabá, e também já foi preso em flagrante por crimes de estelionato e falsificação de documento particular.

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Victor Farinelli

Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN

5 Comentários

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  1. Mestre Moa

    Romualdo Rosário da Costa morreu da emboscada brasil, que permanece há séculos na sombra, apenas aguardando a ocasião, e a ocasião desta feita luziu na facada traiçoeira, uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze — uma pra cada mês do ano que não terminou. Foi quase que nem repicar carne, podia ter dito o assassino. Não era açougueiro, porém, era barbeiro e bolsonaro.
    Só soube da existência de Mestre Moa do Katendê (remanesce o Atlântico entre sp e Bahia) quando deixou de existir. “Compositor, percussionista, artesão, educador e mestre de capoeira”, estampa em lápide a wikipédia, orgulho do Brasil-que-amamos-lá-fora, símbolo da cultura afro-brasileira, virou tristonha estatística de mais uma cilada brasil, que a gente parece não querer enxergar, mas continua ali, na esquina, alerta e solerte, na nossa cara, nas nossas barbas, sempre pronta a aparar o topete do populacho, as soberbas da sobra.
    Não sei se o Brasil existe ou não, se é pura ficção, boa, ruim, se é ficção que não se populariza, de tão alta, ou baixa, ou que nunca acaba, em seu reencetar sem fim, com suas 1.001 noites coturnas, se só fixação, não sei. O que sei, o que sinto é que nunca deplorei tanto ser paulistano e não palestino. Ele bem merecia uma intifada.

  2. “O magistrado também informou que o assassino tem histórico de problemas com a Justiça: Rafael Silva de Oliveira responde por latrocínio na 3ª Vara Criminal de Cuiabá, e também já foi preso em flagrante por crimes de estelionato e falsificação de documento particular.”

    Com esta folha corrida o assassino confesso só podia ser apoiador do bozó mesmo.

    Erva daninha espalha rápido.

  3. Ainda bem que ele é só “suspeito”. Mas, como todo bolsonarista, é gente boa e ainda que responda por latrocínio em liberdade, não representa perigo para a população. Afinal, o que aconteceu foi só um ligeiro desentendimento entre amigos.

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