Kennedy Alencar: “Vácuo de poder” na Câmara pode esvaziar influência de Cunha

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A coluna do jornalista Kennedy Alencar nesta segunda-feira (20) trata da abertura de um “vácuo de poder” na Câmara, que se for aproveitado corretamente pelo governo Dilma Rousseff (PT) pode ajudar a reduzir o poder de influência do deputado e presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB).

Kennedy lembrou que há alguns anos Cunha sou arrebanhar membros do chamado baixo clero e formar aliados a partir de promessas direcionadas a esse grupo. Com as implicações da Lava Jato, a força de Cunha já não está tão sólida e um agente político com boa desenvoltura, como Michel Temer, pode se aproveitar da situação para recuperar aliados para o governo.

Na outra ponta, Cunha pode ser ainda mais lesado se o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, oferecer nova denúncia contra o peemedebista na Lava Jato.

Janot e Dilma podem acelerar perda de poder de Cunha

Do blog do Kennedy Alencar

A perda de poder do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pode ser acelerada por dois caminhos: uma denúncia feita procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e ações políticas da presidente Dilma Rousseff.

Cunha se enfraqueceu depois que foi revelado o vídeo do delator Júlio Camargo com a acusação de que pagou propina de US$ 5 milhões ao peemedebista. O presidente da Câmara diz que Camargo mente.

Se Janot fizer uma denúncia contra Cunha ao STF (Supremo Tribunal Federal) até o fim do recesso parlamentar, isso tornaria a situação do deputado insustentável na presidência da Câmara. Aumentaria o poder de pressão dos colegas para que, eventualmente, renunciasse ao comando da Casa.

Nesta segunda, em entrevista ao jornalista Leonardo Souza, da “Folha de S.Paulo”, o decano da Câmara, Miro Teixeira (PROS-RJ), defendeu o afastamento de Cunha. Portanto, as próximas decisões de Janot terão peso sobre a rapidez do desgaste de Cunha.

Uma eventual denúncia levaria outros parlamentares e partidos a pedir a saída de Cunha da presidência da Casa. A oposição, que teve reação tímida à delação de Júlio Camargo, teria de bater duro em Cunha.

O outro caminho para acelerar a perda de poder do peemedebista depende do governo Dilma. Cunha virou líder de um sentimento de rebeldia contra o governo que já existia desde o primeiro mandato. Essa insatisfação ganhou força após as manifestações de junho e julho de 2013.

Cunha soube ser o catalisador de um grupo do chamado baixo clero, fazendo basicamente o discurso da independência e operando com liberdade em relação à agenda do governo. Hoje, não há um líder na Câmara que tenha a capacidade de Cunha para comandar os rebeldes. Existe um vácuo.

Se o governo agir rapidamente, recompondo pontes, fortalecendo aliados e restabelecendo a influência do vice-presidente Michel Temer sobre a bancada de deputados do PMDB, poderá esvaziar o poder de Cunha ainda mais até a volta dos trabalhos da Câmara em agosto.

Ou seja, poderá enfraquecer o movimento por impeachment que Cunha já coloca em ação. O governo deverá usar as tradicionais emendas parlamentares e cargos para diminuir insatisfações e deixar Cunha isolado. Há ministros que defendem uma ação rápida de Dilma, porque Cunha tem espírito guerreiro e já deu prova de que sabe criar dificuldades para o governo.

*

O Brasil está longe de viver uma crise institucional. Tem instituições suficientemente sólidas para deixar esse risco distante. Crise institucional acontece quando as instituições param de funcionar ou entram em colapso.

No Poder Executivo, há um governo impopular, mas que não parou de funcionar. Nos últimos meses, o Congresso debateu a estratégia econômica do governo, votando o ajuste fiscal. Impôs derrotas, mas aprovou alguns pontos. O Congresso está trabalhando. Goste-se ou não do que tem discutido, votou um punhado de projetos.

O Judiciário e o Ministério Público, com apoio da Polícia Federal e da Receita Federal, estão atuando com independência e tocando a Operação Lava Jato, atingindo figuras importantes da República.

Portanto, as instituições estão cumprindo as suas funções. Temos, sim crises política e econômica.

Política porque o governo está fraco, há políticos de peso na mira da Operação Lava Jato, e ocorre um forte embate entre PT e PSDB. Crise econômica porque estamos num ano de recessão, com aumento do desemprego, inflação alta e queda do PIB (Produto Interno Bruto). Já temos um cenário sombrio suficiente do ponto de vista político e econômico. Não é necessário carregar nas tintas.

O importante é que as instituições estão dando conta do recado. O Brasil não é uma república de bananas, apesar de alguns políticos acharem que é e de muitos se esforçarem para que seja.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. Só com muuuuuito incompetência Dilma e Temer

    perdem esta batalha.

    Mas nunca se sabe quando no time “jogam” Zé Cardozo e Mercadante…

  2. Porque a globo não larga o cunha?

    Por que será que a globo ainda não abandonou, na verdade está lhe dando forças, o cunha????? E seste ataque ao Lula é bem artificial e tentando livrar o cunha de um fogo mais pesado.  E isto também esplicaria porque o aécio está caladinho.

    O cunha é o garoto da globo, o eécio e o garoto do rio, e se eles ainda não desistiram do cunha é porque há algo, um motivo pesado. Será que se o cunha afundar leva a globo? 

    E se o cunha preso, resolver fazer delação premiada???? Já pensaram?

  3. Estah eh uma furada!
    Ali no congresso tem dois presidente.
    Nao ha vazio com deputados e nem falta oportunistas.
    A influencia de Cunha eh tao grande que ate o advogado do Baiano estava defendendo o presidente Cunha. A influencia de Cunha nao eh poder por poder, eh diferente tanto que Temer jah perdeu varias batalhas politicas sem Cunha mexer um palito. A tropa de Cunha atua independente dele. Meter a mao ai vai ficar queimado ou preso.
    Cunha so sai com processo do juiz do Parana ou do STF. Janot se atuar nao pega e continua no segundo mandato, nem avanca o processo de Cunha e Renan, isto q eles querem.
    Este artigo eh do KA eh para que lah ele esta “jogando” midia ou Cunha/Renan?

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