Marina Silva: Os evangélicos não são todos iguais e a Bíblia não respalda preconceitos

Marina Silva defende o Estado laico e critica a instrumentalização da fé cristã pelas campanhas políticas. Assista na TVGGN

A política Marina Silva com uma camisa branca, um colar que lembra o trabalho artesanal dos povos indígenas, em foto com a natureza ao fundo
Foto: Divulgação/Campanha Marina Silva

Por Cintia Alves e Johnny Negreiros

A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (REDE), criticou a instrumentalização da fé por partidos e candidatos durante o período eleitoral.

Em entrevista exclusiva ao GGN [assista abaixo], Marina lembrou que foi vítima de ataques e fake news em 2014, quando concorreu à Presidência, por ser uma mulher evangélica que nunca escondeu sua fé.

Ela defende, porém, o Estado laico e considera o fundamentalismo religioso e político “muito perigoso” e “letal” para a sociedade: um instrumento que não deve ser usado nem pela esquerda, nem pela direita, nem pelos evangélicos, nem outros quem não é.

“Não pode ser usado nem por um lado, nem pelo outro, porque fé e política devem estar separados. O Estado é um Estado laico, não deve manipulado por qualquer credo religioso. Isso foi uma contribuição da Reforma Protestante e que uma parte dos evangélicos está se esquecendo disso.”

Na visão da ex-ministra e candidata a deputada federal pela REDE-SP, o campo progressista que está assistindo impaciente à campanha de Jair Bolsonaro usar as religiões de matriz africana para atacar Lula, por exemplo, precisa aprender a lidar com o problema.

Primeiro, não tomar o “povo evangélico como se ele fosse homogêneo, pois não existe essa homogeneidade no segmento. Existem diferenças, abordagem diferentes. Eu sou evangélica da Assembleia de Deus. Nas campanhas que fiz, uns diziam que eu era fundamentalista e outros, que eu era uma falsa crente. Isso foi muito complicado.”

Marina teve uma criação católica até se converter à fé cristã-evangélica. “Mas quem visita o meu trabalho no Congresso sabe que eu nunca fiz do púlpito um palanque nem do palanque um púlpito.”

Na leitura de Marina, o momento é de “manipulação perversa” pela campanha de Bolsonaro, “péssima para a fé e é péssima para a política. Quando alguém mentirosamente diz que, se o presidente Lula ganhar as eleições, ele vai fechar as igrejas, isso é uma forma mentirosa que desabona a própria fé. Lula esteve no governo por dois mandatos, nunca fez isso.”

O bolsonarismo “desabona a fé cristã”

Marina reforçou na entrevista ao GGN que é preciso haver a separação entre Estado e religião no trato com a questão em tempos eleitorais. Para ela, também é preciso repisar que “preconceito e mentira não têm base nem no Código Civil, nem na Constituição e, para os cristãos, nem na Bíblia.”

O apóstolo Paulo diz: ‘não é judeu nem grego, não há servo nem senhor, não há macho nem fêmea, porque todos são em Cristo, Jesus”. Quem quiser ser preconceituoso, seja por sua conta, não venha usar a Bíblia para mentir, ser homofóbico, racista, machista, nada! Essas pessoas desabonam a fé cristã, inclusive quando levam uma arma enorme para a Marcha por Jesus. É isso tipo de coisa que muitas pessoas cristãs, evangélicas, católicas, espíritas estão vendo que há uma grande contradição e não estão entrando nessa canoa furada.”

Além de falar sobre os evangélicos, Marina Silva abordou a aproximação com o ex-presidente Lula nas eleições e comentou também sobre a agenda ambiental que quer resgatar. Assista a entrevista completa abaixo:

Redação

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