Morre o ex-ministro Alysson Paulinelli, o patrono da agricultura tropical

Paulinelli recebeu duas indicações ao Prêmio Nobel da Paz e defendia o combate à fome e o uso sustentável dos recursos naturais.

Morre o ex-ministro Alysson Paolinelli
Paolinelli defendia o uso sustentável dos recursos dos biomas. Crédito: Sescoop/ Divulgação

Morreu, nesta quinta-feira (29), o ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, aos 86 anos. Ele estava internado em estado grave no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, e não resistiu às complicações causadas por uma cirurgia para colocar uma prótese no fêmur.

Paulinelli foi um dos responsáveis pela criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), além de criar um programa de bolsas de estudo para Mestrado e Doutorado nas melhores universidades do mundo.

O ex-ministro também defendia o desenvolvimento sustentável da agricultura, em que o foco estivesse na inovação, tecnologia e pesquisa, mas que o uso sustentável dos recursos de cada bioma estivessem à frente do uso econômico.

Histórico

Natural de Bambuí, em Minas Gerais, Paulinelli nasceu em 1936 e ainda adolescente se mudou para Lavras, onde se formou engenheiro agrônomo na universidade federal.

Paulinelli foi secretário de Agricultura em Minas Gerais, ministro da Agricultura entre 1974 e 1979, durante o governo de Ernesto Geisel, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA) e da Associação Brasileira dos Produtores de Milho, esta última desde 2010.

Alysson deixa a mulher, Marisa Gonzaga.

Prêmios

Paulinelli recebeu diversas homenagens ao longo da vida, entre elas duas indicações ao Prêmio Nobel da Paz. Para tanto, foi criada a Rede Paulinelli, composta por acadêmicos e instituições para fazer com que o engenheiro fosse o primeiro brasileiro agraciado com a premiação.

As indicações foram apresentadas ao Comitê Norueguês do Nobel em 2021 e 2022, com 163 cartas de apoio de acadêmicos e intituições de 73 países.

A rede também estimulou a candidatura do ex-ministro nas redes sociais, por meio da divulgação de artigos técnicos, eventos e entrevistas concedidas no Brasil e no exterior.

Combate à fome

Em 2006, Paulinelli foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio World Food Prize, reconhecimento equivalente a um Nobel da alimentação, por conta da projeção internacional de seu trabalho.

Para o engenheiro, o Brasil é o “único país capaz de, em poucos anos, mais sque dobrar a produção de alimentos sem abrir novas fronteiras agrícolas”. Ele ressaltava ainda o fato de o País ter “as respostas rápidas e seguras que o mundo precisa em temas críticos como o combate à fome e enfrentamento da agenda climática”.

“Temos de nos penitenciar pela falta de estratégia para um desenvolvimento equilibrado, econômica, social e ecologicamente. Muito temos a fazer. O Brasil precisa retomar os seus investimentos em instituições sérias de pesquisa. E nós hoje já nos notabilizamos no mundo com uma Embrapa, com algumas de nossas instituições estaduais de pesquisa, com as nossas universidades, que despontam como as melhores universidades de conhecimento de agricultura tropical no mundo, e especialmente com a iniciativa privada, que hoje, trabalhando mais com ela, a cada dia tenho a convicção de que ela poderá ir substituindo muitas das tarefas que o Governo tem demonstrado ser incapaz de realizá-las e de completá-las.”

Alysson Paulinelli, durante homenagem no Senado

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