O avanço populista na América Latina, por Uta Thofern

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Uta Thofern
 
O avanço populista na América Latina
 
No Deutsche Welle
 
And the winner is…. Nicolás Maduro. O presidente da Venezuela chega ao fim do ano como vencedor indiscutível, não só da luta pelo poder no próprio país, mas também em comparação à maioria dos demais chefes de Estado da América do Sul.
 
Seus índices de popularidade são atualmente mais altos do que os do prêmio Nobel da Paz Juan Manuel Santos, na vizinha Colômbia; o Parlamento em Caracas foi destituído; a divisão de poderes em favor da tão seleta quanto onipotente Assembleia Constituinte está suspensa; e a oposição, fragmentada. Esse sujeito está muito além do populismo e não precisa mais se preocupar com a re-“eleição” em 2018.
 
Da mesma forma, Raúl Castro nem precisa cogitar se a herança comunista de sua família estará em perigo, depois que ele abdicar. Em Cuba, tudo seguirá seu passo socialista, o Partido Comunista tem tudo sob controle, e, desde Donald Trump, não é mais de se esperar uma mudança através da aproximação com os Estados Unidos.
 
O legado de Santos na Colômbia, por sua vez, é frágil. O processo de paz com as Farc vai mancando atrás do cronograma, decepcionando muitos colombianos que esperavam um dividendo de paz rapidamente perceptível. Além disso, é fortemente controvertida a participação política dos ex-guerrilheiros, assim como as penas relativamente brandas impostas pela Justiça interina, e a oposição não hesita em espalhar os boatos mais tenebrosos a esse respeito.
 
A eleição legislativa em março já poderá dificultar ou reverter os passos seguintes no processo de paz, ao trazer novas maiorias. No pleito presidencial de maio, Santos não pode mais concorrer, e se parte do princípio que a decisão só chegará num segundo turno. A polêmica populista contra o acordo de paz certamente definirá a campanha eleitoral. Fica em aberto até que ponto o próximo presidente ainda vai poder ou querer implementar o pacto.
 
O populismo em si poderá ser o grande vitorioso de 2018. Por toda parte, a interminável onda de escândalos de corrupção sempre renovados abalou a confiança na política, sem fortalecer a confiança no Estado de Direito.
 
Nas duas maiores economias da América Latina, Brasil e México, a corrupção igualmente desacredita os esforços por uma economia mais sustentável, que aposte antes em crescimento autônomo do que na redistribuição de renda. 
 
O Brasil precisa, a rigor, diante da catastrófica crise de confiança no país, de uma reforma fundamental do sistema político, antes que se realizem eleições. Os fronts entre as alas políticas se endureceram desde o altamente polêmico processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
 
As investigações de corrupção nos mais altos escalões acabaram por comprometer a reputação de todos os grandes partidos. O presidente Michel Temer é o chefe de Estado mais impopular do mundo, com um nível de apoio de, no máximo, 5%. O único político que ainda desfruta de boa reputação, pelo menos entre seus correligionários, é o legendário Luís Inácio Lula da Silva. Devido às acusações de corrupção, entretanto, ele provavelmente não poderá se candidatar à presidência.
 
E assim, no momento o inextricável e clientelista sistema partidário brasileiro propele Jair Bolsonaro, um desagradável populista de direita, racista homofóbico e defensor declarado da velha ditadura militar, ao segundo lugar nas pesquisas de opinião, atrás de Lula.
 
No México, em contrapartida, a insatisfação com o atual presidente, Enrique Peña Nieto, favorece a corrupção que grassa, e a consequente impunidade para os inúmeros assassinatos e outros crimes capitais de um populista de esquerda: Andrés Manuel López Obrador, vulgo AMLO, já se candidatou duas vezes, inutilmente, à presidência. Mas desta vez suas chances são boas.
 
Afinal, ele concorre, de um lado, com uma aliança pouco credível de democratas cristãos, social-democratas e um movimento de cidadania, do outro, com o ex-ministro do Exterior e das Finanças José Antonio Meade, representando o eterno partido presidencial PRI.
 
Muitos eleitores possivelmente responsabilizam Meade pelo monte de ruínas que sobrou do ambicioso “Pacto para o México” de Peña Nieto. Nenhum progresso econômico ou ambiental é capaz de apagar a brutal violência quotidiana, que permanece impune no México. Uma outra questão, contudo, é se política de redistribuição de renda sem crescimento econômico vai melhorar a situação.
 
As eleições em Costa Rica e no Paraguai, apesar de pouco influenciarem a dinâmica na América Latina, poderão contribuir um pouco para a estabilidade, de forma que esse papel não caiba apenas às ditaduras de Cuba e Venezuela.
 
Uta Thofern é chefe do Departamento América Latina da DW.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Análise olaviana

    Ela reconhece o sucesso de Nicolás Maduro e a estabilidade de Cuba, ambos os estados com forte apoio popular;  narra as desgraças do México e da Colômbia, o golpe de estado no Brasil e conclui que esses países são importantes para a “estabilidade na américa latina.  Os países onde o povo apoia seus governos e cujos governantes conseguiram superar tentativas de golpe ou simplesmente não se importam com os “irmãos do norte”,  são “ditaduras  instáveis.”

    Governo bom , segundo o entendimento da Juma Tedesca, é o do México, podrão e corrompido,enfeitado pela Televisa e o do Temer, com a volumosa popularidade de 3% e apoio global, pois que, segundo seu saber, não fariam parte do “avanço populista”.

    Às vezes não acredito no que leio ou, quem sabe, talvez  eu só não esteja entendendo?

    Texto bom pra concurso público.

     

  2. Amplo conhecimento de vácuo

    Cheio de nada, nenhuma coisa. Repeto de ausências.

    O mesmo que eu discorrendo longamente sobre física quântica. Ou sobre neuro cirurgia.

  3. Os sociólogos se empepinam todos quando vão definir o que é…..

    Os sociólogos se empepinam todos quando vão definir o que é populismo, porém os jornalistas em geral e políticos de direita em particular utilizam este nome sem mesmo saber o que consiste o populismo, mas ideal para desqualificar qualquer um.

    Getúlio Vargas era denominado um político populista, Jango, Perón, Lula, e daí por diante são tentados colar na sua testa a grife populista. Porém o primeiro e o segundo eram fazendeiros advindos da oligarquia rural, Perón era militar e Lula operário.

    Porém há uma característica que une estes todos, eram nacionalistas! Bem, pelo mesmo critério poderíamos chamar Charles de Gaulle como um populista, porém os historiadores, jornalistas e políticos do primeiro mundo se negam em aceitar isto, pois geralmente o nacionalismo não é uma política conveniente para os países centrais. Podem haver políticos nestes países que são isolacionistas, mas jamais populistas, pois a necessidade do nacionalismo como uma solução para se livrar das guarras do imperialismo é um fator importante, logo nada melhor que para políticos deo terceiro mundo uma política nacionalista, e para desmanchar a personalidade destes líderes também nada melhor do que chamá-los de populistas.

    Um político conservador de direita poderá, e geralmente ou fazem, levar os países a bancarrota, porém eles não são poplulistas, eles seguem critérios “racionais” dos economistas internacionais, que por maior o erro que ocorram, jamais serão denominados de populistas, pois finalmente eles não fizeram o crime de tentar de uma forma certa ou equivocada, promoverem as classes populares, eles trabalharam para o “mercado” e como o mercado não come jamais a falta de feijão trará algum problema.

    E antes de terminar, que este alemão vá a p.q.p.

  4. O texto do alemão doido. Ou

    O texto do alemão doido. Ou uma salada podre.

    Cheio de clichês e palavras vazias de conteúdo analítico.

    Será que ele pediu a um estagiário pra escrever?

  5. Não existe nada mais
    Não existe nada mais desagradável que europeu escrevendo para europeu sobre a América Latina.

    Por isso desconfio de tudo que leio sobre a Ásia. Não entendo o idioma, tampouco acredito no que ‘os de ca’ dizem sobre os de lá.

    Esse alemão é sem dúvida o pior texto que li esse ano, sem perspectivas de ser ultrapassado.

  6. Acho que foi o google que escreveu.

    Não a empresa Google. O buscador, pincielando aqui e ali algumas informações, misturadas com opiniões. Jornallzinho de clube escolar é melhor.

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