Revelação de Cid sobre tentativa de golpe é “fantasia”, diz Heleno à CPMI

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Em delação, ex-ajudante de ordens afirmou que Bolsonaro e Forças Armadas discutiram plano de golpe

General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, em depoimento À CPMI dos atos golpistas. | Imagem: Reprodução/TV Senado

O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou nesta terça-feira (26) que as recentes revelações do ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, sobre uma tentativa de golpe por parte de Jair Bolsonaro (PL) não passam de “fantasia”.

A declaração foi dada em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, no qual Heleno tem adotado a mesma linha do ex-presidente, a fim de minimizar qualquer indício acerca de uma possível articulação golpista.

Segundo fontes, Cid revelou em delação premiada que o ex-presidente se reuniu, no ano passado, com a cúpula das Forças Armadas e aliados militares para discutir a possibilidade de implementar uma minuta de intervenção militar no país. Heleno nega.

Eu quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões. Ele era o ajudante de ordens do presidente da República. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar em uma reunião dos comandantes de força e participar da reunião. Isso é fantasia”, afirmou o ex-ministro.

Heleno também negou conhecimento sobre a tal “minuta do golpe”. “Nunca. Nunca nem ouvi falar. Eu estou sobre juramento. O presidente da República disse várias vezes, na minha presença, que jogaria dentro das quatro linhas da Constituição. E eu não tive a intenção de fazê-lo sair das quatro linhas“, disse.

Conversa sobre golpe entre militares é “bobagem”

Ainda em resposta aos questionamentos da relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), Heleno também descreditou o teor golpista de diálogos entre Cid e militares, por meio de aplicativos de mensagens.

Aconteceu nos últimos meses uma supervalorização de papel de auxiliares, cujo limite de atuação era muito estreito. Eles trocavam mensagens que não significavam absolutamente nada para os chefes militares. É bobagem achar que uma conversa entre o ex-sargento Ailton [Barros] com o tenente-coronel Mauro Cid vai arrastar uma multidão de generais para dar um golpe”, disse.

“Jamais tratei de assuntos eleitorais”

Já em sua fala inicial, o general alegou que já não era mais ministro quando houve a invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Heleno afirmou que após a posse do presidente Lula (PT) não manteve contato com servidores da pasta e que “não ficou DNA bolsonarista” no GSI.

Eu jamais me vali de reuniões, ou palestras, ou conversas, para tratar de assuntos eleitorais ou político-partidários com meus subordinados no GSI. Não havia clima para isso, e o único ser político do GSI era eu mesmo. Os demais eram servidores do Estado brasileiro”, declarou.

Não ficou DNA bolsonarista do general Heleno, porque jamais tratei de política com os meus servidores”, disse “Essa história de que o meu DNA é bolsonarista não me atinge”, insistiu.

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