Investigado por prevaricação, Vasques liberou 91% das multas após risco de prisão por Moraes

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques passou a ser investigado por omissão, prevaricação e violência eleitoral

O diretor da PRF, Silvinei Vasques, ao lado de Jair Bolsonaro. | Foto: Reprodução/Instagram

O diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, passou a ser investigado por omissão, prevaricação e violência eleitoral, diante da atuação do órgão nos atos golpistas nas rodovias do país, com a vitório de Lula nas eleições 2022.

Reportagem de Arthur Stabile, do G1, revelou que mais de 90% das multas do órgão contra os organizadores e participantes dos atos antidemocráticos foram aplicadas após a decisão de Alexandre de Moraes, do STF, que ameaçou de prisão o diretor Vasques.

A pedido da Corte, um documento enviado pela PRF ao STF no dia 6 de novembro traz o detalhamento de 55 multas aplicadas a pessoas e empresas, entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro, e foi obtido pelo jornalista.

O atraso nas multas

Até a segunda-feira após as eleições, quando Moraes ainda não havia obrigado o órgão a liberar as estradas sob pena de prisão do diretor da PRF, somente 5 multas haviam sido dadas.

Tanto a noite de domingo, com o resultado eleitoral, como a segunda-feira, 31 de outubro, foram os ápices dos bloqueios e interdições nas rodovias e estradas do país, com mais de 300 paralisações golpistas.

As outras 50 multas começaram a ser aplicadas pela PRF após a determinação de Moraes, às 21h30 daquela segunda-feira, com o respaldo posterior de toda a Corte. Na decisão, o ministro pedia a desobstrução imediata das vias, pela PRF, com o apoio de Polícias Militares dos estados.

Omissão e prevaricação de Vasques

Naquela decisão, o ministro já mencionava ver indícios de “omissão e inércia da PRF” e determinou Vasques a atuar “imediatamente”. A partir das 22h daquela segunda-feira, 91% das multas foram aplicadas.

Nesta quinta-feira (10), a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a conduta de Silvinei Vasques, não somente por sua atuação após o segundo turno das eleições, como também no próprio domingo, quando o órgão realizou diversas operações no Nordeste, ocasionando a paralisação e o atraso de diversos ônibus, quando a população ia votar.

Não se sabe, exatamente, quantas pessoas foram afetadas nas operações e se deixaram de votar pelas abordagens da PRF. Diante dos fatos, Vasques é investigado de prevaricação e de violência política, previstos no Código Penal. A investigação tramita na Superintendência da PF no DF (Distrito Federal).

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Será que alguém sabe o que são 50 multas?
    É nada. Estão fazendo,como sempre fizeram,palhaçada com o povo brasileiro.
    50 multas dá para fazer em 1 hora só consultando fotos da internet.
    Palhaços!

  2. Excelente. Esse marginalzinho tem mesmo que responder criminalmente pelo que fez. Todavia, os prejuízos causados aos empresários e cidadãos por causa dos bloqueios rodoviários facilitados e apoiados pela PRF também terão que ser indenizados por ele.

  3. As pessoas que foram prejudicadas no dia da Eleição, poderia, abrir uma queixa crime ou um BO.P.comprivsr que houve crime, sim, da parte desse diretor de araque da PRF.

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