O primeiro ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou marcado pela atuação diplomática, em que o foco político do chefe do Executivo foi a retomada das relações internacionais, como o presidente já havia dito em seu discurso na COP27, em novembro de 2022, mesmo antes de tomar posse: “O Brasil voltou”. E, nos últimos 12 meses colecionou discursos memoráveis em coletivas e eventos como COP28, G7 e Cúpula dos Brics.
Principais pautas
Em seus discursos e encontros, Lula destacou a pauta ambiental como urgência mundial e pediu apoio dos países para a preservação da Amazônia. Outra pauta presente nas coletivas do presidente foi a paz, Lula foi enfático ao pedir o fim da Guerra entre Rússia e Ucrânia, e de um cessar-fogo em Gaza, por conta do conflito no Oriente Médio entre Israel e Hamas.
Países vizinhos
Lula iniciou o ano com viagens para Argentina e Uruguai, para reaproximar-se dos países vizinhos e fortalecer a diplomacia, ignorada durante os quatro anos do governo Jair Bolsonaro (PL).
Em seu terceiro mandato, o presidente brasileiro foi à Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada em Buenos Aires, em 24 de janeiro. O evento marcou a volta do Brasil para o bloco, já que durante a gestão anterior o país havia deixado de participar. E encontrou-se com o então presidente da Argentina, Alberto Fernandez.
Aproveitando a passagem pela Argentina, Lula viajou até o Uruguai, e se encontrou com o presidente Luis Lacalle Pou, que estava encaminhando acordo com a China. O presidente brasileiro foi em busca de convencê-lo de um acordo unificado entre Mercosul-China, que beneficiaria todos os países do bloco, além de se encontrar com o ex-presidente Uruguaio Pepe Mujica.
Lula também participou da posse do novo presidente do Paraguai, Santiago Peña, e se reuniu com o presidente Colombiano, Gustavo Petro.
Estados Unidos
Lula foi aos Estados Unidos em duas oportunidades neste ano. Em 10 de fevereiro, encontrou-se presencialmente pela primeira vez com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. E na segunda oportunidade, em setembro, os chefes de Estado lançaram uma iniciativa pelos direitos trabalhistas, promoção de trabalho digno, combate à discriminação em local de trabalho, transição para energias limpas, uso de novas tecnologias, reindustrialização e mais empregos.
“Essa aproximação e iniciativa proposta por Biden, de que a gente faça um plano de trabalho para oferecer à juventude e ao povo uma perspectiva de emprego decente e qualificado – tentando tirar proveito da transição energética, tentando tirar proveito da inteligência artificial – é preciso que apresentemos uma proposta concreta para a sociedade que vive de trabalho”, disse Lula
China
Em abril, Lula foi até Pequim para se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping. Na ocasião, foram fechados 15 acordos bilaterais. O encontro rendeu ainda acordos de pesquisa, ciência e tecnologia, relações entre universidades e parcerias para a produção conjunta de tecnologias de informação, economia digital, biotecnologia, tecnologias verdes, nanotecnologia, equipamentos aeroespaciais, medicamentos e comunicação.
“Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore suas relações com a China. Queremos ter com a China uma relação que vá além da economia e do comércio”, ressaltou o presidente brasileiro.
No Twitter, Lula comemorou que a viagem à China rendeu R$50 bilhões em acordos.
Reino Unido
Em maio, o presidente Lula encontrou o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, em Londres. Durante o encontro, Sunak afirmou que o país europeu vai fazer uma doação para o Fundo Amazônia. “O Reino Unido vai contribuir com cerca de meio bilhão de reais (80 milhões de libras) para o Fundo Amazônia para ajudar a combater o desmatamento e salvar a rica biodiversidade da região”, informou Sunak.
Japão
A convite do presidente Fumio Kishida, Lula participou da reunião do G7 no Japão, ocasião em que se encontrou com 11 autoridades. Com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, discutiu as possibilidades do fim da guerra na Ucrânia. Já com o presidente da França, Emmanuel Macron, abordou a preservação da Amazônia. Lula chegou a marcar um encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que não compareceu.
França e o discurso histórico
Em março, o presidente brasileiro cumpriu uma série de compromissos na França e viajou a convite da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, para receber o título de Cidadão Honorário. Lula aproveitou a ocasião para se encontrar também com o Papa Francisco.
A convite do vocalista do Coldplay, Chris Martin, Lula foi orador final do festival “Power Our Planet: Live in Paris”, promovido pela Global Citizen, cujo foco é o combate à extrema pobreza. O evento foi marcado por um discurso histórico de Lula sobre a importância da Floresta Amazônica e prometeu “desmatamento zero”.
Confira o discurso do presidente na íntegra:
África do Sul (Cúpula dos Brics)
Na cúpula dos Brics de 2023, houve um dos principais movimentos geopolíticos do ano. Durante o evento foi anunciada a expansão do bloco econômico, a partir do convite de mais seis países Irã, Arábia Saudita, Egito, Argentina, Etiópia e Emirados Árabes passam a fazer parte do Brics+ em janeiro de 2024.
Durante a discussão sobre a expansão, Lula se fez presente apoiando a entrada de novos países e destacando a vontade de incluir a Argentina no conglomerado. Naquela época, o país vizinho ainda não havia escolhido Javier Milei como novo presidente, que durante a campanha eleitoral se mostrou contrário a parcerias estratégicas com o Brasil e que, decidiu recusar a entrada dos hermanos no bloco econômico.
Bélgica
Após assumir a liderança do Mercosul em julho, Lula foi até Bruxelas para a 3ª reunião da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia. Temas como meio ambiente, fome, crimes transnacionais e cooperação mútua foram abordados. “Proteger a Amazônia é uma obrigação. Vamos eliminar seu desmatamento até 2030. Mas a floresta tropical não pode ser vista apenas como um santuário ecológico”, defendeu o presidente na ocasião.
Lula também se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com quem discutiu o acordo de livre comércio entre os países do bloco europeu e do Mercosul. Na abertura da Celac, Lula já havia deixado um recado paras as sanções apresentadas pelos europeus que levaram ao entrave no acordo.
“Queremos assegurar uma relação comercial justa, sustentável e inclusiva. A conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia é uma prioridade e deve estar baseada na confiança mútua e não em ameaças.”
Lula
Dubai
A participação de Lula na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai, ficou marcada por discursos duros e emocionantes, ao cobrar o papel dos países em cumprir os acordos climáticos.
“Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta? Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2 trilhões em armas. Quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática. Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres famintas?”.
Lula
Em um dos discursos, o presidente se emocionou ao convidar a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, para discursar representando o governo brasileiro, “Precisamos de 28 edições para que pela primeira vez, a floresta viesse falar por si só”, disse o presidente antes de passar a palavra para a ministra. Assista:
Arábia Saudita
Após participar da COP 28, Lula seguiu para a Arábia Saudita para confirmar a entrada do Brasil na Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), fato que gerou críticas por parecer uma iniciativa controversa, especialmente após os discursos duros sobre as mudanças climáticas na COP.
Lula respondeu às críticas afirmando que a participação do Brasil é “necessária” para incentivar nações petrolíferas a investir em energias renováveis. “A Opep + eu acho importante a gente participar, porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para reduzirem os combustíveis fósseis”, afirmou.
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