Confundida com dengue e covid, febre maculosa tem diagnóstico difícil

Índice de mortalidade em São Paulo foi de 75% ano passado, mas número de infecções é baixo e se restringe a áreas endêmicas.

Carrapato-estrela, transmissor da bactéria causadora da Febre Maculosa. Foto: Prefeitura de Jundiaí

A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou, nesta quinta-feira (15), a morte de Erissa Nicole Santana, de 16 anos, por febre maculosa. A adolescente faleceu na última terça-feira (13) e é a quarta vítima fatal da doença desde o início de junho.

Além de Erissa, faleceram também a dentista Mariana Giordano, de 36 anos, Douglas Costa, de 42, e Evelyn Santos, de 28. Outras duas pessoas estão internadas para investigar uma possível infecção.

Todas as vítimas participaram de uma festa na Fazenda Santa Margarida, no dia 27 de maio. Desde a confirmação dos primeiros óbitos, em 8 de junho, a doença tem chamado a atenção na internet.

A febre maculosa

Também conhecida como doença o carrapato, a febre maculosa é uma infecção causada pela bactéria do gênero Rickttsia, transmitida pela picada o carrapato estrela ou de outras espécies, desde que contaminados pela bactéria.

Facilmente confundida com outras doenças que causam febre alta, a febre maculosa costuma provocar dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia; dor abdominal; dor muscular; inchaço e vermelhidão nas mãos e pés; gangrena nos dedos e orelha; e paralisia dos membros inferiores que chega a atingir os pulmões e provocar parada respiratória.

O tratamento deve ser rápido, pois depois de quatro ou cinco dias de infecção, a medicação não surte o efeito esperado. Não há, porém, transmissão de pessoa para pessoa.

Índices

O índice de mortalidade da febre maculosa chega a 75%. Dos 62 casos registrados em São Paulo, 47 resultaram em morte, índice que se explica porque a infecção é confundida com outras doenças e o avanço dos sintomas é rápido.

Em contrapartida, o número de infectados é baixo, tendo em vista que a doença não é contagiosa e se concentra nas regiões Sudeste e Sul. De acordo com o Ministério da Saúde, o País registrou 2.157 casos entre 2012 e 2022, dos quais 753 pacientes não resistiram.

O epicentro da febre maculosa é a região de Campinas, que registrou sete óbitos no ano passado. Americana, na mesma região, teve 11 mortes e entrou em emergência em 2018. Piracicaba, Assis e Sorocaba também são os municípios com maior incidência de casos no Estado.

Precauções

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a infestação ambiental por ninfas de carrapato estrela é alta entre junho e novembro. Assim, a população tem de se conscientizar sobre o risco de se aventurar por matas e cachoeiras no período, conforme a recomendação de Tatiana Lang, Diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo.

“Caso em até 15 dias após este deslocamento, você apresente sintomas deve procurar atendimento médico o mais rápido possível”, continua Tatiana.

Além de evitar matas na região endêmica, a precaução inclui usar roupas claras, a fim de identificar facilmente a presença de um carrapato, usar calças compridas, vedar a calça com um elástico e fazer uma busca pelo carrapato para removê-lo imediatamente do corpo em caso de picada.

Ao G1, o infectologista Plínio Trabasso, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirmou que o carrapato preso ao corpo não deve ser espremido, mas retirado com uma pinça, pois se rompido, o inseto pode liberar a bactéria contagiosa que fica dentro do trato digestivo.

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Camila Bezerra

Jornalista

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